Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.
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... no bom caminho por um parto mais saudável e respeitado!

A indução do trabalho de parto e o uso de fórceps ou de ventosas podem vir a ser procedimentos excluídos do conceito de parto normal, segundo um documento em análise na Direcção-Geral da Saúde (DGS).
"Pelo direito ao parto normal" é um projeto de promoção do parto natural "sem qualquer intervenção, mas assistido por profissional de saúde", proposto por um vasto grupo de especialistas em saúde reprodutiva.
A indução do trabalho de parto (com recurso a medicamento ou ruturas de membranas), o uso de fórceps, ventosas ou anestesia geral ficam, segundo esta proposta, excluídos da classificação de parto normal, bem como o nascimento por cesariana.

Noticia retirada na íntegra de http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/10952818.html

Consequências emocionais das práticas modernas de dar à luz

"(...) Segundo os conhecimentos actuais é a criança que dá os primeiros sinais hormonais que desencadeiam o
parto. Isto quer dizer que internamente a criança tem um plano temporal, ela não só participa na decisão de
quando vai nascer, podemos mesmo dizer que o nascimento é um acto decidido pelo feto. Ao esperar por
este momento a mãe e os profissionais que assistem ao parto e ao nascimento mostram um sinal de respeito
pela criança. Tomando esta atitude dá-se o devido tempo à criança e a mãe até que estejam preparadas para o
momento de dar à luz.
O que significa intervir de fora nesse plano temporal interno propositadamente? Interrompe-se um dos mais
importantes episódios do processo natural de desenvolvimento. O organismo não vai ter tempo de atingir a
maturação. É-lhe retirada a possibilidade de decidir. Nas cesarianas marcadas e realizadas antes do início do
trabalho de parto faltam um conjunto de hormonas à mãe, a hormona do parto, falta a protecção e as
estimulações necessárias ao acto de parir e ao acto de nascer. As crianças são abruptamente, em poucos
minutos, arrancadas ao seu meio ambiente conhecido. Muitos recém-nascidos parecem surpreendidos,
desprevenidos e desorientados. Subitamente a penumbra, o calor, o suporte e todo o apoio que o útero
oferece ao seu corpo desapareceram. Depois de um nascimento assim pode frequentemente reconhecer-se o
susto bem presente nos olhos do bebé.
Uma cesariana, quer seja de urgência ou marcada antecipadamente conduz sempre a uma interrupção
passageira do processo social de dar à luz: o vínculo, a comunicação emocional e corporal entre mãe e filho
sofrem um corte, que vai necessariamente deixar marcas. Cada um dos dois vive a situação individualmente,
a anestesia interpõe-se entre eles. Nos primeiros minutos depois do nascimento o filho poderá não estar junto
da mãe, e nos dias seguintes muitas mulheres têm tais dores que mal conseguem pegar no bebé ao colo. As
mulheres que desejaram um parto vaginal mas que necessitaram de uma cesariana por razões médicas podem
ainda sentir-se incompetentes por não terem sido capazes de um parto normal.
Visto do lado da criança as contracções são sentidas pelo seu corpo como um intenso acontecimento táctil e
corporal, que exprime o próprio processo de transição. Quando a estimulação prevista na natureza - a
contracção do útero e a expansão, no intervalo entre contracções - não é, ou quase não é vivida devido às
anestesias, podemos estar perante uma das causas do frequente sentimento de falta de consciência corporal
no adulto. (...)"

Ler mais: http://www.asaseraizes.pt/docs/daraluz.pdf

Paula Diederichs, adaptado por Claudia Pinheiro. Publicação original: Hebammeninfo 5/06: Die Sektio im Brennpunkt: Ist es egal, wann und wie wir geboren werden? Die emotionalen Auswirkungen der modernen Geburtspraktiken. (A Cesariana em debate: Tanto faz, onde e como nascemos? Sobre as consequências emocionais das práticas modernas de nascer) de Paula Diederichs, em www.asaseraizes.pt/textos

Alimentação e Parto

Actualmente, a restrição alimentar (e de ingestão de líquidos) imposta pelos procedimentos hospitalares às parturientes, não tem qualquer fundamento científico. Pelo contrário, pode ser contraproducente, sobretudo em partos longos, quando a mulher sinta necessidade de comer e beber, já que promove o aumento da duração do próprio parto em si, assim como da dor da contracção uterina.

Estes e outros dados relacionados estão descritos num estudo realizado com 3130 mulheres em trabalho de parto, publicado na biblioteca cochrane.

http://www.cochrane.org/reviews/en/ab003930.html

Conclusão do estudo: as parturientes podem e devem comer e beber sempre que sintam vontade de o fazer!

Porquê Escolher uma Parteira

É dado científico: parir em casa ou em casa de parto, nos casos de gravidezes de baixo risco, acompanhada de enfermeiro-parteiro certificado, é mais seguro que parir num hospital! Esta verdade difícil de engolir numa civilização tão habituada em confiar e entregar-se a cuidados médicos e hospitalares, está devidamente fundamentada no seguinte vídeo, que desde já vos convido a assistir.

http://www.youtube.com/watch?v=bJSbg2wYsSw&feature=player_embedded

Propostas de Doula para Um Novo Portugal

No seguimento da frutífera reunião realizada no dia 10 de Janeiro de 2010 e sabendo de antemão que, tudo aquilo que as pessoas que trabalham para a Humanização do Nascimento e para a Promoção da Amamentação em Portugal, terá de ser resumido e compactado no conjunto das propostas a serem apresentadas pelo sub-grupo da saúde, apresento uma série de medidas que considero (em representação das Doulas de Portugal) importantes serem implementadas no nosso país, no sentido de se obterem práticas de nascimento, crescimento e maternidade mais saudáveis, tanto do ponto de vista individual (mães e bebés), como do ponto de vista social, ecológico e económico... para já não falar na possibilidade de aumentar o FIB (Felicidade Interna Bruta)!!!

