Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.
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Consequências emocionais das práticas modernas de dar à luz

"(...) Segundo os conhecimentos actuais é a criança que dá os primeiros sinais hormonais que desencadeiam o
parto. Isto quer dizer que internamente a criança tem um plano temporal, ela não só participa na decisão de
quando vai nascer, podemos mesmo dizer que o nascimento é um acto decidido pelo feto. Ao esperar por
este momento a mãe e os profissionais que assistem ao parto e ao nascimento mostram um sinal de respeito
pela criança. Tomando esta atitude dá-se o devido tempo à criança e a mãe até que estejam preparadas para o
momento de dar à luz.
O que significa intervir de fora nesse plano temporal interno propositadamente? Interrompe-se um dos mais
importantes episódios do processo natural de desenvolvimento. O organismo não vai ter tempo de atingir a
maturação. É-lhe retirada a possibilidade de decidir. Nas cesarianas marcadas e realizadas antes do início do
trabalho de parto faltam um conjunto de hormonas à mãe, a hormona do parto, falta a protecção e as
estimulações necessárias ao acto de parir e ao acto de nascer. As crianças são abruptamente, em poucos
minutos, arrancadas ao seu meio ambiente conhecido. Muitos recém-nascidos parecem surpreendidos,
desprevenidos e desorientados. Subitamente a penumbra, o calor, o suporte e todo o apoio que o útero
oferece ao seu corpo desapareceram. Depois de um nascimento assim pode frequentemente reconhecer-se o
susto bem presente nos olhos do bebé.
Uma cesariana, quer seja de urgência ou marcada antecipadamente conduz sempre a uma interrupção
passageira do processo social de dar à luz: o vínculo, a comunicação emocional e corporal entre mãe e filho
sofrem um corte, que vai necessariamente deixar marcas. Cada um dos dois vive a situação individualmente,
a anestesia interpõe-se entre eles. Nos primeiros minutos depois do nascimento o filho poderá não estar junto
da mãe, e nos dias seguintes muitas mulheres têm tais dores que mal conseguem pegar no bebé ao colo. As
mulheres que desejaram um parto vaginal mas que necessitaram de uma cesariana por razões médicas podem
ainda sentir-se incompetentes por não terem sido capazes de um parto normal.
Visto do lado da criança as contracções são sentidas pelo seu corpo como um intenso acontecimento táctil e
corporal, que exprime o próprio processo de transição. Quando a estimulação prevista na natureza - a
contracção do útero e a expansão, no intervalo entre contracções - não é, ou quase não é vivida devido às
anestesias, podemos estar perante uma das causas do frequente sentimento de falta de consciência corporal
no adulto. (...)"

Ler mais: http://www.asaseraizes.pt/docs/daraluz.pdf

Paula Diederichs, adaptado por Claudia Pinheiro. Publicação original: Hebammeninfo 5/06: Die Sektio im Brennpunkt: Ist es egal, wann und wie wir geboren werden? Die emotionalen Auswirkungen der modernen Geburtspraktiken. (A Cesariana em debate: Tanto faz, onde e como nascemos? Sobre as consequências emocionais das práticas modernas de nascer) de Paula Diederichs, em www.asaseraizes.pt/textos

Doulas

Nesta quadra natalícia festejamos, basicamente, a família. E uma família existe a partir do momento que um casal recebe uma criança como filho, aceitando (e desejando) cuidar dele com todo o carinho e respeito, dando-lhe as armas para que ele se torne um Homem capaz de cuidar de si próprio sem supervisão e de cuidar de outros filhos até que estes se tornem também Homens....

As variantes da família clássica e tradicional, actualmente, são muitas.... e todas bem vindas. Mas não é acerca desta multiplicidade que me proponho escrever neste momento.

Gostaria de abordar a forma biológica de ter um filho. Um homem, uma mulher, uma gravidez, um parto e um bebé. Tudo muito natural e lógico.... um quadro de desejo, força e amor.....

Gostaria de abordar, neste contexto, o papel da doula na promoção de uma gravidez, parto e pós-parto plenos de consciência, tranquilidade, poder e afectividade....

Surge a questão....

"Quem é a doula?"

Apesar de em Portugal o termo "doula" ser desconhecido, em muitos outros países, dentro e fora da europa, esta é já uma palavra que faz parte do vocabulário de um casal que espera um filho... e, em última análise, esta palavra, apesar de estranha, representa nada mais que o papel desempenhado desde sempre, por alguém que acompanha a mulher durante toda a metamorfose que acontece no seu corpo, culminando no parto e na amamentação do bebé esperado.

