Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.

Acordar a Tempo

Da leitura das últimas publicações do blog, dos vídeos que me têm enviado por email nas últimas horas e de um documentário que vi ontem na TV, da Nacional Geografic, por insistência do meu filho de 5 anos (o documentário falava de vírus), percebo uma interessante intersecção, que mais uma vez me vem lembrar a forma como tudo o que existe está interligado... apesar disso, o "Homem Moderno" parece estar cego a esta evidencia e agir como se pudesse controlar todos os fenómenos à sua conveniencia, como controla à distancia os aparelhos de sua casa.

É verdade. Precisamos de um Portugal e um Mundo Novos. Penso que mesmo os mais teimosos sentem isso nas suas entranhas. Apesar disso, as vidas confortáveis que muitos têm tolda-lhes a visão para esta evidencia... e vidas confortáveis proliferam, nos dias de crise de hoje, a uma velocidade igual ou superior às vidas difíceis. Mas aqui, seria importante contextualizar o que se entende por conforto e o que se entende por difícil.

Ter um carro, ter tecnologia de ponta, ter uma boa conta bancária, ter ar condicionado, ter férias no estrangeiro, ter, ter, ter..... a maior parte das vezes, já se confunde o indispensável com o que na realidade é apenas um luxo... e quando se pensa que ter nos traz poder, não se pensa que aquilo que possuímos na realidade nos aprisiona.
Não "perder-tempo", não ficar doente, não sentir dor, não sentir. Faz-se tudo para não se sentir nada, e com isso perde-se o contacto com a natureza animal em nós, que aos poucos nos vai afastando de nós próprios.

O "Homem Moderno" está demasiadamente anestesiado pelas coisas que comprou, ou que quer comprar e está demasiadamente ocupado em ganhar dinheiro para comprar essas coisas, para poder desperdiçar tempo com suas maleitas e sentimentos. É como se sentisse que sem "coisas" a sua existência não tem qualquer sentido. Rodeia-se de "coisas" e afasta-se dos "outros", humanos ou animais; sente-se protegido pelas suas "coisas", quando de facto está a ficar cada vez mais frágil, justamente por causa delas.... já não sabe quem é... já não sabe lidar com as suas emoções... está sozinho num mundo que foi construído à imagem das suas necessidades supérfluas, mas que agora o engole por não conseguir dar resposta às suas necessidades básicas.

Como no caso dos vírus do documentário, que o meu filho me convidou a ver com ele ontem. Parece que, afinal, os vírus não são todos "maus"! Parece que, na realidade, os vírus estão tão intimamente ligados ao processo da evolução das espécies, que se os conseguíssemos matar todos, estaríamos a assinar a sentença de morte a nós próprios. Será? Não sei. Os cientistas que falavam pareciam muito seguros do que diziam, apresentando provas e tudo mais. De qualquer forma, o que mais me impressionou foi encontrar a linha da inter-relação e da impermanência nos factos apontados; encontrar, no discurso empreendido, uma vasta gama de cores, e não apenas o preto e o branco que a sociedade moderna nos quer vender.

Sentimos-nos todos poderosos, quando (julgamos) controlamos as pragas, as doenças, a natureza, mas não nos lembramos nunca que esse sentimento só nos é permitido ter enquanto a natureza, de que fazemos parte, nos deixa... e ficamos sempre surpreendidos quando uma qualquer catástrofe natural nos abate com o mesmo esforço que empreendemos a apagar uma vela.

A solução para estas questões parece tão evidente, tão simples, tão transparente. No entanto, só alguns a conseguem enxergar. O poder económico, o dinheiro, para ser mais clara, é o entrave à visão clara que é necessária, já que ele é avesso à renuncia, ao voltar atrás, ao fazer menos, ao contentar-se com pouco, ao ser feliz simplesmente por ser.

... e enquanto uns se esforçam por acordar os outros, continua o "Homem Moderno" a afundar-se no seu mundo de fantasia onde permanece cada vez mais solitário e desprotegido.

Precisamos de um Novo Portugal e de um Novo Mundo. Precisamos de acordar, todos, a tempo!

1 comentários:

Serafina disse...