17 Medidas para Melhorar o Nascimento e a Amamentação em Portugal:


1. Incentivar os hospitais a tornarem-se "Hospitais amigos dos bebés", dando um prazo para que se tornem, a partir do qual os que não conquistarem o titulo passarão a pagar multa; serão beneficiados todos os hospitais titulados, sendo os mesmos alvo de apertada fiscalização por
forma a garantir-se que as características exigidas continuam a fazer parte daqueles hospitais;

2. Criação de casas de parto em quantidade relevante, de forma a dar resposta à assistência ao parto de mulheres que optam por partos menos medicalizados e mais fisiológicos;

3. Dignificar e apoiar o enfermeiro-obstetra que opta por acompanhar gravidezes e partos domiciliares, permitindo que este opte por exercer esta função em regime exclusivo ou paralelo a uma prática hospitalar;

4. Profissionalizar a actividade Doula, enquanto técnico especializado na preparação e acompanhamento emocional da mulher grávida / casal durante a gravidez, parto e pós-parto;

5. Inserir a doula como profissional hospitalar, que acompanharia as mulheres que não trouxessem doulas externas;

6. Permitir que todas as mulheres grávidas em todos os hospitais, maternidades e casas de parto, querendo, possam ser acompanhadas no seu parto, por uma pessoa da sua escolha e por uma doula externa ao local do parto;

7. Criação de uma bolsa de doulas, que realizem o seu serviço vinculadas a entidades que possam oferecer este serviço às mulheres que não possam pagar por ele em regime particular;

8. Haver diversificação de profissionais e clareza nos conteúdos dos cursos de preparação para parto, cabendo à grávida a escolha do tipo de preparação que mais se adequa aos seus interesses/ necessidades (médica, psicológica, emocional, física, espiritual, etc.);

9. Tornar o plano de parto um documento oficial e integrante do boletim de grávida da mulher, para que, desde que ele exista (opção da mulher) tenha de ser obrigatoriamente lido, discutido e respeitado por quem realiza o parto da mulher, sem prejuízo da saúde da mesma e do bebé em caso de real emergência médica, incorrendo em responsabilidade penal para quem não o faça;

10. Divulgação das várias opções de parto existentes (parto hospitalar, parto em casa de parto, parto domiciliar) como possibilidades reais e socialmente reconhecidas, dadas à mulher para escolha informada e consciente e com o devido acompanhamento;

11. Reconhecimento, por parte de todos os profissionais de saúde, do bebé recém-nascido como pessoa de direito, garantindo que toda a intervenção médica e instrumental seja apenas a absolutamente imprescindível para a manutenção de um bom estado de saúde e evitando experiências traumáticas para o ser acabado de nascer, sem prejuízo das medidas necessárias para a manutenção da vida, em caso de real emergência médica;

12. Garantir a sensibilização e formação contínua de todos os técnicos de saúde que contactam com grávidas e mães que amamentam (maternidades, centros de saúde, hospitais, casas de parto, etc.) nos aspectos relacionados com a humanização do nascimento e da amamentação;

13. Manter actualizada a legislação relacionada com os aspectos incluídos no código internacional de marketing para o comércio de substitutos de leite materno, fiscalizando o cumprimento da mesma lei de forma eficiente;

14. Fomentar a realização de programas públicos com conteúdos fidedignos (baseados em evidência científica) relacionados com a amamentação e o parto;

15. Fomentar a divulgação de imagens e mensagens relacionadas com o parto fisiológico e a amamentação, bem como alertar para os perigos do inverso;

16. Beneficiar fiscalmente todos os locais públicos que promovam a amamentação;

17. Multiplicar o número de grupos de amamentação, publicitando-os de forma acessível e visível, grupos estes dinamizados por pessoas com formação específica actualizada em amamentação, creditadas pela OMS /UNICEF.

Da mesma forma que coloquei aqui as propostas relacionadas com os aspectos da gravidez, parto e amamentação, convido os outros contribuidores do blog e elementos do sub-grupo da saúde a fazerem o mesmo relativamente às vertentes específicas da sua actividade ou interesse. Assim será mais fácil visualizarmos um panorama geral, por forma a conseguirmos elaborar um documento resumido mas completo, que integre os variados aspectos da saúde em Portugal.

Obrigada!

O exemplo Brasileiro

Avanços na compreensão do parto, do outro lado do oceano!

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/saude/conteudo.phtml?id=959855

Conhecer um pouco mais a Doula!

Para terem uma ideia um pouco mais precisa daquilo em que consiste, pelo menos em parte, o trabalho de uma doula, convido-vos a verem os links seguintes, onde estão fotografias lindíssimas do trabalho apaixonante de dedicação ao bem estar do outro e uma pequena peça jornalistica onde doulas experientes falam acerca do que fazem.



... penso que assim é fácil perceber o porquê de se considerar importante o reconhecimento desta actividade como profissão na área do acompanhamento das mulheres grávidas. A doula é alguém que, conhecendo profundamente a mulher e o casal que acompanha ao longo de várias sessões, tem a competência de ajudá-los a manterem-se focados, confortáveis e felizes num momento tão delicado e maravilhoso que é o parto!

Doulas

Nesta quadra natalícia festejamos, basicamente, a família. E uma família existe a partir do momento que um casal recebe uma criança como filho, aceitando (e desejando) cuidar dele com todo o carinho e respeito, dando-lhe as armas para que ele se torne um Homem capaz de cuidar de si próprio sem supervisão e de cuidar de outros filhos até que estes se tornem também Homens....

As variantes da família clássica e tradicional, actualmente, são muitas.... e todas bem vindas. Mas não é acerca desta multiplicidade que me proponho escrever neste momento.

Gostaria de abordar a forma biológica de ter um filho. Um homem, uma mulher, uma gravidez, um parto e um bebé. Tudo muito natural e lógico.... um quadro de desejo, força e amor.....