A doula é a pessoa que, não sendo nem médico, nem enfermeiro, nem familiar da mulher grávida, tem formação específica e contínua para acompanhar do ponto de vista emocional e informativo a mulher, durante toda a gravidez, parto e pós-parto. Esta pessoa, que geralmente é uma mulher que já passou pela experiência de gravidez e parto, mas que em alguns casos pode ainda não ter tido filhos ou ser um homem, é alguém que sentiu um forte chamamento interior no sentido de ajudar outras mulheres a passar pela extraordinaria viagem que conduz à maternidade, por perceber que o processo implicado tem um fortíssimo componente emocional que raras vezes é tido em consideração nos acompanhementos tradicionais da gravidez e parto e que tanto influencia os processos fisiológicos em curso.

Este acompanhamento por uma doula já foi provado como muito benéfico em todas as fases da gravidez, parto e pós-parto em variadissimos estudos (Hofmeyr, Nikodem VC, Wolman WL, Chalmers BE, Kramer T. "Companionship to modify the clinical birth environment: effects on progress and perceptions of labour, and breastfeeding" Br J Obstet Gynaecol, 98:756-764; Langer A, Campero L, Garcia C, Reynoso S. "Effects of Psychosocial support during labour and childbirth on breast feeding, medical intervencions, and mothers`well-being in Mexican public hospital: a randomized clinical trial "Br J Obstet Gynecol, 105: 1056-1063, 1998; Kennell JH, McGrath SK "Labor Support by a Doula for middle-income couples; the effect on cesarean rates" Pediatrics Res, 32:12A,1993; etc...).

Por isso mesmo a doula é já uma figura instituida no conjunto dos tecnicos que acompanham a mulher grávida, em países como a Suiça, Inglaterra, Holanda, entre outros.

De um modo geral, os estudos referem uma diminuição na ansiedade da mulher durante toda a gravidez, uma diminuição do número de cesarianas, uma diminuição da necessidade de intervenções médicas invasivas, uma diminuição na duração do trabalho de parto, uma redução nos pedidos de anestesia, diminuição do risco de depressão pós-parto, um aumento do nível de atenção e receptividade para com o bebé, aumento do sucesso da amamentação e aumento da satisfação da mulher face à sua experiência de parto.

Face a estes resultados, podemos perguntar porquê em Portugal ainda não é vulgar as mulheres terem uma doula. Bem, a resposta é simples....

Tal como acontece com tudo o que é "novo", a figura da doula pode parecer ameaçadora a vários níveis.

Por um lado, muitas pessoas confundem a doula com a parteira, por outro, os técnicos de saúde ficam sensíveis a ter mais uma pessoa a "atrapalhar" os procedimentos médicos, por outro ainda a família sente que esse papel está muito bem desempenhado pelo companheiro da mulher grávida...

No entanto, as pessoas que ultrapassam a barreira do "medo do desconhecido" fácilmente reconhecem na doula competências paralelas e não antagónicas ou divergentes a todas as outras personagens que povoam o mundo de uma grávida.

Por um lado, a doula não sabe medicina, por isso nunca irá avaliar o estado de saúde ou realizar intervenções médicas. Por outro lado, como técnico competente na área do apoio emocional e ainda conhecendo algumas técnicas não médicas de alívio da dor, a doula fácilmente consegue resgatar na mulher a força inata que esta tem para parir, ajudando-a a manter-se focada no momento presente e assim, facilitar bastante o trabalho do médico ou enfermeiro na prossecução de um parto de sucesso.

Em relação ao papel do companheiro da mulher (pai do bebé que irá nascer), ao diminuir a ansiedade da mulher (e consequentemente do casal), a doula potencia todo o importantíssimo trabalho que aquele tem durante todo o processo, aumentando a confiança e a união do casal.

Actualmente, em Portugal, só quem sabe que existem doulas e procura por uma consegue ter acesso ao trabalho por elas desempenhado... não deveria ser assim! Penso ser importante incluirmos formalmente o papel da doula no apoio à gravidez, parto e pós-parto, para que seja aumentada a humanização do parto no nosso país.

Assim, com uma doula para cada mulher, certamente teremos um Portugal mais acolhedor para aqueles que nascem, já que a doula representa a ponte entre a emoção dos pais que esperam a chegada do seu filho e o saber científico dos tecnicos de saúde, necessário para garantir uma viagem segura até ao mundo da maternidade e da "família".

Em nome de todas as doulas que trabalham em portugal, desejo um novo ano repleto de amor em todas as famílias... porque a família é o primeiro mundo que conhecemos!

