Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.

Manif/Petição: Guiné Equatorial na CPLP Não!


A Guiné Equatorial não respeita os direitos humanos, é uma ditadura, não tem língua oficial portuguesa, e quer entrar na CPLP? Os chefes de estado de Timor-Leste, Cabo Verde e Brasil já se mostraram FAVORÁVEIS à entrada da Guiné Equatorial na CPLP, por interesse no seu petróleo.

TEMOS QUE AGIR! Assina a Petição e vem à Manifestação: Dia 22, quinta-feira, às 17h00 à porta da CPLP, na Rua de São Caetano, 32, na Lapa, por trás da Av. Infante Santo, em Lisboa.

PETIÇÃO:
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N2640

O que é Portugal?

"O que é Portugal?", tertúlia com Paulo Borges, António Cândido Franco e Miguel Real, a partir do livro "Uma Visão Armilar do Mundo" (Verbo, 2010), de Paulo Borges, na FNAC-Chiado, 21 de Julho, 4ª feira, às 18.30.


Apareçam e divulguem

Utopias realizáveis

«Quando a multidão dos governados, sentindo-se abandonada, começa a organizar a sua sobrevivência em pequenas comunidades capazes de se bastarem e de assegurarem sozinhas os seus serviços públicos, então os governos (...) cognominam de "movimentos marginais" estas tentativas. Contudo, os movimentos marginais de hoje apresentam talvez as soluções do futuro.» Friedman, Y. Utopias realizáveis. Lisboa: Sociocultura, 1978, p. 8-9.

Ensaio Geral

É preciso que nos fundemos na paz.
Pouco há de mais vil do que a ideia de guerra, onde a principal consequência é a do sofrimento e da morte. Onde se sacrificam generalizadamente aqueles que nos são mais queridos, todos.

Devemos eleger como motivo maior o amor.
O que nos permite olhar o outro como a nós próprios, sinal da aceitação plena do milagre da vida, compreensão de que enquanto houver alguém que se perca por desvelo é igualmente uma parte de nós que se vai.

A compaixão pelos pobres, a misericórdia pelos enfermos, a solidariedade nas desavenças, a fraternidade nos infortúnios são atitudes maiores que nos libertam das amarras da vida. Enquanto existir alguém que esteja preso nós estaremos presos também.

Ocuparemos parte das nossas reflexões e acções na necessidade de dignificação do trabalho e da vida. Entregar a maior parte do tempo de vida a um trabalho escravo não nos permite a liberdade necessária para aceder a níveis mais amplos de consciência e a uma melhor compreensão da verdade.

Não há dinheiro que nos salve. Não há lucro que nos sirva. Não há conforto que nos liberte. Só a ideia de sermos Um, corpo total, nada e tudo, nos livrará do ciclo infinito de vidas em sofrimento. A emancipação de todos trará a consciência clara do que deverá ou não ser feito.

Substituiremos as ilusões mentais de todas as construções ideológicas (como esta!) pelo primado da escuta e da conversa em prole do bem comum. Meditaremos nos caminhos ideais que nos guiam a uma suprema calma mental, a uma fina harmonia do corpo, a uma capacidade optimizada de compreensão do (des)necessário próximo passo.

Estaremos realmente vivos.

Luís Santos

P.S.: Este texto resultou de uma con-versa com os amigos Raul Costa e João Martinho justamente no Café Ensaio.

Em direcção ao altruísmo: os sentimentos compassivos

As emoções unem e dividem o mundo no qual vivemos desencadeando o melhor e o pior nos nossos comportamentos, seja a uma escala pessoal e privada, seja a uma escala global.
Sem emoções não haveria lugar para o amor, a empatia, a compaixão, o heroísmo, mas também não haveria crueldade, maldade, ódio.
O encontro entre Paul Ekman (psicólogo com obra vasta na área das emoções) e o Dalai Lama traduziu-se numa obra conjunta “Emotional Awareness “ na qual a questão de fundo foi justamente esta: Como resolver o padrão conflitivo das emoções e lançar pistas para um mundo globalmente mais compassivo e equilibrado emocionalmente ?
1ª constatação: o problema do nosso tempo. A educação é orientada para o individualismo, o egoísmo e a competição. Em termos globais, as relações internacionais baseiam-se na rivalidade- a Ásia rivaliza com o Ocidente e procura “ganhar a corrida”. Por outro lado, expande-se a consciência da interconexão e interdependência dos diferentes planos e seres da existência no sentido de uma representação tendencialmente budista do mundo, do planeta. O problema reside na recusa dos políticos em seguir essa consciência.
Por conseguinte, assiste-se hoje, a duas forças antagónicas em conflito: uma historicamente enraizada impregnando o tecido político-económico, a outra emergindo como necessidade e hiper-consciência a partir dos destroços provocados por aquela.
A resolução positiva deste conflito precisa de equacionar com seriedade o grau de sofrimento e destruição globais provocados pelo domínio de emoções negativas e re-orientar a perspectiva do mundo para a riqueza das emoções positivas , como a compaixão e a solidariedade, em termos de benefícios globais.
Do ponto de vista budista tal significa a assunção de uma consciência global, ou seja, uma consciência não confinada a aspectos pontuais e particulares da existência de tal forma que, em termos pessoais, o ser é capaz de encarar o desaire, seja a dor ou a frustração, não confinado a uma instância presente específica onde adquire uma dimensão total e absoluta que é fonte permanente de sofrimento e inquietação. Uma educação dirigida para este tipo de consciência e cujo enfoque valorize as emoções positivas é fundamental para que, em termos globais, haja mudanças estruturais significativas.
Daqui decorre uma segunda constatação: a cultura da compaixão.
Na prática da meditação budista há, num 1º momento, uma reflexão profunda sobre a negatividade de uma consciência limitada e auto-centrada para a compreensão do potencial positivo e fecundo de uma consciência centrada no outro. A partir dessas reflexões, a compaixão torna-se uma cultura na prática budista.
Para uma educação alargada de uma cultura de compaixão é necessário compreender , em 1º lugar, que sem o interesse próprio não há determinação para o desenvolvimento do ser (quer pessoal, quer civilizacional) , mas há que compreender também que o auto-centramento exclusivo é nocivo, pois não passa de egoísmo cego e primitivo. É fundamental também levar as pessoas a entender a compaixão não do ponto de vista de uma bela ideia, de um nobre ideal, mas do ponto de vista de uma apreciação ancorada na realidade, cujo potencial fecundo a torna necessária e urgente.
No entanto, como é possível esta tarefa de reconversão de valores a uma escala global? Será que os americanos, por exemplo, estarão dispostos a abdicar do consumo exorbitante de petróleo, ou os ocidentais, em geral, a abandonar dietas ricas em proteínas animais ou, ainda, os ricos a prescindir das suas vidas de luxo? Enfim, como será possível partilhar os recursos mundiais quando se tem uma civilização assente na inequidade ?
3ª constatação: a sustentabilidade do modus-vivendi actual.
O ponto de partida dessa mudança e que as pessoas precisam compreender é, justamente, a sustentabilidade dos seus próprios modos de vida consumistas e egoístas. Se continuarmos com estes padrões de consumo, quanto tempo durarão ainda?
Se eu pensar nesta questão a sério, então talvez conclua que será melhor diminuir os meus padrões de consumo de forma a possibilitar aos meus filhos e netos uma vida com uma dívida menos pesada. Daí que talvez o sentido da compaixão para com os meus mais próximos possa constituir uma ajuda na salvação do mundo.
Temos de partir deste primeiro nível – a família- sem esperar que o mundo inteiro vá seguir nesta direcção. No entanto, a responsabilidade de pensadores, políticos e franjas mais esclarecidas da sociedade civil é a de fazer o melhor que podem no sentido de criar um amanhã sustentável. E é urgente perceber que esta sustentabilidade exige uma reconversão axiológica e emocional pois ela não poderá ser atingida sem uma cultura de compaixão, sem uma consciência expandida que pensa o outro e se preocupa com ele.