Gostaria de abordar, neste contexto, o papel da doula na promoção de uma gravidez, parto e pós-parto plenos de consciência, tranquilidade, poder e afectividade....

Surge a questão....

"Quem é a doula?"

Apesar de em Portugal o termo "doula" ser desconhecido, em muitos outros países, dentro e fora da europa, esta é já uma palavra que faz parte do vocabulário de um casal que espera um filho... e, em última análise, esta palavra, apesar de estranha, representa nada mais que o papel desempenhado desde sempre, por alguém que acompanha a mulher durante toda a metamorfose que acontece no seu corpo, culminando no parto e na amamentação do bebé esperado.

A doula é a pessoa que, não sendo nem médico, nem enfermeiro, nem familiar da mulher grávida, tem formação específica e contínua para acompanhar do ponto de vista emocional e informativo a mulher, durante toda a gravidez, parto e pós-parto. Esta pessoa, que geralmente é uma mulher que já passou pela experiência de gravidez e parto, mas que em alguns casos pode ainda não ter tido filhos ou ser um homem, é alguém que sentiu um forte chamamento interior no sentido de ajudar outras mulheres a passar pela extraordinaria viagem que conduz à maternidade, por perceber que o processo implicado tem um fortíssimo componente emocional que raras vezes é tido em consideração nos acompanhementos tradicionais da gravidez e parto e que tanto influencia os processos fisiológicos em curso.

Este acompanhamento por uma doula já foi provado como muito benéfico em todas as fases da gravidez, parto e pós-parto em variadissimos estudos (Hofmeyr, Nikodem VC, Wolman WL, Chalmers BE, Kramer T. "Companionship to modify the clinical birth environment: effects on progress and perceptions of labour, and breastfeeding" Br J Obstet Gynaecol, 98:756-764; Langer A, Campero L, Garcia C, Reynoso S. "Effects of Psychosocial support during labour and childbirth on breast feeding, medical intervencions, and mothers`well-being in Mexican public hospital: a randomized clinical trial "Br J Obstet Gynecol, 105: 1056-1063, 1998; Kennell JH, McGrath SK "Labor Support by a Doula for middle-income couples; the effect on cesarean rates" Pediatrics Res, 32:12A,1993; etc...).

Por isso mesmo a doula é já uma figura instituida no conjunto dos tecnicos que acompanham a mulher grávida, em países como a Suiça, Inglaterra, Holanda, entre outros.

De um modo geral, os estudos referem uma diminuição na ansiedade da mulher durante toda a gravidez, uma diminuição do número de cesarianas, uma diminuição da necessidade de intervenções médicas invasivas, uma diminuição na duração do trabalho de parto, uma redução nos pedidos de anestesia, diminuição do risco de depressão pós-parto, um aumento do nível de atenção e receptividade para com o bebé, aumento do sucesso da amamentação e aumento da satisfação da mulher face à sua experiência de parto.

Face a estes resultados, podemos perguntar porquê em Portugal ainda não é vulgar as mulheres terem uma doula. Bem, a resposta é simples....

Tal como acontece com tudo o que é "novo", a figura da doula pode parecer ameaçadora a vários níveis.

Por um lado, muitas pessoas confundem a doula com a parteira, por outro, os técnicos de saúde ficam sensíveis a ter mais uma pessoa a "atrapalhar" os procedimentos médicos, por outro ainda a família sente que esse papel está muito bem desempenhado pelo companheiro da mulher grávida...

No entanto, as pessoas que ultrapassam a barreira do "medo do desconhecido" fácilmente reconhecem na doula competências paralelas e não antagónicas ou divergentes a todas as outras personagens que povoam o mundo de uma grávida.

Por um lado, a doula não sabe medicina, por isso nunca irá avaliar o estado de saúde ou realizar intervenções médicas. Por outro lado, como técnico competente na área do apoio emocional e ainda conhecendo algumas técnicas não médicas de alívio da dor, a doula fácilmente consegue resgatar na mulher a força inata que esta tem para parir, ajudando-a a manter-se focada no momento presente e assim, facilitar bastante o trabalho do médico ou enfermeiro na prossecução de um parto de sucesso.

Em relação ao papel do companheiro da mulher (pai do bebé que irá nascer), ao diminuir a ansiedade da mulher (e consequentemente do casal), a doula potencia todo o importantíssimo trabalho que aquele tem durante todo o processo, aumentando a confiança e a união do casal.

Actualmente, em Portugal, só quem sabe que existem doulas e procura por uma consegue ter acesso ao trabalho por elas desempenhado... não deveria ser assim! Penso ser importante incluirmos formalmente o papel da doula no apoio à gravidez, parto e pós-parto, para que seja aumentada a humanização do parto no nosso país.

Assim, com uma doula para cada mulher, certamente teremos um Portugal mais acolhedor para aqueles que nascem, já que a doula representa a ponte entre a emoção dos pais que esperam a chegada do seu filho e o saber científico dos tecnicos de saúde, necessário para garantir uma viagem segura até ao mundo da maternidade e da "família".

Em nome de todas as doulas que trabalham em portugal, desejo um novo ano repleto de amor em todas as famílias... porque a família é o primeiro mundo que conhecemos!

.

Prematuridade, Amamentação e Intervenção na Gravidez e Parto

O seguinte filme aborda a realidade americana em torno da prematuridade e da amamentação, avançando com propostas alternativas no acompanhamento da gravidez e do parto.