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Consequências emocionais das práticas modernas de dar à luz

"(...) Segundo os conhecimentos actuais é a criança que dá os primeiros sinais hormonais que desencadeiam o
parto. Isto quer dizer que internamente a criança tem um plano temporal, ela não só participa na decisão de
quando vai nascer, podemos mesmo dizer que o nascimento é um acto decidido pelo feto. Ao esperar por
este momento a mãe e os profissionais que assistem ao parto e ao nascimento mostram um sinal de respeito
pela criança. Tomando esta atitude dá-se o devido tempo à criança e a mãe até que estejam preparadas para o
momento de dar à luz.
O que significa intervir de fora nesse plano temporal interno propositadamente? Interrompe-se um dos mais
importantes episódios do processo natural de desenvolvimento. O organismo não vai ter tempo de atingir a
maturação. É-lhe retirada a possibilidade de decidir. Nas cesarianas marcadas e realizadas antes do início do
trabalho de parto faltam um conjunto de hormonas à mãe, a hormona do parto, falta a protecção e as
estimulações necessárias ao acto de parir e ao acto de nascer. As crianças são abruptamente, em poucos
minutos, arrancadas ao seu meio ambiente conhecido. Muitos recém-nascidos parecem surpreendidos,
desprevenidos e desorientados. Subitamente a penumbra, o calor, o suporte e todo o apoio que o útero
oferece ao seu corpo desapareceram. Depois de um nascimento assim pode frequentemente reconhecer-se o
susto bem presente nos olhos do bebé.
Uma cesariana, quer seja de urgência ou marcada antecipadamente conduz sempre a uma interrupção
passageira do processo social de dar à luz: o vínculo, a comunicação emocional e corporal entre mãe e filho
sofrem um corte, que vai necessariamente deixar marcas. Cada um dos dois vive a situação individualmente,
a anestesia interpõe-se entre eles. Nos primeiros minutos depois do nascimento o filho poderá não estar junto
da mãe, e nos dias seguintes muitas mulheres têm tais dores que mal conseguem pegar no bebé ao colo. As
mulheres que desejaram um parto vaginal mas que necessitaram de uma cesariana por razões médicas podem
ainda sentir-se incompetentes por não terem sido capazes de um parto normal.
Visto do lado da criança as contracções são sentidas pelo seu corpo como um intenso acontecimento táctil e
corporal, que exprime o próprio processo de transição. Quando a estimulação prevista na natureza - a
contracção do útero e a expansão, no intervalo entre contracções - não é, ou quase não é vivida devido às
anestesias, podemos estar perante uma das causas do frequente sentimento de falta de consciência corporal
no adulto. (...)"

Ler mais: http://www.asaseraizes.pt/docs/daraluz.pdf

Paula Diederichs, adaptado por Claudia Pinheiro. Publicação original: Hebammeninfo 5/06: Die Sektio im Brennpunkt: Ist es egal, wann und wie wir geboren werden? Die emotionalen Auswirkungen der modernen Geburtspraktiken. (A Cesariana em debate: Tanto faz, onde e como nascemos? Sobre as consequências emocionais das práticas modernas de nascer) de Paula Diederichs, em www.asaseraizes.pt/textos

Doulas

Nesta quadra natalícia festejamos, basicamente, a família. E uma família existe a partir do momento que um casal recebe uma criança como filho, aceitando (e desejando) cuidar dele com todo o carinho e respeito, dando-lhe as armas para que ele se torne um Homem capaz de cuidar de si próprio sem supervisão e de cuidar de outros filhos até que estes se tornem também Homens....

As variantes da família clássica e tradicional, actualmente, são muitas.... e todas bem vindas. Mas não é acerca desta multiplicidade que me proponho escrever neste momento.

Gostaria de abordar a forma biológica de ter um filho. Um homem, uma mulher, uma gravidez, um parto e um bebé. Tudo muito natural e lógico.... um quadro de desejo, força e amor.....

Gostaria de abordar, neste contexto, o papel da doula na promoção de uma gravidez, parto e pós-parto plenos de consciência, tranquilidade, poder e afectividade....

Surge a questão....

"Quem é a doula?"

Apesar de em Portugal o termo "doula" ser desconhecido, em muitos outros países, dentro e fora da europa, esta é já uma palavra que faz parte do vocabulário de um casal que espera um filho... e, em última análise, esta palavra, apesar de estranha, representa nada mais que o papel desempenhado desde sempre, por alguém que acompanha a mulher durante toda a metamorfose que acontece no seu corpo, culminando no parto e na amamentação do bebé esperado.

