Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.

Arqueologia da Psique - Museu de Imagens do Inconsciente

ARQUEOLOGIA DA PSIQUE

"Nise da Silveira iniciou um trabalho revolucionário a partir de seu inconformismo com as práticas psiquiátricas utilizadas na década de 40, tais como eletrochoque, insulinoterapia, lobotomia, confinamento. Criando a Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II (Rio de janeiro), busca fundamentar cientificamente esta terapêutica, conduzindo-a não como mera ocupação ou utilização de mão-de-obra nos serviços hospitalares, como era uso na época, mas procurando beneficiar os indivíduos ali internados com atividades que lhes possibilitassem um meio de expressão e de resgate de sua individualidade.

Através desse método, os resultados não demoraram a aparecer: as melhoras clínicas se acentuavam e, dentre as atividades oferecidas, pintura e modelagem se destacaram, gerando uma grande produção, que ela logo percebeu ser um meio de acesso ao enigmático mundo interno do esquizofrênico. Surgem imagens inusitadas, temas e símbolos recorrentes que a intrigam. Reunindo essas obras com o objetivo de desenvolver estudos e pesquisas sobre seus significados, funda então, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente.

Observava que muitas dessas imagens configuravam formas circulares ou próximas do círculo - símbolos de unidade e ordenação - extremamente semelhantes a imagens utilizadas para meditação ou representação da divindade em religiões orientais (mandalas).

Como pessoas que perderam a unidade do pensamento, instância máxima da consciência, poderiam produzir em grande quantidade os símbolos de unidade? E por quê?

Pesquisadora incansável, resolveu então escrever uma carta ao professor Jung, juntando imagens produzidas por diferentes autores. A resposta de Jung não tardou: eram mesmo mandalas e correspondiam ao potencial autocurativo da psique, em oposição à dissociação, ao estado de confusão psíquica do ser, uma manifestação do inconsciente para compensar a situação caótica vivida por esses indivíduos.

Deste primeiro contato originou-se um relacionamento que não viria a introduzir a psicologia junguiana no Brasil, mas constituir-se-ia também numa nova abertura para melhor compreensão da psicose e dos conteúdos que daí emergem. Confirmava-se, então, que as atividades expressivas, além de possuírem validade terapêutica, eram também excelente meio para o conhecimento dos processos que se desenrolam na obscuridade do inconsciente."

Clicar nos quadros do fundo da página
http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/expos/arqueologia/arqueologia.html## para ver um estudo comparativo entre os quadros pintados por indivíduos com esquizofrenia e os arquétipos universais.


NOTA: O Museu de Imagens do Inconsciente teve origem nos ateliês de pintura e de modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional, organizada por Nise da Silveira em 1946, no Centro Psiquiátrico Pedro II. Aconteceu que a produção desses ateliês foi tão abundante e revelou-se de tão grande interesse científico e utilidade no tratamento psiquiátrico que pintura e modelagem assumiram posição peculiar.

Daí nasceu a idéia de organizar-se um Museu que reunisse as obras criadas nesses setores de atividade, a fim de oferecer ao pesquisador condições para o estudo de imagens e símbolos e para o acompanhamento da evolução de casos clínicos através da produção plástica espontânea. Em 20 de maio de 1952 foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, numa pequena sala. Em 28 de setembro de 1956 passou a ocupar mais amplas instalações inauguradas com a presença dos ilustres psiquiatras Henry Ey, Paris; Lopez Íbor, Madrid; e Ramom Sarró (Barcelona) que se encontravam no Rio a convite da Universidade do Brasil. Já naquela data, segundo o professor Lopez Íbor, o Museu de Imagens do Inconsciente “reunia uma coleção artística psicopatológica única no mundo”.

2 comentários:

Cristina Castro disse...

Muito interessante mesmo!!!
Obrigada!

Magno jardim disse...

Se calhar um santuário onde se puderam espessar a eles próprios num mundo livre.