Sociedade de Ética Ambiental

Filosofia para Crianças

«Como pode haver aprendizagem se não houver desafio? Não será uma tal pusilanimidade educacional a grande responsável pela extinção da vontade de fazer perguntas, de que toda a criança é portadora? Por que razão é que a "idade dos porquês" é uma efémera idade na maioria dos cidadãos? Será porque a escola dá suficientes respostas ou porque não estimula ou, mesmo, sufoca a maioria das perguntas?» Noémia Rolla - Filosofia para Crianças (Porto Editora)

http://www.wook.pt/ficha/filosofia-para-criancas/a/id/132894

Sim ou não às barragens do Tua e Sabor?




Neste Sábado, 17 de Julho de 2010, pelas 10 horas, no Museu do Douro realiza-se um debate sobre a questão das barragens do Sabor e do Tua. O objectivo é dialogar com algumas autoridades cientificas na matéria. Naturalmente, haverá intervenções a favor da solução das barragens e do plano nacional de barragens (incluindo um representante da EDP) e intervenções contra as barragens.
Estarão presentes os seguintes intervenientes:

Professor Doutor Rui Cortes (UTAD),
Professsor Alvaro Domingues (FAUP);
Professor Doutor Joanaz de Melo (UNL)
Professor Doutor Sampaio Nunes;
Dr. Francisco Sousa Fialho;
Dr. João Anacoreta Correia.

As ideias alternativas de Manfred Max-Neef, economista e ecologista chileno

O economista chileno Manfred Max-Neef contrapõe crescimento econômico e qualidade de vida

O economista e ecologista chileno Manfred Max-Neef é considerado uma personalidade polêmica por andar na contramão da economia ortodoxa, por acreditar que o modelo atual de globalização é desastroso para o meio ambiente e, principalmente, por considerar que o crescimento econômico, depois de um determinado ponto, pode gerar queda na qualidade de vida das pessoas. Defensor do desenvolvimento local, ele sugere a criação de um sistema fiscal que tribute os gastos de energia e que fortaleça os pequenos negócios.

Max-Neef também ficou conhecido por suas idéias sobre as necessidades humanas, com base no ser, no ter, no estar e no fazer, e em necessidades como: subsistência, afeto, proteção, entendimento, participação, ócio, criação, identificação e liberdade. Para ele, as necessidades das pessoas são sempre as mesmas, independentemente de época e costumes. A diferença está no fator "satisfação". "As necessidades de um monge e de uma pessoa consumista são as mesmas. A diferença é a forma como eles satisfazem suas necessidades", afirma. Esse seu pensamento inspirou a exposição de artes sobre o tema "All We Need", que vai acontecer este ano em Luxemburgo, apontada como capital cultural da União Européia, em 2007.

Max-Neef deu aulas na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e atuou como professor convidado em diversos locais dos Estados Unidos e da América Latina. Dedicou sua carreira aos problemas dos países em desenvolvimento da América Latina e registrou as principais experiências no livro From the Outside Looking In: Experiences in Barefoot Economics, ainda não publicado no Brasil. Por seus trabalhos, recebeu diversos prêmios, entre os quais o Right Livelihood Award, conhecido como "Prêmio Nobel alternativo", em 1983, o Premio Nacional por la Promoción y Defensa de los Derechos Humanos, do Chile, em 1987, e o University Award of Highest Honour, pela Soka University, do Japão, em 1997.

Durante o 15º. Seminário Internacional em Busca da Excelência, da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que ocorreu entre os dias 11 e 13 de abril de 2007, Max-Neef esteve no Brasil. Em entrevista coletiva, falou aos jornalistas sobre suas principais teorias. A seguir, leia os trechos mais importantes.

Instituto Ethos: O senhor acredita que o crescimento econômico, após atingir um determinado ponto, tem efeito negativo para a sociedade?
Manfred Max-Neef: Segundo a Teoria do Umbral, que criei com meus colegas há 15 anos, o crescimento econômico está alinhado à qualidade de vida de uma sociedade somente até certo ponto. Depois disso, a tendência é que ele se torne maligno ao bem-estar das pessoas. Essa teoria foi comprovada em todos os países onde realizamos o estudo, como Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Suécia, Áustria, Dinamarca, Chile e Tailândia. Todos eles tiveram um grande período de crescimento econômico e desenvolvimento até o ano de 1970. Após essa data, o nível de qualidade de vida da população começou a cair. Para obter esse resultado, comparamos a curva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com a de outro índice, o Genuine Progress Indicator (GPI), que mede a qualidade de vida. Por meio de gráficos, percebemos que o crescimento econômico continuou aumentando, enquanto o GPI apresentou queda. Para mim, o PIB é um indicador muito curioso, no qual tudo pode ser somado sem levar em conta o que é bom ou o que é ruim. Por exemplo, os acidentes de carro, o aumento do consumo de serviços médicos e as epidemias são fantásticos para o PIB. No GPI o método é outro. Soma-se tudo aquilo que tem impacto positivo para a sociedade e deixam-se de lado os aspectos negativos, como os custos de poluição e de degradação do solo. O GPI também soma exterioridades que não são consideradas pelo PIB, como o trabalho doméstico e o trabalho voluntário. O PIB é um índice machista, pois para ele a parcela de mulheres no mundo que trabalha em casa (80%) não é considerada. O trabalho de uma pessoa que caminha quilômetros a fim de buscar água para sua família também não é acatado. Ou seja, o PIB não reflete o desenvolvimento da sociedade. Se o PIB de São Paulo for examinado durante 20 anos, vamos perceber que grande parte do investimento é destinado a corrigir problemas gerais decorrentes do crescimento excessivo da cidade. Essa verba poderia ter sido aplicada em outro projeto de maior utilidade para a sociedade. O crescimento após determinado momento se torna antropofágico.

Instituto Ethos: O senhor costuma dizer que as empresas estão amarradas num modelo do século passado. Como seria a empresa ideal para o momento em que estamos?
MM-N: Eu fiquei muito impressionado com uma indústria brasileira que visitei num desses dias, que é a Natura. Tive a percepção de que lá tudo está concentrado nas pessoas. A água consumida é reciclada. O que a empresa produz não afeta a natureza. Ela consegue explorar os recursos do próprio país. Todos os aspectos são coerentes com os princípios sustentáveis e com uma economia humanizada. Para muitas outras empresas, o mais importante é o lucro. A custo de quê? De explorar o trabalhador e destruir a natureza. Para mim, a empresa deste momento é aquela que coloca a economia a serviço das pessoas, e não o contrário.