A doula é a pessoa que, não sendo nem médico, nem enfermeiro, nem familiar da mulher grávida, tem formação específica e contínua para acompanhar do ponto de vista emocional e informativo a mulher, durante toda a gravidez, parto e pós-parto. Esta pessoa, que geralmente é uma mulher que já passou pela experiência de gravidez e parto, mas que em alguns casos pode ainda não ter tido filhos ou ser um homem, é alguém que sentiu um forte chamamento interior no sentido de ajudar outras mulheres a passar pela extraordinaria viagem que conduz à maternidade, por perceber que o processo implicado tem um fortíssimo componente emocional que raras vezes é tido em consideração nos acompanhementos tradicionais da gravidez e parto e que tanto influencia os processos fisiológicos em curso.

Este acompanhamento por uma doula já foi provado como muito benéfico em todas as fases da gravidez, parto e pós-parto em variadissimos estudos (Hofmeyr, Nikodem VC, Wolman WL, Chalmers BE, Kramer T. "Companionship to modify the clinical birth environment: effects on progress and perceptions of labour, and breastfeeding" Br J Obstet Gynaecol, 98:756-764; Langer A, Campero L, Garcia C, Reynoso S. "Effects of Psychosocial support during labour and childbirth on breast feeding, medical intervencions, and mothers`well-being in Mexican public hospital: a randomized clinical trial "Br J Obstet Gynecol, 105: 1056-1063, 1998; Kennell JH, McGrath SK "Labor Support by a Doula for middle-income couples; the effect on cesarean rates" Pediatrics Res, 32:12A,1993; etc...).

Por isso mesmo a doula é já uma figura instituida no conjunto dos tecnicos que acompanham a mulher grávida, em países como a Suiça, Inglaterra, Holanda, entre outros.

De um modo geral, os estudos referem uma diminuição na ansiedade da mulher durante toda a gravidez, uma diminuição do número de cesarianas, uma diminuição da necessidade de intervenções médicas invasivas, uma diminuição na duração do trabalho de parto, uma redução nos pedidos de anestesia, diminuição do risco de depressão pós-parto, um aumento do nível de atenção e receptividade para com o bebé, aumento do sucesso da amamentação e aumento da satisfação da mulher face à sua experiência de parto.

Face a estes resultados, podemos perguntar porquê em Portugal ainda não é vulgar as mulheres terem uma doula. Bem, a resposta é simples....

Tal como acontece com tudo o que é "novo", a figura da doula pode parecer ameaçadora a vários níveis.

Por um lado, muitas pessoas confundem a doula com a parteira, por outro, os técnicos de saúde ficam sensíveis a ter mais uma pessoa a "atrapalhar" os procedimentos médicos, por outro ainda a família sente que esse papel está muito bem desempenhado pelo companheiro da mulher grávida...

No entanto, as pessoas que ultrapassam a barreira do "medo do desconhecido" fácilmente reconhecem na doula competências paralelas e não antagónicas ou divergentes a todas as outras personagens que povoam o mundo de uma grávida.

Por um lado, a doula não sabe medicina, por isso nunca irá avaliar o estado de saúde ou realizar intervenções médicas. Por outro lado, como técnico competente na área do apoio emocional e ainda conhecendo algumas técnicas não médicas de alívio da dor, a doula fácilmente consegue resgatar na mulher a força inata que esta tem para parir, ajudando-a a manter-se focada no momento presente e assim, facilitar bastante o trabalho do médico ou enfermeiro na prossecução de um parto de sucesso.

Em relação ao papel do companheiro da mulher (pai do bebé que irá nascer), ao diminuir a ansiedade da mulher (e consequentemente do casal), a doula potencia todo o importantíssimo trabalho que aquele tem durante todo o processo, aumentando a confiança e a união do casal.

Actualmente, em Portugal, só quem sabe que existem doulas e procura por uma consegue ter acesso ao trabalho por elas desempenhado... não deveria ser assim! Penso ser importante incluirmos formalmente o papel da doula no apoio à gravidez, parto e pós-parto, para que seja aumentada a humanização do parto no nosso país.

Assim, com uma doula para cada mulher, certamente teremos um Portugal mais acolhedor para aqueles que nascem, já que a doula representa a ponte entre a emoção dos pais que esperam a chegada do seu filho e o saber científico dos tecnicos de saúde, necessário para garantir uma viagem segura até ao mundo da maternidade e da "família".

Em nome de todas as doulas que trabalham em portugal, desejo um novo ano repleto de amor em todas as famílias... porque a família é o primeiro mundo que conhecemos!

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