É fundamental que a política cultural construa uma unidade interna, com vários fios condutores explícitos e publicamente reconhecíveis por todos. Pois, consideramos que programações culturais desconexas, acções avulsas ou agendas ocultas não são sustentáveis em políticas públicas.
Não confundimos cultura com a indústria do entretenimento tão em voga. A cultura é uma capacidade individual e colectiva numa dinâmica de desenvolvimento e integrada num projecto colectivo para o nosso território.
Enquanto que o entretenimento tende a ser uma consolação anestesiante e cómoda perante as perplexidades complexas do mundo actual, e cuja perspectiva implica exclusivamente a visão do cidadão como mero consumidor («o idiota feliz»). Uma política pública no séc. XXI não pode conformar-se com esta visão hiper-consumista e hiper-individualista:uma cidade não é igual a um supermercado.
Ao poder político que administra uma cidade e um território exige-se uma posição clara e pró-activa sobre as actuais condições de vida, neste aspecto assumir uma posição neutra é ficar refém dos movimentos e das modas que atravessam os fluxos globais da confusão planetária.
Em nosso entender, é necessário combater o exacerbado individualismo neo-liberal cujos desastrosos resultados estão bem patentes na actual crise e cuja meta foi a de criar hiper-consumidores endividados, e suscitar uma nova dinâmica que promova a criação de capital social, novas conexões sociais capazes que regenerar o ânimo, a confiança e a intersubjectividade criativa entre cidadãos que partilham o mesmo território e alguns os mesmos objectivos e interesses.
O que de fundamental uma política cultural ao nível municipal deve propor é uma Cultura Cívica, a cultura promovida com os cidadãos, sempre no plural. A tónica no pluralismo é uma preocupação central, pois não se pode reduzir a produção cultural de uma sociedade à hegemonia ou ao pensamento único. Aliás, como refere a UNESCO, a diversidade cultural é o maior tesouro da humanidade, pelo que deve ser protegido e valorizado.
A cultura é cada vez mais o centro das políticas locais, pela importância que vem revelando no contexto de um paradigma de desenvolvimento humano integral. Para além da atenção que lhe é dirigida graças à sua intima conexão a factores de índole económica, social e urbana; a sua relevância deve-se essencialmente às relações intrínsecas que mantém com as questões da identidade, da memória, da criatividade, da ciência e do pensamento e conhecimento crítico.
A cultura é cada vez mais o centro das políticas locais, pela importância que vem revelando no contexto de um paradigma de desenvolvimento humano integral. Para além da atenção que lhe é dirigida graças à sua intima conexão a factores de índole económica, social e urbana; a sua relevância deve-se essencialmente às relações intrínsecas que mantém com as questões da identidade, da memória, da criatividade, da ciência e do pensamento e conhecimento crítico.
A dimensão cultural das cidades contemporâneas deve contribuir para a mobilização de todos os actores sociais individuais e colectivos em torno de um projecto de cidade, naturalmente complexo e aberto às problemáticas do Séc. XXI, justamente considerado o século das cidades.
Num mundo globalizado, as cidades são hoje o lugar onde as expectativas das nações melhor se posicionam. É nas cidades que o desenvolvimento económico futuro se posicionará, na conjugação dos seus capitais culturais e criativos, e na geração de conhecimento e inovação.
Neste sentido, a cultura – enquanto dimensão de política pública – não pode continuar a ser entendida como mero sinónimo de entretenimento ou diversão, mas antes como uma capacidade activa de cidadania: como conjunto de ferramentas simbólicas e conceptuais que os membros de uma comunidade necessitam para lidar com a realidade difusa do mundo contemporâneo e para elaborar novas estratégias de vida colectiva.
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