Agência Sebrae: O senhor comentou sobre uma grande empresa. Mas como os pequenos negócios podem se adequar a esses padrões sustentáveis?
MM-N: Sozinhos não podem fazer grandes mudanças. É preciso uma política de Estado que estimule as boas práticas. A grande empresa pode fazer muitas coisas sem a permissão de ninguém, mas o pequeno precisa ser visto dentro de um contexto global. Uma das condições fundamentais para se ter uma boa economia e uma sociedade sustentável é modificar drasticamente o sistema tributário. Defendo que os impostos devam ser tributados de acordo com a energia que a empresa consome e não com o que ela ganha. Por que querem castigar alguém por trabalhar? Esse castigo deveria ser para quem consome muita energia ou para quem tem muitos automóveis. Se isso fosse feito, todas as empresas iriam descobrir formas de consumir menos energia. Já com o sistema tributário corrente não há nenhum estímulo nesse sentido. As empresas procuram o contador apenas para descobrir o que podem fazer para pagar menos impostos. Se as empresas fossem tributadas a partir do que elas gastam com energia, haveria uma grande mudança no sistema de comércio atual, que eu considero absurdo em termos ambientais. Qual o sentido de o Brasil exportar e importar sabão ao mesmo tempo para um mesmo país? A região em que vivo, no Chile, é uma grande produtora de leite, e mesmo assim você encontra no mercado local manteiga fabricada na Nova Zelândia. É um absurdo a quantidade de CO2 gerado sem necessidade para trazer esse produto de tão longe. Acredito que os processos econômicos devam ser analisados a partir da perspectiva dos gastos energéticos. A globalização acontece porque gera crescimento para o PIB, mas é um agressão à biosfera.

Instituto Ethos: É por isso que o senhor é contra o Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca)?
MM-N: Não é só por isso. Os tratados de livre comércio não são livres. Os grandes sócios acabam tendo direitos com os quais os pequenos não são contemplados. Os Estados Unidos, por exemplo, não enfrentam problemas por subsidiar seus produtos agrícolas, enquanto os governos mexicano e chileno sofreriam retaliações se o fizessem. As conseqüências dessa forma de comércio são devastadoras. O milho no México, por exemplo, não é apenas um produto econômico. Esse grão faz parte da cultura mexicana, de seus mitos e de seus deuses. Mas, hoje, 40% do milho consumido no México é importado dos Estados Unidos, onde foi subsidiado. Muito desse milho é transgênico e já está contaminando as plantações nativas mexicanas, por meio da polinização. Isso é um tratado que se pode chamar de livre comércio?

Instituto Ethos: Para que a sustentabilidade seja vista como um bom negócio, é preciso alterar o modo de pensar da sociedade. Como conseguir essa mudança de paradigma?
MM-N: Isso se faz por meio de um grande contrato social entre empresários, governo e trabalhadores, os quais decidem aquilo que querem para o país. Isso aconteceu na Suécia. O país se preparou durante dez anos para uma mudança no sistema tributário. Embora pague o imposto mais alto do mundo, cada cidadão está garantido por toda a vida. E o salário do presidente de uma empresa é apenas cinco vezes maior do que o do faxineiro. No Chile, essa diferença é de pelo menos 200 vezes. O maior crime que o homem pode cometer na Suécia é ser machista e não pagar impostos. Esse é o grau de consciência deles.

FNQ: O controle populacional é um aspecto importante da sustentabilidade?
MM-N: Há um erro muito grande nesse pensamento, porque para a demografia toda pessoa é igual. E isso não é verdade. Não estou falando em relação a raça ou gênero. Eu me refiro ao peso de cada pessoa para a biosfera. Um bebê que nasce nos EUA equivale a 20 bebês nascidos em Serra Leoa. Os EUA têm um grande peso mesmo em relação a países mais populosos. Os 300 milhões de cidadãos americanos consomem três vezes mais do que a China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, e nove vezes mais do que a Índia, que tem 1 bilhão.

Instituto Ethos: Qual é o papel das universidades nesse contexto, que exige mudanças de comportamento da sociedade?
MM-N: A universidade não está cumprindo o papel que deveria. Ela deixou de ser uma instituição orientadora, que fazia críticas à sociedade, para se converter numa máquina a serviço do mercado. A universidade é cúmplice de um mundo que ela não aprova. Considero um escândalo o modo como a economia vem sendo ensinada dentro das escolas e como ela é aplicada na prática. Estou profundamente decepcionado com o que aconteceu com essa disciplina. Como é possível educar um economista hoje com livros clássicos que não contêm palavras como ecossistema e natureza? Como é possível aceitar que a economia se considere um sistema fechado, sem nenhuma relação com outros sistemas? Um economista não pode ignorar o funcionamento do ecossistema. Se isso ocorre, a responsabilidade é da universidade. Para ensinar aos alunos temas relacionados ao meio ambiente, o professor precisa fazê-lo por fora, como subversivo.

FNQ: O senhor se considera um otimista ou um pessimista?
MM-N: O pessimista acredita que já não há mais nada a fazer, enquanto o otimista não faz nada porque acha que o mundo está ótimo. Eu me considero um pessimista ativo. Creio que as coisas não estão bem e que precisamos nos adaptar a isso da melhor forma possível. É preciso surgir neste século a filosofia da solidariedade. Estamos todos na mesma situação. Se não formos solidários, não estaremos preparados para as condições desse novo planeta. Não ser solidário é estúpido e um mau negócio.

Instituto Ethos: Na opinião do senhor, de que forma as mudanças climáticas afetarão os povos da América Latina?
MM-N: Calcula-se que pelo menos 2 milhões de pessoas terão grave carência de água, porque o aquecimento global vai afetar as neves eternas dos Andes e a grande maioria das cidades localizadas nessa região é abastecida por águas de degelo. Isso vai provocar uma migração sem precedentes. E para onde irão essas pessoas? Quem vai abrir as portas para tanta gente? Enfrentaremos um problema de solidariedade muito forte. Mas a tendência é que se levantem muros. É muito brutal que essa filosofia de cobiça e acumulação continue existindo.

Instituto Ethos: Por que o senhor costuma dizer que acredita mais nos empresários do que nos políticos?
MM-N: Há 30 anos eu fiz parte de um setor que acreditava que os empresários eram os maus da história e nós é que éramos os bons. Somente quando comecei a me abrir para o diálogo com as empresas é que percebi que estava completamente equivocado. Descobri que a grande maioria dos empresários quer dialogar e está sempre aberto a mudanças. Usando argumentos concretos, é possível convencê-los do melhor caminho a seguir. Já com os políticos é diferente. Eles estão sempre pensando no próximo ano e nos números que lhes interessam.

FNQ: E por que, mesmo sabendo disso, o senhor foi candidato à presidência do Chile, em 1993?
MM-N: A primeira coisa que eu disse quando me candidatei à presidência de meu país foi que eu não tinha nenhum interesse em assumir o cargo. Minha candidatura foi uma desculpa para colocar em pauta assuntos que não faziam parte das discussões políticas. Apenas quis ser o candidato dos temas ausentes.

Instituto Ethos: O senhor acredita que os governos na América Latina estejam incluindo a sustentabilidade em suas pautas?
MM-N: Acredito que poucos têm consciência do que está acontecendo. A Costa Rica, por exemplo, é um lugar que já despertou para o problema. O país tem muitas iniciativas que visam a sustentabilidade e melhor uso dos recursos ambientais. Mas ainda é muito pouco. Deveria haver muito mais. O Brasil é um caso extraordinário. Vocês têm uma responsabilidade histórica descomunal, porque são donos da maior biodiversidade do planeta. E o que estão fazendo? A Amazônia continua sendo destruída, porque a obsessão pelo crescimento econômico é muito maior.

Fonte: www.ethos.org.br - Notícias da Semana
Giselle Paulino - Edição: Benjamin S. Gonçalves
17/04/2007

A "política" da meditação

A atividade ‘política’ que é meditar
Se podemos alcançar estado desperto não-dual e não-conceitual na meditação, estamos engajados em uma profunda atividade “política”, mesmo que possamos perder essa consciência nos períodos em que não estamos formalmente meditando (o estado desperto de Buda na pós-meditação é o mesmo durante a meditação).