Cordialmente.

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Arqueologia da Psique - Museu de Imagens do Inconsciente

ARQUEOLOGIA DA PSIQUE

"Nise da Silveira iniciou um trabalho revolucionário a partir de seu inconformismo com as práticas psiquiátricas utilizadas na década de 40, tais como eletrochoque, insulinoterapia, lobotomia, confinamento. Criando a Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II (Rio de janeiro), busca fundamentar cientificamente esta terapêutica, conduzindo-a não como mera ocupação ou utilização de mão-de-obra nos serviços hospitalares, como era uso na época, mas procurando beneficiar os indivíduos ali internados com atividades que lhes possibilitassem um meio de expressão e de resgate de sua individualidade.

Através desse método, os resultados não demoraram a aparecer: as melhoras clínicas se acentuavam e, dentre as atividades oferecidas, pintura e modelagem se destacaram, gerando uma grande produção, que ela logo percebeu ser um meio de acesso ao enigmático mundo interno do esquizofrênico. Surgem imagens inusitadas, temas e símbolos recorrentes que a intrigam. Reunindo essas obras com o objetivo de desenvolver estudos e pesquisas sobre seus significados, funda então, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente.

Observava que muitas dessas imagens configuravam formas circulares ou próximas do círculo - símbolos de unidade e ordenação - extremamente semelhantes a imagens utilizadas para meditação ou representação da divindade em religiões orientais (mandalas).

Como pessoas que perderam a unidade do pensamento, instância máxima da consciência, poderiam produzir em grande quantidade os símbolos de unidade? E por quê?

Pesquisadora incansável, resolveu então escrever uma carta ao professor Jung, juntando imagens produzidas por diferentes autores. A resposta de Jung não tardou: eram mesmo mandalas e correspondiam ao potencial autocurativo da psique, em oposição à dissociação, ao estado de confusão psíquica do ser, uma manifestação do inconsciente para compensar a situação caótica vivida por esses indivíduos.

Deste primeiro contato originou-se um relacionamento que não viria a introduzir a psicologia junguiana no Brasil, mas constituir-se-ia também numa nova abertura para melhor compreensão da psicose e dos conteúdos que daí emergem. Confirmava-se, então, que as atividades expressivas, além de possuírem validade terapêutica, eram também excelente meio para o conhecimento dos processos que se desenrolam na obscuridade do inconsciente."

Clicar nos quadros do fundo da página
http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/expos/arqueologia/arqueologia.html## para ver um estudo comparativo entre os quadros pintados por indivíduos com esquizofrenia e os arquétipos universais.


NOTA: O Museu de Imagens do Inconsciente teve origem nos ateliês de pintura e de modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional, organizada por Nise da Silveira em 1946, no Centro Psiquiátrico Pedro II. Aconteceu que a produção desses ateliês foi tão abundante e revelou-se de tão grande interesse científico e utilidade no tratamento psiquiátrico que pintura e modelagem assumiram posição peculiar.

Daí nasceu a idéia de organizar-se um Museu que reunisse as obras criadas nesses setores de atividade, a fim de oferecer ao pesquisador condições para o estudo de imagens e símbolos e para o acompanhamento da evolução de casos clínicos através da produção plástica espontânea. Em 20 de maio de 1952 foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, numa pequena sala. Em 28 de setembro de 1956 passou a ocupar mais amplas instalações inauguradas com a presença dos ilustres psiquiatras Henry Ey, Paris; Lopez Íbor, Madrid; e Ramom Sarró (Barcelona) que se encontravam no Rio a convite da Universidade do Brasil. Já naquela data, segundo o professor Lopez Íbor, o Museu de Imagens do Inconsciente “reunia uma coleção artística psicopatológica única no mundo”.

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Cristina Castro disse...

Muito interessante mesmo!!!
Obrigada!

Magno jardim disse...

Se calhar um santuário onde se puderam espessar a eles próprios num mundo livre.

Cordialmente.

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