São sistemantizadas todas as vantagens de um acompanhamento por um enfermeiro-parteiro, em casa de partos, hospital ou mesmo no domicilio da mulher, em comparação com um acompanhamento extremamente rígido, padronizado e virado para "o patológico", para todas as grávidas, que tende a ser o acompanhamento por um especialista em ginecologia obstétrica.
Fala-se também da importância da escolha informada da mulher em todas as etapas, para que também ela assuma um papel activo e responsável na manutenção do seu estado de saúde.
... enfim, fala um pouco de tudo aquilo que tenho vindo a falar até agora.

http://www.reducinginfantmortality.com/


Ainda que a realidade de Portugal não seja a mesma que a realidade Americana, temo que pouco falte para lá chegarmos, se mantivermos inalterado a nossa atitude face à saúde da grávida, ao parto e à amamentação.
Vamos agir para inverter esta tendência!

O Nascimento do Homem num Portugal Renascido

Penso que é urgente (re)pensarmos a forma como se nasce no nosso país e se estamos, de facto, a seguir o melhor caminho.... apesar de serem referidas estatísticas confortantes, que colocam Portugal na fila da frente dos países com menor número de mortalidade de mães e bebés no momento do parto, há que reflectir sobre o que este número exactamente quer dizer, assim como o que está por trás dele.

Não me interpretem mal; eu acho excelente sermos exemplo de boas práticas médicas que garantem a mães e bebés uma vida saudável! O que sinto é que este facto não pode ser desculpa para fecharmos os olhos ao rol de procedimentos que actualmente são executados, e que marcam negativamente a auto-estima e a auto-confiança de muitas mulheres, assim como a integridade física e psicológica dessas mulheres e de seus bebés recém-nascidos.

A recente experiência que a humanidade tem em partos hospitalares (recente, porque só perto de 2 a 3 gerações de mulheres vêm recorrendo a hospitais, de forma massiva, para o efeito) foi suficiente para que a Organização Mundial de Saúde concluísse que grande parte das práticas realizadas em hospitais para "fazer" nascer bebés em gravidezes de baixo risco, são utilizadas de forma inapropriada, sendo outras altamente desaconselhadas. Podem ler toda a lista (incluindo as práticas aconselhadas) no seguinte link: http://www.humpar.org/recomendacoes_oms

O conhecimento científico refere que, na altura do parto, entram em jogo potentes hormonas que têm um importante papel não só no desenrolar fisiológico do próprio parto, como também no vínculo que a mãe irá estabelecer com o seu filho recém nascido. Agir no sentido de "quebrar" este delicado equilíbrio biológico pode ter consequências devastadoras, por exemplo, no impulso protector da mãe em relação ao seu filho.... que serão tanto mais graves quanto menos desejada e planeada tiver sido essa criança e quanto mais jovem e socialmente desprotegida for a mulher.

Paralelamente a um tratamento frio e excessivamente técnico que a mulher com gravidez de baixo risco pode encontrar no hospital, verificamos um numero crescente de mulheres que recorrem a cesarianas pedidas, sendo este procedimento cirúrgico encarado quase como uma operação estética. Acontece que, independentemente de todos os riscos implicados no procedimento cirúrgico em si, a mulher que se coloca na posição de "operar" o nascimento do seu filho está a aceitar também os riscos para o bebé que tem no ventre. Estes riscos são altos e poucas mulheres têm consciência disto!

Em Portugal existem enfermeiros obstetras que realizam partos no domicílio, com toda a segurança e profissionalismo que a situação exige, e que são altamente descriminados e marginalizados por seus pares profissionais. Isto não pode acontecer! De acordo com as directrizes da OMS (incluídas no link atrás referido), a grávida de baixo risco tem o direito de optar pelo local e pela forma como vai parir, devendo ser respeitada a sua escolha consciente por todas as pessoas envolvidas na assistência ao seu parto. Desproteger o enfermeiro que opta apoiar a mulher que escolhe, em consciência, ter o seu bebé em casa, é desproteger a mulher da segurança a que ela tem direito!

Inverter este ciclo não implica quase nada... no Brasil, existe um Hospital Público que desenvolve um projecto de partos humanizados (ISEA) onde com praticamente nenhum investimento financeiro em recursos materiais e uma boa formação a todos os técnicos (médicos, enfermeiros, auxiliares, etc), foram conseguidos resultados extraordinários, como por exemplo uma reduzidissima taxa de cesarianas (7.7% !... o que é ainda mais baixo do que os 15% sugeridos pela OMS; de notar que antes do projecto, no mesmo hospital, existiam 39,2% de cesarianas). No projecto citado, são referidos os seguintes números: em 181 grávidas atendidas, realizaram-se 185 nascimentos (4 nascimentos gemelares), dos quais 167 partos foram vaginais (158 espontâneos e 9 com recurso a forceps), com nenhuma episiotomia (84 períneos perfeitamente íntegros) e apenas 14 cesareanas se verificaram realmente indispensáveis .
Este projecto brasileiro (ISEA)é só um exemplo, pois um pouco por todo o mundo existem já muitos hospitais e países que praticam uma política de nascimento mais humana e centrada na mulher.

O que estou a sugerir para o novo Portugal, não é nada de muito complicado, nem nada de muito dispendioso. Trata-se apenas de uma mudança de mentalidades, com o respeito pelo outro e pelas escolhas informadas que o outro pode e deve efectuar. Trata-se de compreender que o parto é, acima de tudo, um fenómeno natural e biológico, que se desenrola dentro do corpo da mulher, pelo que é incontornável a necessidade de se olhar para a mulher no seu todo para poder ajudar com eficiência o nascimento de um novo ser. Trata-se de compreender que, se nascer fosse assim tão complicado quanto as aparatosas técnicas hospitalares actuais sugerem, provavelmente a humanidade já tinha sido extinta, muito antes de ter havido tempo para levar as parturientes para os hospitais.


Se pensarmos bem, humanizar o parto é no fundo humanizar o Sistema Nacional de Saúde, realizando uma abordagem do ser humano como um todo, assim como é realizado em tantas outras culturas. Para mim, faz todo o sentido revolucionar o Sistema Nacional de Saúde e garantir, entre outras coisas, Partos Humanizados para todas as mães e bebés que nascem!