Meditar em estado desperto não-dual e não-conceitual, que é meditar no dharmadatu, imediatamente começa a destruir de modo sistemático em nós a estrutura da consciência dualista com todos os obscurecimentos cognitivos e emoções aflitivas auxiliares. Do ponto de vista da dualidade, já que essa consciência dualista também envolve outros seres sencientes, que são o outro pólo da nossa dualidade, nossa atividade em dissolver essa consciência tem um impacto profundo neles também.

Enquanto nossa meditação não-dualista e não-conceitual está purificando nossos próprios obscurecimentos e aflições, e assim transformando nossa vivência pessoal dos outros, ela também se torna uma faísca da atividade de Buda para esses outros. Assim que nossa meditação se torna eficaz, a atitude dos outros em relação a nós começa a mudar, e eles mesmos começam a se voltar para dentro para procurar com mais consciência entre as coisas de suas mentes e vidas por soluções espirituais para os problemas.

E assim que o poder de nossa meditação aumenta, esse efeito alcança círculos concêntricos cada vez maiores de seres sencientes com quem temos interdependência cármica, que hoje nesta era incluem não apenas nossos mais próximos amigos, parentes, colegas de trabalho e da comunidade, mas também qualquer ser a quem estejamos conectados através de toda a interface de nossas vidas.

Khenchen Thrangu Rinpoche (Tibete, 1933 ~)
“The Ninth Karmapa’s Ocean of Definitive Meaning”
(Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 24/06/2010)

30 de junho de 2010 | Tags: interdependência, meditação

Aceitam?

Não aceito!
.... e vocês?

http://docs.google.com/present/view?id=ddsf55ft_0pvt4wxg7&interval=10&autoStart=true&loop=true

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Educação Intuitiva

Mais um dado para reflexão acerca da forma como educamos e da forma como deveriam ser educadas nossas crianças, os adultos de amanhã.
E, como venho defendendo, estando a educação completamente infiltrada na saúde (no mínimo) mental dos indivíduos, servirá também para reflexão acerca da forma como entendemos a saúde actualmente: saúde infantil, saúde escolar, saúde familiar, saúde laboral.....

Basicamente, o conceito de educação intuitiva parte do pressuposto de que todos sem excepção, como animais procriadores que somos, sabemos como devemos responder, em cada momento, às solicitações de nossas crias/filhos/crianças. Sabemos ver, escutar, sentir, reagir.... proteger. Porque somos pais, mas também porque já fomos crianças um dia.

Parece simples, mas actualmente a nossa intuição está muitas vezes abafada pelo factor social e, sobretudo, pelo que é socialmente aceite e socialmente determinado.

São 8 os princípios da educação intuitiva, que passo a enunciar:

Preparação para o parto, que inclua a componente afectiva e emocional do estar grávida, parir e ser mãe/pai

Alimentar com amor e respeito, em todas as idades, sem a "ditadura" do relógio; alimentar com comida, mas também com afectos

Responder às necessidades emocionais da criança, quando chora, quando tem medo, quando pede colo.... perceber o que ela sente e ajuda-la a recuperar o equilíbrio interno, para que se sinta segura

Promover contacto físico: abraçar, beijar, tocar.... o colo e o amor nunca são demais e são o melhor remédio que existe para qualquer tipo de dor

Assegurar um sono seguro, física e emocionalmente.... partilhar o sono não é algo perigoso, como geralmente tendemos a pensar, desde que sejam cumpridas algumas regras muito simples

Evitar separações prolongadas: os filhos precisam dos pais, da presença dos pais, do cheiro dos pais

Praticar a disciplina positiva... disciplina de discípulo: aquele que segue o exemplo de quem ensina

Procurar o equilíbrio familiar: nossos filhos só estão bem, quando nós estamos bem; não há volta a dar a isto!

Convido-vos a conhecerem melhor o conceito científico do termo:

http://www.rituaismaternos.com/educacao-intuitiva/
http://apilisboa.blogspot.com/2008/07/os-oito-princpios-da-educao-intuitiva.html

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http://www.ted.com/talks/lang/por_br/robert_thurman_on_compassion.html

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/robert_thurman_on_compassion.html

Generalidades

Nos últimos anos do século passado, fruto do desenvolvimento das sociedades humanas, preparávamo-nos para melhores níveis de qualidade de vida. O desenvolvimento da ciência e da técnica permitiam-nos sonhar com o controle da explosão demográfica, com a eliminação da pobreza, com uma redução substancial do número de horas de trabalho.

Sobretudo nos países mais desenvolvidos, mas um pouco por todo o mundo, fomos assistindo a um extraordinário incremento da protecção social, desenvolveu-se a saúde, aumentou-se a esperança média de vida, tentou-se eliminar, ou pelo menos, reduzir o trabalho infantil. O grande desenvolvimento das novas tecnologias e, de alguma forma, a substituição do homem pela máquina, indiciavam um mundo mais livre, onde o lazer e a criatividade se oporiam a um mundo de grande dependência face ao processo produtivo.

A ruína dos socialismos a leste, a queda do muro de Berlim e uma consequente maior democratização do mundo, foram vistas associadas a essa vitória das liberdades essenciais. O liberalismo assumiu-se, então, como o sistema político de excelência, tudo justificado pela vitória na "Guerra Fria" dos aliados ocidentais.

Mas, afinal, a grande supremacia acalentada pelas democracias ocidentais era mais frágil do que parecia. A crise económica depressa se fez anunciar. O capitalismo financeiro com facilidade se instalou nos centros de poder e o desenvolvimento social a que fomos assistindo na segunda metade do século XX, depressa começou a ser atacado.

Regressou o fantasma do equilíbrio demográfico, agora revelado, no ocidente, pela diminuição das taxas de natalidade e consequente envelhecimento das populações. O sistema de segurança social é posto em causa. O desemprego atinge percentagens que há muito não se via. Torna-se necessário trabalhar mais, produzir mais, competir mais, exportar mais, porque se destruíram as finanças públicas e, mesmo assim não chega, porque as potências emergentes (China, Brasil…) desenvolvem-se a um ritmo que ameaça a hegemonia ocidental e com facilidade nos ganham nas trocas comerciais, mesmo com a Organização Mundial do Comércio a dificultar-lhes a manobra.

E, nisto tudo, onde ficarão os grandes desequilíbrios ecológicos, as alterações climáticas, o esgotamento de recursos do planeta, a devastação florestal, a poluição dos rios e dos mares, a enorme acumulação de lixos vários, os direitos humanos, os direitos dos animais, a necessidade de uma alimentação saudável, de uma calma mental, de uma filosofia justa e, delírio dos delírios, o merecimento de conquistar a Vida para lá da morte?

O mundo está em rápida mudança, o debate está em aberto. Uma maior consciência cívica é necessária. A participação dos cidadãos é fundamental. O espírito democrático precisa substanciar-se. A organização política precisa de se merecer. Precisamos de saber sentar-nos a uma mesma mesa e aprender a conversar em vez de discutir.

É por isso que esta nossa parte do Estudo Geral(VER AQUI) aposta num espírito plural onde todos caibam. E se aprendemos com profetas e ascetas, com Cristo e Buda, que é o amor altruísta, o amor ao próximo, o que mais interessa, como podíamos nós trocar o geral pelo particular.

Luís Santos

Linha do Tua


SINOPSE - Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.
PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra.

