Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.

Do espaço ao tempo


O construtor limpa o suor à pedra. Quase concluída está a catedral, imenso é o cansaço, mas também o alívio.
O mestre chama todos os aprendizes para que o salário lhes seja pago.
Ainda não foi consagrado o templo. Reúnem-se sob a grande nave central e o som das vozes e o do dinheiro rolando pela laje ecoa por todo o espaço.
Uma das cabeças ergue-se, depois de contar as moedas. Algo o chama, um silencioso olhar. Ao cimo das escadas que conduzem ao piso de cima, um estranho ser, uma criança, mas de inusitadas vestes, observa-o como se o visse do futuro.
Uma voz se ouve, mais atrás, em aflição.
A professora chama e vem buscar a menina que se separou do grupo para assistir a inesperada reunião.
- Estava ali um grupo de homens vestido como nós já vimos no outro dia no filme e recebiam moedas de um senhor muito importante.
- Como sabes que era importante?
- Pelo vestir. E era ele que distribuía as moedas. Mas não eram iguais às nossas...
- Como?
- As moedas que recebiam os operários. Já acabaram a construção.
- Esta menina não anda a viver demasiado as ficções?
A menina é arrastada para trás, o grupo dos aprendizes dispersa. Do trabalho ao recreio...
Ela ainda acena num gesto de despedida àquele jovem operário que é tão, mas tão parecido com o seu colega Miguel, apenas uns anos mais velho.

Quando, passados uns anos voltar àquela catedral, procurará inutilmente o grupo dos operários, se ainda se recordar de os ter visto. Talvez já não se lembre de nada. Afinal era uma criança de imaginação transbordante. Mas um sentimento de respeito e amor tomará conta das suas células. Inexplicavelmente.

E comentará com Miguel, o perplexo amado, ao passarem por um grupo de meninos, e vendo uma criança, relutante, puxada por um braço, acenando para trás, em direcção a alguém que não consegue divisar: :
- É tão importante trazer as crianças a estes espaços onde um dia estivemos...

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Do espaço ao tempo


O construtor limpa o suor à pedra. Quase concluída está a catedral, imenso é o cansaço, mas também o alívio.
O mestre chama todos os aprendizes para que o salário lhes seja pago.
Ainda não foi consagrado o templo. Reúnem-se sob a grande nave central e o som das vozes e o do dinheiro rolando pela laje ecoa por todo o espaço.
Uma das cabeças ergue-se, depois de contar as moedas. Algo o chama, um silencioso olhar. Ao cimo das escadas que conduzem ao piso de cima, um estranho ser, uma criança, mas de inusitadas vestes, observa-o como se o visse do futuro.
Uma voz se ouve, mais atrás, em aflição.
A professora chama e vem buscar a menina que se separou do grupo para assistir a inesperada reunião.
- Estava ali um grupo de homens vestido como nós já vimos no outro dia no filme e recebiam moedas de um senhor muito importante.
- Como sabes que era importante?
- Pelo vestir. E era ele que distribuía as moedas. Mas não eram iguais às nossas...
- Como?
- As moedas que recebiam os operários. Já acabaram a construção.
- Esta menina não anda a viver demasiado as ficções?
A menina é arrastada para trás, o grupo dos aprendizes dispersa. Do trabalho ao recreio...
Ela ainda acena num gesto de despedida àquele jovem operário que é tão, mas tão parecido com o seu colega Miguel, apenas uns anos mais velho.

Quando, passados uns anos voltar àquela catedral, procurará inutilmente o grupo dos operários, se ainda se recordar de os ter visto. Talvez já não se lembre de nada. Afinal era uma criança de imaginação transbordante. Mas um sentimento de respeito e amor tomará conta das suas células. Inexplicavelmente.

E comentará com Miguel, o perplexo amado, ao passarem por um grupo de meninos, e vendo uma criança, relutante, puxada por um braço, acenando para trás, em direcção a alguém que não consegue divisar: :
- É tão importante trazer as crianças a estes espaços onde um dia estivemos...

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