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... no bom caminho por um parto mais saudável e respeitado!

A indução do trabalho de parto e o uso de fórceps ou de ventosas podem vir a ser procedimentos excluídos do conceito de parto normal, segundo um documento em análise na Direcção-Geral da Saúde (DGS).
"Pelo direito ao parto normal" é um projeto de promoção do parto natural "sem qualquer intervenção, mas assistido por profissional de saúde", proposto por um vasto grupo de especialistas em saúde reprodutiva.
A indução do trabalho de parto (com recurso a medicamento ou ruturas de membranas), o uso de fórceps, ventosas ou anestesia geral ficam, segundo esta proposta, excluídos da classificação de parto normal, bem como o nascimento por cesariana.

Noticia retirada na íntegra de http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/10952818.html

Consequências emocionais das práticas modernas de dar à luz

"(...) Segundo os conhecimentos actuais é a criança que dá os primeiros sinais hormonais que desencadeiam o
parto. Isto quer dizer que internamente a criança tem um plano temporal, ela não só participa na decisão de
quando vai nascer, podemos mesmo dizer que o nascimento é um acto decidido pelo feto. Ao esperar por
este momento a mãe e os profissionais que assistem ao parto e ao nascimento mostram um sinal de respeito
pela criança. Tomando esta atitude dá-se o devido tempo à criança e a mãe até que estejam preparadas para o
momento de dar à luz.
O que significa intervir de fora nesse plano temporal interno propositadamente? Interrompe-se um dos mais
importantes episódios do processo natural de desenvolvimento. O organismo não vai ter tempo de atingir a
maturação. É-lhe retirada a possibilidade de decidir. Nas cesarianas marcadas e realizadas antes do início do
trabalho de parto faltam um conjunto de hormonas à mãe, a hormona do parto, falta a protecção e as
estimulações necessárias ao acto de parir e ao acto de nascer. As crianças são abruptamente, em poucos
minutos, arrancadas ao seu meio ambiente conhecido. Muitos recém-nascidos parecem surpreendidos,
desprevenidos e desorientados. Subitamente a penumbra, o calor, o suporte e todo o apoio que o útero
oferece ao seu corpo desapareceram. Depois de um nascimento assim pode frequentemente reconhecer-se o
susto bem presente nos olhos do bebé.
Uma cesariana, quer seja de urgência ou marcada antecipadamente conduz sempre a uma interrupção
passageira do processo social de dar à luz: o vínculo, a comunicação emocional e corporal entre mãe e filho
sofrem um corte, que vai necessariamente deixar marcas. Cada um dos dois vive a situação individualmente,
a anestesia interpõe-se entre eles. Nos primeiros minutos depois do nascimento o filho poderá não estar junto
da mãe, e nos dias seguintes muitas mulheres têm tais dores que mal conseguem pegar no bebé ao colo. As
mulheres que desejaram um parto vaginal mas que necessitaram de uma cesariana por razões médicas podem
ainda sentir-se incompetentes por não terem sido capazes de um parto normal.
Visto do lado da criança as contracções são sentidas pelo seu corpo como um intenso acontecimento táctil e
corporal, que exprime o próprio processo de transição. Quando a estimulação prevista na natureza - a
contracção do útero e a expansão, no intervalo entre contracções - não é, ou quase não é vivida devido às
anestesias, podemos estar perante uma das causas do frequente sentimento de falta de consciência corporal
no adulto. (...)"

Ler mais: http://www.asaseraizes.pt/docs/daraluz.pdf

Paula Diederichs, adaptado por Claudia Pinheiro. Publicação original: Hebammeninfo 5/06: Die Sektio im Brennpunkt: Ist es egal, wann und wie wir geboren werden? Die emotionalen Auswirkungen der modernen Geburtspraktiken. (A Cesariana em debate: Tanto faz, onde e como nascemos? Sobre as consequências emocionais das práticas modernas de nascer) de Paula Diederichs, em www.asaseraizes.pt/textos

Alimentação e Parto

Actualmente, a restrição alimentar (e de ingestão de líquidos) imposta pelos procedimentos hospitalares às parturientes, não tem qualquer fundamento científico. Pelo contrário, pode ser contraproducente, sobretudo em partos longos, quando a mulher sinta necessidade de comer e beber, já que promove o aumento da duração do próprio parto em si, assim como da dor da contracção uterina.

Estes e outros dados relacionados estão descritos num estudo realizado com 3130 mulheres em trabalho de parto, publicado na biblioteca cochrane.

http://www.cochrane.org/reviews/en/ab003930.html

Conclusão do estudo: as parturientes podem e devem comer e beber sempre que sintam vontade de o fazer!

Porquê Escolher uma Parteira

É dado científico: parir em casa ou em casa de parto, nos casos de gravidezes de baixo risco, acompanhada de enfermeiro-parteiro certificado, é mais seguro que parir num hospital! Esta verdade difícil de engolir numa civilização tão habituada em confiar e entregar-se a cuidados médicos e hospitalares, está devidamente fundamentada no seguinte vídeo, que desde já vos convido a assistir.

http://www.youtube.com/watch?v=bJSbg2wYsSw&feature=player_embedded

Propostas de Doula para Um Novo Portugal

No seguimento da frutífera reunião realizada no dia 10 de Janeiro de 2010 e sabendo de antemão que, tudo aquilo que as pessoas que trabalham para a Humanização do Nascimento e para a Promoção da Amamentação em Portugal, terá de ser resumido e compactado no conjunto das propostas a serem apresentadas pelo sub-grupo da saúde, apresento uma série de medidas que considero (em representação das Doulas de Portugal) importantes serem implementadas no nosso país, no sentido de se obterem práticas de nascimento, crescimento e maternidade mais saudáveis, tanto do ponto de vista individual (mães e bebés), como do ponto de vista social, ecológico e económico... para já não falar na possibilidade de aumentar o FIB (Felicidade Interna Bruta)!!!