Ver trailer

Manif/Petição: Guiné Equatorial na CPLP Não!


A Guiné Equatorial não respeita os direitos humanos, é uma ditadura, não tem língua oficial portuguesa, e quer entrar na CPLP? Os chefes de estado de Timor-Leste, Cabo Verde e Brasil já se mostraram FAVORÁVEIS à entrada da Guiné Equatorial na CPLP, por interesse no seu petróleo.

TEMOS QUE AGIR! Assina a Petição e vem à Manifestação: Dia 22, quinta-feira, às 17h00 à porta da CPLP, na Rua de São Caetano, 32, na Lapa, por trás da Av. Infante Santo, em Lisboa.

PETIÇÃO:
http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N2640

O que é Portugal?

"O que é Portugal?", tertúlia com Paulo Borges, António Cândido Franco e Miguel Real, a partir do livro "Uma Visão Armilar do Mundo" (Verbo, 2010), de Paulo Borges, na FNAC-Chiado, 21 de Julho, 4ª feira, às 18.30.

Apareçam e divulguem

Utopias realizáveis

«Quando a multidão dos governados, sentindo-se abandonada, começa a organizar a sua sobrevivência em pequenas comunidades capazes de se bastarem e de assegurarem sozinhas os seus serviços públicos, então os governos (...) cognominam de "movimentos marginais" estas tentativas. Contudo, os movimentos marginais de hoje apresentam talvez as soluções do futuro.» Friedman, Y. Utopias realizáveis. Lisboa: Sociocultura, 1978, p. 8-9.

Ensaio Geral

É preciso que nos fundemos na paz.
Pouco há de mais vil do que a ideia de guerra, onde a principal consequência é a do sofrimento e da morte. Onde se sacrificam generalizadamente aqueles que nos são mais queridos, todos.

Devemos eleger como motivo maior o amor.
O que nos permite olhar o outro como a nós próprios, sinal da aceitação plena do milagre da vida, compreensão de que enquanto houver alguém que se perca por desvelo é igualmente uma parte de nós que se vai.

A compaixão pelos pobres, a misericórdia pelos enfermos, a solidariedade nas desavenças, a fraternidade nos infortúnios são atitudes maiores que nos libertam das amarras da vida. Enquanto existir alguém que esteja preso nós estaremos presos também.

Ocuparemos parte das nossas reflexões e acções na necessidade de dignificação do trabalho e da vida. Entregar a maior parte do tempo de vida a um trabalho escravo não nos permite a liberdade necessária para aceder a níveis mais amplos de consciência e a uma melhor compreensão da verdade.

Não há dinheiro que nos salve. Não há lucro que nos sirva. Não há conforto que nos liberte. Só a ideia de sermos Um, corpo total, nada e tudo, nos livrará do ciclo infinito de vidas em sofrimento. A emancipação de todos trará a consciência clara do que deverá ou não ser feito.

Substituiremos as ilusões mentais de todas as construções ideológicas (como esta!) pelo primado da escuta e da conversa em prole do bem comum. Meditaremos nos caminhos ideais que nos guiam a uma suprema calma mental, a uma fina harmonia do corpo, a uma capacidade optimizada de compreensão do (des)necessário próximo passo.

Estaremos realmente vivos.

Luís Santos

P.S.: Este texto resultou de uma con-versa com os amigos Raul Costa e João Martinho justamente no Café Ensaio.

Em direcção ao altruísmo: os sentimentos compassivos

As emoções unem e dividem o mundo no qual vivemos desencadeando o melhor e o pior nos nossos comportamentos, seja a uma escala pessoal e privada, seja a uma escala global.
Sem emoções não haveria lugar para o amor, a empatia, a compaixão, o heroísmo, mas também não haveria crueldade, maldade, ódio.
O encontro entre Paul Ekman (psicólogo com obra vasta na área das emoções) e o Dalai Lama traduziu-se numa obra conjunta “Emotional Awareness “ na qual a questão de fundo foi justamente esta: Como resolver o padrão conflitivo das emoções e lançar pistas para um mundo globalmente mais compassivo e equilibrado emocionalmente ?
1ª constatação: o problema do nosso tempo. A educação é orientada para o individualismo, o egoísmo e a competição. Em termos globais, as relações internacionais baseiam-se na rivalidade- a Ásia rivaliza com o Ocidente e procura “ganhar a corrida”. Por outro lado, expande-se a consciência da interconexão e interdependência dos diferentes planos e seres da existência no sentido de uma representação tendencialmente budista do mundo, do planeta. O problema reside na recusa dos políticos em seguir essa consciência.
Por conseguinte, assiste-se hoje, a duas forças antagónicas em conflito: uma historicamente enraizada impregnando o tecido político-económico, a outra emergindo como necessidade e hiper-consciência a partir dos destroços provocados por aquela.
A resolução positiva deste conflito precisa de equacionar com seriedade o grau de sofrimento e destruição globais provocados pelo domínio de emoções negativas e re-orientar a perspectiva do mundo para a riqueza das emoções positivas , como a compaixão e a solidariedade, em termos de benefícios globais.
Do ponto de vista budista tal significa a assunção de uma consciência global, ou seja, uma consciência não confinada a aspectos pontuais e particulares da existência de tal forma que, em termos pessoais, o ser é capaz de encarar o desaire, seja a dor ou a frustração, não confinado a uma instância presente específica onde adquire uma dimensão total e absoluta que é fonte permanente de sofrimento e inquietação. Uma educação dirigida para este tipo de consciência e cujo enfoque valorize as emoções positivas é fundamental para que, em termos globais, haja mudanças estruturais significativas.
Daqui decorre uma segunda constatação: a cultura da compaixão.
Na prática da meditação budista há, num 1º momento, uma reflexão profunda sobre a negatividade de uma consciência limitada e auto-centrada para a compreensão do potencial positivo e fecundo de uma consciência centrada no outro. A partir dessas reflexões, a compaixão torna-se uma cultura na prática budista.
Para uma educação alargada de uma cultura de compaixão é necessário compreender , em 1º lugar, que sem o interesse próprio não há determinação para o desenvolvimento do ser (quer pessoal, quer civilizacional) , mas há que compreender também que o auto-centramento exclusivo é nocivo, pois não passa de egoísmo cego e primitivo. É fundamental também levar as pessoas a entender a compaixão não do ponto de vista de uma bela ideia, de um nobre ideal, mas do ponto de vista de uma apreciação ancorada na realidade, cujo potencial fecundo a torna necessária e urgente.
No entanto, como é possível esta tarefa de reconversão de valores a uma escala global? Será que os americanos, por exemplo, estarão dispostos a abdicar do consumo exorbitante de petróleo, ou os ocidentais, em geral, a abandonar dietas ricas em proteínas animais ou, ainda, os ricos a prescindir das suas vidas de luxo? Enfim, como será possível partilhar os recursos mundiais quando se tem uma civilização assente na inequidade ?
3ª constatação: a sustentabilidade do modus-vivendi actual.
O ponto de partida dessa mudança e que as pessoas precisam compreender é, justamente, a sustentabilidade dos seus próprios modos de vida consumistas e egoístas. Se continuarmos com estes padrões de consumo, quanto tempo durarão ainda?
Se eu pensar nesta questão a sério, então talvez conclua que será melhor diminuir os meus padrões de consumo de forma a possibilitar aos meus filhos e netos uma vida com uma dívida menos pesada. Daí que talvez o sentido da compaixão para com os meus mais próximos possa constituir uma ajuda na salvação do mundo.
Temos de partir deste primeiro nível – a família- sem esperar que o mundo inteiro vá seguir nesta direcção. No entanto, a responsabilidade de pensadores, políticos e franjas mais esclarecidas da sociedade civil é a de fazer o melhor que podem no sentido de criar um amanhã sustentável. E é urgente perceber que esta sustentabilidade exige uma reconversão axiológica e emocional pois ela não poderá ser atingida sem uma cultura de compaixão, sem uma consciência expandida que pensa o outro e se preocupa com ele.