Hoje, na reflexão que fiz sobre Comunicação, para o movimento, incluí elementos do que aqui dizes. De facto, um corpo humano é, na realidade, um aglomerado de seres vivos, microorganismos, bactérias e outros, incluindo vírus, que vivem simbioticamente. Ou seja, não somos Um, nem mesmo fisicamente. Cada um de nós é uma multidão.
Um vírus é "apenas" ADN.
Abraço,
Laura

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Da leitura das últimas publicações do blog, dos vídeos que me têm enviado por email nas últimas horas e de um documentário que vi ontem na TV, da Nacional Geografic, por insistência do meu filho de 5 anos (o documentário falava de vírus), percebo uma interessante intersecção, que mais uma vez me vem lembrar a forma como tudo o que existe está interligado... apesar disso, o "Homem Moderno" parece estar cego a esta evidencia e agir como se pudesse controlar todos os fenómenos à sua conveniencia, como controla à distancia os aparelhos de sua casa.

É verdade. Precisamos de um Portugal e um Mundo Novos. Penso que mesmo os mais teimosos sentem isso nas suas entranhas. Apesar disso, as vidas confortáveis que muitos têm tolda-lhes a visão para esta evidencia... e vidas confortáveis proliferam, nos dias de crise de hoje, a uma velocidade igual ou superior às vidas difíceis. Mas aqui, seria importante contextualizar o que se entende por conforto e o que se entende por difícil.

Ter um carro, ter tecnologia de ponta, ter uma boa conta bancária, ter ar condicionado, ter férias no estrangeiro, ter, ter, ter..... a maior parte das vezes, já se confunde o indispensável com o que na realidade é apenas um luxo... e quando se pensa que ter nos traz poder, não se pensa que aquilo que possuímos na realidade nos aprisiona.
Não "perder-tempo", não ficar doente, não sentir dor, não sentir. Faz-se tudo para não se sentir nada, e com isso perde-se o contacto com a natureza animal em nós, que aos poucos nos vai afastando de nós próprios.

O "Homem Moderno" está demasiadamente anestesiado pelas coisas que comprou, ou que quer comprar e está demasiadamente ocupado em ganhar dinheiro para comprar essas coisas, para poder desperdiçar tempo com suas maleitas e sentimentos. É como se sentisse que sem "coisas" a sua existência não tem qualquer sentido. Rodeia-se de "coisas" e afasta-se dos "outros", humanos ou animais; sente-se protegido pelas suas "coisas", quando de facto está a ficar cada vez mais frágil, justamente por causa delas.... já não sabe quem é... já não sabe lidar com as suas emoções... está sozinho num mundo que foi construído à imagem das suas necessidades supérfluas, mas que agora o engole por não conseguir dar resposta às suas necessidades básicas.

Como no caso dos vírus do documentário, que o meu filho me convidou a ver com ele ontem. Parece que, afinal, os vírus não são todos "maus"! Parece que, na realidade, os vírus estão tão intimamente ligados ao processo da evolução das espécies, que se os conseguíssemos matar todos, estaríamos a assinar a sentença de morte a nós próprios. Será? Não sei. Os cientistas que falavam pareciam muito seguros do que diziam, apresentando provas e tudo mais. De qualquer forma, o que mais me impressionou foi encontrar a linha da inter-relação e da impermanência nos factos apontados; encontrar, no discurso empreendido, uma vasta gama de cores, e não apenas o preto e o branco que a sociedade moderna nos quer vender.

Sentimos-nos todos poderosos, quando (julgamos) controlamos as pragas, as doenças, a natureza, mas não nos lembramos nunca que esse sentimento só nos é permitido ter enquanto a natureza, de que fazemos parte, nos deixa... e ficamos sempre surpreendidos quando uma qualquer catástrofe natural nos abate com o mesmo esforço que empreendemos a apagar uma vela.

A solução para estas questões parece tão evidente, tão simples, tão transparente. No entanto, só alguns a conseguem enxergar. O poder económico, o dinheiro, para ser mais clara, é o entrave à visão clara que é necessária, já que ele é avesso à renuncia, ao voltar atrás, ao fazer menos, ao contentar-se com pouco, ao ser feliz simplesmente por ser.

... e enquanto uns se esforçam por acordar os outros, continua o "Homem Moderno" a afundar-se no seu mundo de fantasia onde permanece cada vez mais solitário e desprotegido.

Precisamos de um Novo Portugal e de um Novo Mundo. Precisamos de acordar, todos, a tempo!

1 comentários:

Serafina disse...

Hoje, na reflexão que fiz sobre Comunicação, para o movimento, incluí elementos do que aqui dizes. De facto, um corpo humano é, na realidade, um aglomerado de seres vivos, microorganismos, bactérias e outros, incluindo vírus, que vivem simbioticamente. Ou seja, não somos Um, nem mesmo fisicamente. Cada um de nós é uma multidão.
Um vírus é "apenas" ADN.
Abraço,
Laura

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