17 Medidas para Melhorar o Nascimento e a Amamentação em Portugal:


1. Incentivar os hospitais a tornarem-se "Hospitais amigos dos bebés", dando um prazo para que se tornem, a partir do qual os que não conquistarem o titulo passarão a pagar multa; serão beneficiados todos os hospitais titulados, sendo os mesmos alvo de apertada fiscalização por
forma a garantir-se que as características exigidas continuam a fazer parte daqueles hospitais;

2. Criação de casas de parto em quantidade relevante, de forma a dar resposta à assistência ao parto de mulheres que optam por partos menos medicalizados e mais fisiológicos;

3. Dignificar e apoiar o enfermeiro-obstetra que opta por acompanhar gravidezes e partos domiciliares, permitindo que este opte por exercer esta função em regime exclusivo ou paralelo a uma prática hospitalar;

4. Profissionalizar a actividade Doula, enquanto técnico especializado na preparação e acompanhamento emocional da mulher grávida / casal durante a gravidez, parto e pós-parto;

5. Inserir a doula como profissional hospitalar, que acompanharia as mulheres que não trouxessem doulas externas;

6. Permitir que todas as mulheres grávidas em todos os hospitais, maternidades e casas de parto, querendo, possam ser acompanhadas no seu parto, por uma pessoa da sua escolha e por uma doula externa ao local do parto;

7. Criação de uma bolsa de doulas, que realizem o seu serviço vinculadas a entidades que possam oferecer este serviço às mulheres que não possam pagar por ele em regime particular;

8. Haver diversificação de profissionais e clareza nos conteúdos dos cursos de preparação para parto, cabendo à grávida a escolha do tipo de preparação que mais se adequa aos seus interesses/ necessidades (médica, psicológica, emocional, física, espiritual, etc.);

9. Tornar o plano de parto um documento oficial e integrante do boletim de grávida da mulher, para que, desde que ele exista (opção da mulher) tenha de ser obrigatoriamente lido, discutido e respeitado por quem realiza o parto da mulher, sem prejuízo da saúde da mesma e do bebé em caso de real emergência médica, incorrendo em responsabilidade penal para quem não o faça;

10. Divulgação das várias opções de parto existentes (parto hospitalar, parto em casa de parto, parto domiciliar) como possibilidades reais e socialmente reconhecidas, dadas à mulher para escolha informada e consciente e com o devido acompanhamento;

11. Reconhecimento, por parte de todos os profissionais de saúde, do bebé recém-nascido como pessoa de direito, garantindo que toda a intervenção médica e instrumental seja apenas a absolutamente imprescindível para a manutenção de um bom estado de saúde e evitando experiências traumáticas para o ser acabado de nascer, sem prejuízo das medidas necessárias para a manutenção da vida, em caso de real emergência médica;

12. Garantir a sensibilização e formação contínua de todos os técnicos de saúde que contactam com grávidas e mães que amamentam (maternidades, centros de saúde, hospitais, casas de parto, etc.) nos aspectos relacionados com a humanização do nascimento e da amamentação;

13. Manter actualizada a legislação relacionada com os aspectos incluídos no código internacional de marketing para o comércio de substitutos de leite materno, fiscalizando o cumprimento da mesma lei de forma eficiente;

14. Fomentar a realização de programas públicos com conteúdos fidedignos (baseados em evidência científica) relacionados com a amamentação e o parto;

15. Fomentar a divulgação de imagens e mensagens relacionadas com o parto fisiológico e a amamentação, bem como alertar para os perigos do inverso;

16. Beneficiar fiscalmente todos os locais públicos que promovam a amamentação;

17. Multiplicar o número de grupos de amamentação, publicitando-os de forma acessível e visível, grupos estes dinamizados por pessoas com formação específica actualizada em amamentação, creditadas pela OMS /UNICEF.

Da mesma forma que coloquei aqui as propostas relacionadas com os aspectos da gravidez, parto e amamentação, convido os outros contribuidores do blog e elementos do sub-grupo da saúde a fazerem o mesmo relativamente às vertentes específicas da sua actividade ou interesse. Assim será mais fácil visualizarmos um panorama geral, por forma a conseguirmos elaborar um documento resumido mas completo, que integre os variados aspectos da saúde em Portugal.

Obrigada!

O exemplo Brasileiro

Avanços na compreensão do parto, do outro lado do oceano!

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/saude/conteudo.phtml?id=959855

Conhecer um pouco mais a Doula!

Para terem uma ideia um pouco mais precisa daquilo em que consiste, pelo menos em parte, o trabalho de uma doula, convido-vos a verem os links seguintes, onde estão fotografias lindíssimas do trabalho apaixonante de dedicação ao bem estar do outro e uma pequena peça jornalistica onde doulas experientes falam acerca do que fazem.


... penso que assim é fácil perceber o porquê de se considerar importante o reconhecimento desta actividade como profissão na área do acompanhamento das mulheres grávidas. A doula é alguém que, conhecendo profundamente a mulher e o casal que acompanha ao longo de várias sessões, tem a competência de ajudá-los a manterem-se focados, confortáveis e felizes num momento tão delicado e maravilhoso que é o parto!

Doulas

Nesta quadra natalícia festejamos, basicamente, a família. E uma família existe a partir do momento que um casal recebe uma criança como filho, aceitando (e desejando) cuidar dele com todo o carinho e respeito, dando-lhe as armas para que ele se torne um Homem capaz de cuidar de si próprio sem supervisão e de cuidar de outros filhos até que estes se tornem também Homens....

As variantes da família clássica e tradicional, actualmente, são muitas.... e todas bem vindas. Mas não é acerca desta multiplicidade que me proponho escrever neste momento.

Gostaria de abordar a forma biológica de ter um filho. Um homem, uma mulher, uma gravidez, um parto e um bebé. Tudo muito natural e lógico.... um quadro de desejo, força e amor.....