Sociedade de Ética Ambiental

Filosofia para Crianças

«Como pode haver aprendizagem se não houver desafio? Não será uma tal pusilanimidade educacional a grande responsável pela extinção da vontade de fazer perguntas, de que toda a criança é portadora? Por que razão é que a "idade dos porquês" é uma efémera idade na maioria dos cidadãos? Será porque a escola dá suficientes respostas ou porque não estimula ou, mesmo, sufoca a maioria das perguntas?» Noémia Rolla - Filosofia para Crianças (Porto Editora)

http://www.wook.pt/ficha/filosofia-para-criancas/a/id/132894

Sim ou não às barragens do Tua e Sabor?




Neste Sábado, 17 de Julho de 2010, pelas 10 horas, no Museu do Douro realiza-se um debate sobre a questão das barragens do Sabor e do Tua. O objectivo é dialogar com algumas autoridades cientificas na matéria. Naturalmente, haverá intervenções a favor da solução das barragens e do plano nacional de barragens (incluindo um representante da EDP) e intervenções contra as barragens.
Estarão presentes os seguintes intervenientes:

Professor Doutor Rui Cortes (UTAD),
Professsor Alvaro Domingues (FAUP);
Professor Doutor Joanaz de Melo (UNL)
Professor Doutor Sampaio Nunes;
Dr. Francisco Sousa Fialho;
Dr. João Anacoreta Correia.

As ideias alternativas de Manfred Max-Neef, economista e ecologista chileno

O economista chileno Manfred Max-Neef contrapõe crescimento econômico e qualidade de vida

O economista e ecologista chileno Manfred Max-Neef é considerado uma personalidade polêmica por andar na contramão da economia ortodoxa, por acreditar que o modelo atual de globalização é desastroso para o meio ambiente e, principalmente, por considerar que o crescimento econômico, depois de um determinado ponto, pode gerar queda na qualidade de vida das pessoas. Defensor do desenvolvimento local, ele sugere a criação de um sistema fiscal que tribute os gastos de energia e que fortaleça os pequenos negócios.

Max-Neef também ficou conhecido por suas idéias sobre as necessidades humanas, com base no ser, no ter, no estar e no fazer, e em necessidades como: subsistência, afeto, proteção, entendimento, participação, ócio, criação, identificação e liberdade. Para ele, as necessidades das pessoas são sempre as mesmas, independentemente de época e costumes. A diferença está no fator "satisfação". "As necessidades de um monge e de uma pessoa consumista são as mesmas. A diferença é a forma como eles satisfazem suas necessidades", afirma. Esse seu pensamento inspirou a exposição de artes sobre o tema "All We Need", que vai acontecer este ano em Luxemburgo, apontada como capital cultural da União Européia, em 2007.

Max-Neef deu aulas na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e atuou como professor convidado em diversos locais dos Estados Unidos e da América Latina. Dedicou sua carreira aos problemas dos países em desenvolvimento da América Latina e registrou as principais experiências no livro From the Outside Looking In: Experiences in Barefoot Economics, ainda não publicado no Brasil. Por seus trabalhos, recebeu diversos prêmios, entre os quais o Right Livelihood Award, conhecido como "Prêmio Nobel alternativo", em 1983, o Premio Nacional por la Promoción y Defensa de los Derechos Humanos, do Chile, em 1987, e o University Award of Highest Honour, pela Soka University, do Japão, em 1997.

Durante o 15º. Seminário Internacional em Busca da Excelência, da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que ocorreu entre os dias 11 e 13 de abril de 2007, Max-Neef esteve no Brasil. Em entrevista coletiva, falou aos jornalistas sobre suas principais teorias. A seguir, leia os trechos mais importantes.

Instituto Ethos: O senhor acredita que o crescimento econômico, após atingir um determinado ponto, tem efeito negativo para a sociedade?
Manfred Max-Neef: Segundo a Teoria do Umbral, que criei com meus colegas há 15 anos, o crescimento econômico está alinhado à qualidade de vida de uma sociedade somente até certo ponto. Depois disso, a tendência é que ele se torne maligno ao bem-estar das pessoas. Essa teoria foi comprovada em todos os países onde realizamos o estudo, como Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Suécia, Áustria, Dinamarca, Chile e Tailândia. Todos eles tiveram um grande período de crescimento econômico e desenvolvimento até o ano de 1970. Após essa data, o nível de qualidade de vida da população começou a cair. Para obter esse resultado, comparamos a curva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com a de outro índice, o Genuine Progress Indicator (GPI), que mede a qualidade de vida. Por meio de gráficos, percebemos que o crescimento econômico continuou aumentando, enquanto o GPI apresentou queda. Para mim, o PIB é um indicador muito curioso, no qual tudo pode ser somado sem levar em conta o que é bom ou o que é ruim. Por exemplo, os acidentes de carro, o aumento do consumo de serviços médicos e as epidemias são fantásticos para o PIB. No GPI o método é outro. Soma-se tudo aquilo que tem impacto positivo para a sociedade e deixam-se de lado os aspectos negativos, como os custos de poluição e de degradação do solo. O GPI também soma exterioridades que não são consideradas pelo PIB, como o trabalho doméstico e o trabalho voluntário. O PIB é um índice machista, pois para ele a parcela de mulheres no mundo que trabalha em casa (80%) não é considerada. O trabalho de uma pessoa que caminha quilômetros a fim de buscar água para sua família também não é acatado. Ou seja, o PIB não reflete o desenvolvimento da sociedade. Se o PIB de São Paulo for examinado durante 20 anos, vamos perceber que grande parte do investimento é destinado a corrigir problemas gerais decorrentes do crescimento excessivo da cidade. Essa verba poderia ter sido aplicada em outro projeto de maior utilidade para a sociedade. O crescimento após determinado momento se torna antropofágico.

Instituto Ethos: O senhor costuma dizer que as empresas estão amarradas num modelo do século passado. Como seria a empresa ideal para o momento em que estamos?
MM-N: Eu fiquei muito impressionado com uma indústria brasileira que visitei num desses dias, que é a Natura. Tive a percepção de que lá tudo está concentrado nas pessoas. A água consumida é reciclada. O que a empresa produz não afeta a natureza. Ela consegue explorar os recursos do próprio país. Todos os aspectos são coerentes com os princípios sustentáveis e com uma economia humanizada. Para muitas outras empresas, o mais importante é o lucro. A custo de quê? De explorar o trabalhador e destruir a natureza. Para mim, a empresa deste momento é aquela que coloca a economia a serviço das pessoas, e não o contrário.