Gostaria de abordar, neste contexto, o papel da doula na promoção de uma gravidez, parto e pós-parto plenos de consciência, tranquilidade, poder e afectividade....

Surge a questão....

"Quem é a doula?"

Apesar de em Portugal o termo "doula" ser desconhecido, em muitos outros países, dentro e fora da europa, esta é já uma palavra que faz parte do vocabulário de um casal que espera um filho... e, em última análise, esta palavra, apesar de estranha, representa nada mais que o papel desempenhado desde sempre, por alguém que acompanha a mulher durante toda a metamorfose que acontece no seu corpo, culminando no parto e na amamentação do bebé esperado.

A doula é a pessoa que, não sendo nem médico, nem enfermeiro, nem familiar da mulher grávida, tem formação específica e contínua para acompanhar do ponto de vista emocional e informativo a mulher, durante toda a gravidez, parto e pós-parto. Esta pessoa, que geralmente é uma mulher que já passou pela experiência de gravidez e parto, mas que em alguns casos pode ainda não ter tido filhos ou ser um homem, é alguém que sentiu um forte chamamento interior no sentido de ajudar outras mulheres a passar pela extraordinaria viagem que conduz à maternidade, por perceber que o processo implicado tem um fortíssimo componente emocional que raras vezes é tido em consideração nos acompanhementos tradicionais da gravidez e parto e que tanto influencia os processos fisiológicos em curso.

Este acompanhamento por uma doula já foi provado como muito benéfico em todas as fases da gravidez, parto e pós-parto em variadissimos estudos (Hofmeyr, Nikodem VC, Wolman WL, Chalmers BE, Kramer T. "Companionship to modify the clinical birth environment: effects on progress and perceptions of labour, and breastfeeding" Br J Obstet Gynaecol, 98:756-764; Langer A, Campero L, Garcia C, Reynoso S. "Effects of Psychosocial support during labour and childbirth on breast feeding, medical intervencions, and mothers`well-being in Mexican public hospital: a randomized clinical trial "Br J Obstet Gynecol, 105: 1056-1063, 1998; Kennell JH, McGrath SK "Labor Support by a Doula for middle-income couples; the effect on cesarean rates" Pediatrics Res, 32:12A,1993; etc...).

Por isso mesmo a doula é já uma figura instituida no conjunto dos tecnicos que acompanham a mulher grávida, em países como a Suiça, Inglaterra, Holanda, entre outros.

De um modo geral, os estudos referem uma diminuição na ansiedade da mulher durante toda a gravidez, uma diminuição do número de cesarianas, uma diminuição da necessidade de intervenções médicas invasivas, uma diminuição na duração do trabalho de parto, uma redução nos pedidos de anestesia, diminuição do risco de depressão pós-parto, um aumento do nível de atenção e receptividade para com o bebé, aumento do sucesso da amamentação e aumento da satisfação da mulher face à sua experiência de parto.

Face a estes resultados, podemos perguntar porquê em Portugal ainda não é vulgar as mulheres terem uma doula. Bem, a resposta é simples....

Tal como acontece com tudo o que é "novo", a figura da doula pode parecer ameaçadora a vários níveis.

Por um lado, muitas pessoas confundem a doula com a parteira, por outro, os técnicos de saúde ficam sensíveis a ter mais uma pessoa a "atrapalhar" os procedimentos médicos, por outro ainda a família sente que esse papel está muito bem desempenhado pelo companheiro da mulher grávida...

No entanto, as pessoas que ultrapassam a barreira do "medo do desconhecido" fácilmente reconhecem na doula competências paralelas e não antagónicas ou divergentes a todas as outras personagens que povoam o mundo de uma grávida.

Por um lado, a doula não sabe medicina, por isso nunca irá avaliar o estado de saúde ou realizar intervenções médicas. Por outro lado, como técnico competente na área do apoio emocional e ainda conhecendo algumas técnicas não médicas de alívio da dor, a doula fácilmente consegue resgatar na mulher a força inata que esta tem para parir, ajudando-a a manter-se focada no momento presente e assim, facilitar bastante o trabalho do médico ou enfermeiro na prossecução de um parto de sucesso.

Em relação ao papel do companheiro da mulher (pai do bebé que irá nascer), ao diminuir a ansiedade da mulher (e consequentemente do casal), a doula potencia todo o importantíssimo trabalho que aquele tem durante todo o processo, aumentando a confiança e a união do casal.

Actualmente, em Portugal, só quem sabe que existem doulas e procura por uma consegue ter acesso ao trabalho por elas desempenhado... não deveria ser assim! Penso ser importante incluirmos formalmente o papel da doula no apoio à gravidez, parto e pós-parto, para que seja aumentada a humanização do parto no nosso país.

Assim, com uma doula para cada mulher, certamente teremos um Portugal mais acolhedor para aqueles que nascem, já que a doula representa a ponte entre a emoção dos pais que esperam a chegada do seu filho e o saber científico dos tecnicos de saúde, necessário para garantir uma viagem segura até ao mundo da maternidade e da "família".

Em nome de todas as doulas que trabalham em portugal, desejo um novo ano repleto de amor em todas as famílias... porque a família é o primeiro mundo que conhecemos!

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Prematuridade, Amamentação e Intervenção na Gravidez e Parto

O seguinte filme aborda a realidade americana em torno da prematuridade e da amamentação, avançando com propostas alternativas no acompanhamento da gravidez e do parto.

São sistemantizadas todas as vantagens de um acompanhamento por um enfermeiro-parteiro, em casa de partos, hospital ou mesmo no domicilio da mulher, em comparação com um acompanhamento extremamente rígido, padronizado e virado para "o patológico", para todas as grávidas, que tende a ser o acompanhamento por um especialista em ginecologia obstétrica.
Fala-se também da importância da escolha informada da mulher em todas as etapas, para que também ela assuma um papel activo e responsável na manutenção do seu estado de saúde.
... enfim, fala um pouco de tudo aquilo que tenho vindo a falar até agora.

http://www.reducinginfantmortality.com/


Ainda que a realidade de Portugal não seja a mesma que a realidade Americana, temo que pouco falte para lá chegarmos, se mantivermos inalterado a nossa atitude face à saúde da grávida, ao parto e à amamentação.
Vamos agir para inverter esta tendência!

O Nascimento do Homem num Portugal Renascido

Penso que é urgente (re)pensarmos a forma como se nasce no nosso país e se estamos, de facto, a seguir o melhor caminho.... apesar de serem referidas estatísticas confortantes, que colocam Portugal na fila da frente dos países com menor número de mortalidade de mães e bebés no momento do parto, há que reflectir sobre o que este número exactamente quer dizer, assim como o que está por trás dele.

Não me interpretem mal; eu acho excelente sermos exemplo de boas práticas médicas que garantem a mães e bebés uma vida saudável! O que sinto é que este facto não pode ser desculpa para fecharmos os olhos ao rol de procedimentos que actualmente são executados, e que marcam negativamente a auto-estima e a auto-confiança de muitas mulheres, assim como a integridade física e psicológica dessas mulheres e de seus bebés recém-nascidos.

A recente experiência que a humanidade tem em partos hospitalares (recente, porque só perto de 2 a 3 gerações de mulheres vêm recorrendo a hospitais, de forma massiva, para o efeito) foi suficiente para que a Organização Mundial de Saúde concluísse que grande parte das práticas realizadas em hospitais para "fazer" nascer bebés em gravidezes de baixo risco, são utilizadas de forma inapropriada, sendo outras altamente desaconselhadas. Podem ler toda a lista (incluindo as práticas aconselhadas) no seguinte link: http://www.humpar.org/recomendacoes_oms

O conhecimento científico refere que, na altura do parto, entram em jogo potentes hormonas que têm um importante papel não só no desenrolar fisiológico do próprio parto, como também no vínculo que a mãe irá estabelecer com o seu filho recém nascido. Agir no sentido de "quebrar" este delicado equilíbrio biológico pode ter consequências devastadoras, por exemplo, no impulso protector da mãe em relação ao seu filho.... que serão tanto mais graves quanto menos desejada e planeada tiver sido essa criança e quanto mais jovem e socialmente desprotegida for a mulher.

Paralelamente a um tratamento frio e excessivamente técnico que a mulher com gravidez de baixo risco pode encontrar no hospital, verificamos um numero crescente de mulheres que recorrem a cesarianas pedidas, sendo este procedimento cirúrgico encarado quase como uma operação estética. Acontece que, independentemente de todos os riscos implicados no procedimento cirúrgico em si, a mulher que se coloca na posição de "operar" o nascimento do seu filho está a aceitar também os riscos para o bebé que tem no ventre. Estes riscos são altos e poucas mulheres têm consciência disto!

Em Portugal existem enfermeiros obstetras que realizam partos no domicílio, com toda a segurança e profissionalismo que a situação exige, e que são altamente descriminados e marginalizados por seus pares profissionais. Isto não pode acontecer! De acordo com as directrizes da OMS (incluídas no link atrás referido), a grávida de baixo risco tem o direito de optar pelo local e pela forma como vai parir, devendo ser respeitada a sua escolha consciente por todas as pessoas envolvidas na assistência ao seu parto. Desproteger o enfermeiro que opta apoiar a mulher que escolhe, em consciência, ter o seu bebé em casa, é desproteger a mulher da segurança a que ela tem direito!

Inverter este ciclo não implica quase nada... no Brasil, existe um Hospital Público que desenvolve um projecto de partos humanizados (ISEA) onde com praticamente nenhum investimento financeiro em recursos materiais e uma boa formação a todos os técnicos (médicos, enfermeiros, auxiliares, etc), foram conseguidos resultados extraordinários, como por exemplo uma reduzidissima taxa de cesarianas (7.7% !... o que é ainda mais baixo do que os 15% sugeridos pela OMS; de notar que antes do projecto, no mesmo hospital, existiam 39,2% de cesarianas). No projecto citado, são referidos os seguintes números: em 181 grávidas atendidas, realizaram-se 185 nascimentos (4 nascimentos gemelares), dos quais 167 partos foram vaginais (158 espontâneos e 9 com recurso a forceps), com nenhuma episiotomia (84 períneos perfeitamente íntegros) e apenas 14 cesareanas se verificaram realmente indispensáveis .
Este projecto brasileiro (ISEA)é só um exemplo, pois um pouco por todo o mundo existem já muitos hospitais e países que praticam uma política de nascimento mais humana e centrada na mulher.

O que estou a sugerir para o novo Portugal, não é nada de muito complicado, nem nada de muito dispendioso. Trata-se apenas de uma mudança de mentalidades, com o respeito pelo outro e pelas escolhas informadas que o outro pode e deve efectuar. Trata-se de compreender que o parto é, acima de tudo, um fenómeno natural e biológico, que se desenrola dentro do corpo da mulher, pelo que é incontornável a necessidade de se olhar para a mulher no seu todo para poder ajudar com eficiência o nascimento de um novo ser. Trata-se de compreender que, se nascer fosse assim tão complicado quanto as aparatosas técnicas hospitalares actuais sugerem, provavelmente a humanidade já tinha sido extinta, muito antes de ter havido tempo para levar as parturientes para os hospitais.


Se pensarmos bem, humanizar o parto é no fundo humanizar o Sistema Nacional de Saúde, realizando uma abordagem do ser humano como um todo, assim como é realizado em tantas outras culturas. Para mim, faz todo o sentido revolucionar o Sistema Nacional de Saúde e garantir, entre outras coisas, Partos Humanizados para todas as mães e bebés que nascem!