Agência Sebrae: O senhor comentou sobre uma grande empresa. Mas como os pequenos negócios podem se adequar a esses padrões sustentáveis?
MM-N: Sozinhos não podem fazer grandes mudanças. É preciso uma política de Estado que estimule as boas práticas. A grande empresa pode fazer muitas coisas sem a permissão de ninguém, mas o pequeno precisa ser visto dentro de um contexto global. Uma das condições fundamentais para se ter uma boa economia e uma sociedade sustentável é modificar drasticamente o sistema tributário. Defendo que os impostos devam ser tributados de acordo com a energia que a empresa consome e não com o que ela ganha. Por que querem castigar alguém por trabalhar? Esse castigo deveria ser para quem consome muita energia ou para quem tem muitos automóveis. Se isso fosse feito, todas as empresas iriam descobrir formas de consumir menos energia. Já com o sistema tributário corrente não há nenhum estímulo nesse sentido. As empresas procuram o contador apenas para descobrir o que podem fazer para pagar menos impostos. Se as empresas fossem tributadas a partir do que elas gastam com energia, haveria uma grande mudança no sistema de comércio atual, que eu considero absurdo em termos ambientais. Qual o sentido de o Brasil exportar e importar sabão ao mesmo tempo para um mesmo país? A região em que vivo, no Chile, é uma grande produtora de leite, e mesmo assim você encontra no mercado local manteiga fabricada na Nova Zelândia. É um absurdo a quantidade de CO2 gerado sem necessidade para trazer esse produto de tão longe. Acredito que os processos econômicos devam ser analisados a partir da perspectiva dos gastos energéticos. A globalização acontece porque gera crescimento para o PIB, mas é um agressão à biosfera.

Instituto Ethos: É por isso que o senhor é contra o Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca)?
MM-N: Não é só por isso. Os tratados de livre comércio não são livres. Os grandes sócios acabam tendo direitos com os quais os pequenos não são contemplados. Os Estados Unidos, por exemplo, não enfrentam problemas por subsidiar seus produtos agrícolas, enquanto os governos mexicano e chileno sofreriam retaliações se o fizessem. As conseqüências dessa forma de comércio são devastadoras. O milho no México, por exemplo, não é apenas um produto econômico. Esse grão faz parte da cultura mexicana, de seus mitos e de seus deuses. Mas, hoje, 40% do milho consumido no México é importado dos Estados Unidos, onde foi subsidiado. Muito desse milho é transgênico e já está contaminando as plantações nativas mexicanas, por meio da polinização. Isso é um tratado que se pode chamar de livre comércio?

Instituto Ethos: Para que a sustentabilidade seja vista como um bom negócio, é preciso alterar o modo de pensar da sociedade. Como conseguir essa mudança de paradigma?
MM-N: Isso se faz por meio de um grande contrato social entre empresários, governo e trabalhadores, os quais decidem aquilo que querem para o país. Isso aconteceu na Suécia. O país se preparou durante dez anos para uma mudança no sistema tributário. Embora pague o imposto mais alto do mundo, cada cidadão está garantido por toda a vida. E o salário do presidente de uma empresa é apenas cinco vezes maior do que o do faxineiro. No Chile, essa diferença é de pelo menos 200 vezes. O maior crime que o homem pode cometer na Suécia é ser machista e não pagar impostos. Esse é o grau de consciência deles.

FNQ: O controle populacional é um aspecto importante da sustentabilidade?
MM-N: Há um erro muito grande nesse pensamento, porque para a demografia toda pessoa é igual. E isso não é verdade. Não estou falando em relação a raça ou gênero. Eu me refiro ao peso de cada pessoa para a biosfera. Um bebê que nasce nos EUA equivale a 20 bebês nascidos em Serra Leoa. Os EUA têm um grande peso mesmo em relação a países mais populosos. Os 300 milhões de cidadãos americanos consomem três vezes mais do que a China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, e nove vezes mais do que a Índia, que tem 1 bilhão.

Instituto Ethos: Qual é o papel das universidades nesse contexto, que exige mudanças de comportamento da sociedade?
MM-N: A universidade não está cumprindo o papel que deveria. Ela deixou de ser uma instituição orientadora, que fazia críticas à sociedade, para se converter numa máquina a serviço do mercado. A universidade é cúmplice de um mundo que ela não aprova. Considero um escândalo o modo como a economia vem sendo ensinada dentro das escolas e como ela é aplicada na prática. Estou profundamente decepcionado com o que aconteceu com essa disciplina. Como é possível educar um economista hoje com livros clássicos que não contêm palavras como ecossistema e natureza? Como é possível aceitar que a economia se considere um sistema fechado, sem nenhuma relação com outros sistemas? Um economista não pode ignorar o funcionamento do ecossistema. Se isso ocorre, a responsabilidade é da universidade. Para ensinar aos alunos temas relacionados ao meio ambiente, o professor precisa fazê-lo por fora, como subversivo.

FNQ: O senhor se considera um otimista ou um pessimista?
MM-N: O pessimista acredita que já não há mais nada a fazer, enquanto o otimista não faz nada porque acha que o mundo está ótimo. Eu me considero um pessimista ativo. Creio que as coisas não estão bem e que precisamos nos adaptar a isso da melhor forma possível. É preciso surgir neste século a filosofia da solidariedade. Estamos todos na mesma situação. Se não formos solidários, não estaremos preparados para as condições desse novo planeta. Não ser solidário é estúpido e um mau negócio.

Instituto Ethos: Na opinião do senhor, de que forma as mudanças climáticas afetarão os povos da América Latina?
MM-N: Calcula-se que pelo menos 2 milhões de pessoas terão grave carência de água, porque o aquecimento global vai afetar as neves eternas dos Andes e a grande maioria das cidades localizadas nessa região é abastecida por águas de degelo. Isso vai provocar uma migração sem precedentes. E para onde irão essas pessoas? Quem vai abrir as portas para tanta gente? Enfrentaremos um problema de solidariedade muito forte. Mas a tendência é que se levantem muros. É muito brutal que essa filosofia de cobiça e acumulação continue existindo.

Instituto Ethos: Por que o senhor costuma dizer que acredita mais nos empresários do que nos políticos?
MM-N: Há 30 anos eu fiz parte de um setor que acreditava que os empresários eram os maus da história e nós é que éramos os bons. Somente quando comecei a me abrir para o diálogo com as empresas é que percebi que estava completamente equivocado. Descobri que a grande maioria dos empresários quer dialogar e está sempre aberto a mudanças. Usando argumentos concretos, é possível convencê-los do melhor caminho a seguir. Já com os políticos é diferente. Eles estão sempre pensando no próximo ano e nos números que lhes interessam.

FNQ: E por que, mesmo sabendo disso, o senhor foi candidato à presidência do Chile, em 1993?
MM-N: A primeira coisa que eu disse quando me candidatei à presidência de meu país foi que eu não tinha nenhum interesse em assumir o cargo. Minha candidatura foi uma desculpa para colocar em pauta assuntos que não faziam parte das discussões políticas. Apenas quis ser o candidato dos temas ausentes.

Instituto Ethos: O senhor acredita que os governos na América Latina estejam incluindo a sustentabilidade em suas pautas?
MM-N: Acredito que poucos têm consciência do que está acontecendo. A Costa Rica, por exemplo, é um lugar que já despertou para o problema. O país tem muitas iniciativas que visam a sustentabilidade e melhor uso dos recursos ambientais. Mas ainda é muito pouco. Deveria haver muito mais. O Brasil é um caso extraordinário. Vocês têm uma responsabilidade histórica descomunal, porque são donos da maior biodiversidade do planeta. E o que estão fazendo? A Amazônia continua sendo destruída, porque a obsessão pelo crescimento econômico é muito maior.

Fonte: www.ethos.org.br - Notícias da Semana
Giselle Paulino - Edição: Benjamin S. Gonçalves
17/04/2007

A "política" da meditação

A atividade ‘política’ que é meditar
Se podemos alcançar estado desperto não-dual e não-conceitual na meditação, estamos engajados em uma profunda atividade “política”, mesmo que possamos perder essa consciência nos períodos em que não estamos formalmente meditando (o estado desperto de Buda na pós-meditação é o mesmo durante a meditação).

Meditar em estado desperto não-dual e não-conceitual, que é meditar no dharmadatu, imediatamente começa a destruir de modo sistemático em nós a estrutura da consciência dualista com todos os obscurecimentos cognitivos e emoções aflitivas auxiliares. Do ponto de vista da dualidade, já que essa consciência dualista também envolve outros seres sencientes, que são o outro pólo da nossa dualidade, nossa atividade em dissolver essa consciência tem um impacto profundo neles também.

Enquanto nossa meditação não-dualista e não-conceitual está purificando nossos próprios obscurecimentos e aflições, e assim transformando nossa vivência pessoal dos outros, ela também se torna uma faísca da atividade de Buda para esses outros. Assim que nossa meditação se torna eficaz, a atitude dos outros em relação a nós começa a mudar, e eles mesmos começam a se voltar para dentro para procurar com mais consciência entre as coisas de suas mentes e vidas por soluções espirituais para os problemas.

E assim que o poder de nossa meditação aumenta, esse efeito alcança círculos concêntricos cada vez maiores de seres sencientes com quem temos interdependência cármica, que hoje nesta era incluem não apenas nossos mais próximos amigos, parentes, colegas de trabalho e da comunidade, mas também qualquer ser a quem estejamos conectados através de toda a interface de nossas vidas.

Khenchen Thrangu Rinpoche (Tibete, 1933 ~)
“The Ninth Karmapa’s Ocean of Definitive Meaning”
(Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 24/06/2010)

30 de junho de 2010 | Tags: interdependência, meditação

Aceitam?

Não aceito!
.... e vocês?

http://docs.google.com/present/view?id=ddsf55ft_0pvt4wxg7&interval=10&autoStart=true&loop=true

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Educação Intuitiva

Mais um dado para reflexão acerca da forma como educamos e da forma como deveriam ser educadas nossas crianças, os adultos de amanhã.
E, como venho defendendo, estando a educação completamente infiltrada na saúde (no mínimo) mental dos indivíduos, servirá também para reflexão acerca da forma como entendemos a saúde actualmente: saúde infantil, saúde escolar, saúde familiar, saúde laboral.....

Basicamente, o conceito de educação intuitiva parte do pressuposto de que todos sem excepção, como animais procriadores que somos, sabemos como devemos responder, em cada momento, às solicitações de nossas crias/filhos/crianças. Sabemos ver, escutar, sentir, reagir.... proteger. Porque somos pais, mas também porque já fomos crianças um dia.

Parece simples, mas actualmente a nossa intuição está muitas vezes abafada pelo factor social e, sobretudo, pelo que é socialmente aceite e socialmente determinado.

São 8 os princípios da educação intuitiva, que passo a enunciar:

Preparação para o parto, que inclua a componente afectiva e emocional do estar grávida, parir e ser mãe/pai

Alimentar com amor e respeito, em todas as idades, sem a "ditadura" do relógio; alimentar com comida, mas também com afectos

Responder às necessidades emocionais da criança, quando chora, quando tem medo, quando pede colo.... perceber o que ela sente e ajuda-la a recuperar o equilíbrio interno, para que se sinta segura

Promover contacto físico: abraçar, beijar, tocar.... o colo e o amor nunca são demais e são o melhor remédio que existe para qualquer tipo de dor

Assegurar um sono seguro, física e emocionalmente.... partilhar o sono não é algo perigoso, como geralmente tendemos a pensar, desde que sejam cumpridas algumas regras muito simples

Evitar separações prolongadas: os filhos precisam dos pais, da presença dos pais, do cheiro dos pais

Praticar a disciplina positiva... disciplina de discípulo: aquele que segue o exemplo de quem ensina

Procurar o equilíbrio familiar: nossos filhos só estão bem, quando nós estamos bem; não há volta a dar a isto!

Convido-vos a conhecerem melhor o conceito científico do termo:

http://www.rituaismaternos.com/educacao-intuitiva/
http://apilisboa.blogspot.com/2008/07/os-oito-princpios-da-educao-intuitiva.html

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http://www.ted.com/talks/lang/por_br/robert_thurman_on_compassion.html

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/robert_thurman_on_compassion.html

Generalidades

Nos últimos anos do século passado, fruto do desenvolvimento das sociedades humanas, preparávamo-nos para melhores níveis de qualidade de vida. O desenvolvimento da ciência e da técnica permitiam-nos sonhar com o controle da explosão demográfica, com a eliminação da pobreza, com uma redução substancial do número de horas de trabalho.

Sobretudo nos países mais desenvolvidos, mas um pouco por todo o mundo, fomos assistindo a um extraordinário incremento da protecção social, desenvolveu-se a saúde, aumentou-se a esperança média de vida, tentou-se eliminar, ou pelo menos, reduzir o trabalho infantil. O grande desenvolvimento das novas tecnologias e, de alguma forma, a substituição do homem pela máquina, indiciavam um mundo mais livre, onde o lazer e a criatividade se oporiam a um mundo de grande dependência face ao processo produtivo.

A ruína dos socialismos a leste, a queda do muro de Berlim e uma consequente maior democratização do mundo, foram vistas associadas a essa vitória das liberdades essenciais. O liberalismo assumiu-se, então, como o sistema político de excelência, tudo justificado pela vitória na "Guerra Fria" dos aliados ocidentais.

Mas, afinal, a grande supremacia acalentada pelas democracias ocidentais era mais frágil do que parecia. A crise económica depressa se fez anunciar. O capitalismo financeiro com facilidade se instalou nos centros de poder e o desenvolvimento social a que fomos assistindo na segunda metade do século XX, depressa começou a ser atacado.

Regressou o fantasma do equilíbrio demográfico, agora revelado, no ocidente, pela diminuição das taxas de natalidade e consequente envelhecimento das populações. O sistema de segurança social é posto em causa. O desemprego atinge percentagens que há muito não se via. Torna-se necessário trabalhar mais, produzir mais, competir mais, exportar mais, porque se destruíram as finanças públicas e, mesmo assim não chega, porque as potências emergentes (China, Brasil…) desenvolvem-se a um ritmo que ameaça a hegemonia ocidental e com facilidade nos ganham nas trocas comerciais, mesmo com a Organização Mundial do Comércio a dificultar-lhes a manobra.

E, nisto tudo, onde ficarão os grandes desequilíbrios ecológicos, as alterações climáticas, o esgotamento de recursos do planeta, a devastação florestal, a poluição dos rios e dos mares, a enorme acumulação de lixos vários, os direitos humanos, os direitos dos animais, a necessidade de uma alimentação saudável, de uma calma mental, de uma filosofia justa e, delírio dos delírios, o merecimento de conquistar a Vida para lá da morte?

O mundo está em rápida mudança, o debate está em aberto. Uma maior consciência cívica é necessária. A participação dos cidadãos é fundamental. O espírito democrático precisa substanciar-se. A organização política precisa de se merecer. Precisamos de saber sentar-nos a uma mesma mesa e aprender a conversar em vez de discutir.

É por isso que esta nossa parte do Estudo Geral(VER AQUI) aposta num espírito plural onde todos caibam. E se aprendemos com profetas e ascetas, com Cristo e Buda, que é o amor altruísta, o amor ao próximo, o que mais interessa, como podíamos nós trocar o geral pelo particular.

Luís Santos

Linha do Tua


SINOPSE - Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.
PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra.

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