Um espaço para reinventar Portugal como nação de todo o Mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações e promova os valores mais universalistas, conforme o símbolo da Esfera Armilar. Há que visar o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, orientada não só para o bem da espécie humana, mas também para a preservação da natureza e o bem-estar de todas as formas de vida sencientes.

"Nós, Portugal, o poder ser"

- Fernando Pessoa, Mensagem.

Nem diferença, nem identidade: um novo paradigma - ENTRE



"Erra-se, creio, ao encarar a diversidade das culturas sob o ângulo da diferença. Pois a diferença reenvia à identidade como ao seu contrário e, por consequência, à reivindicação identitária - vê-se suficientemente quantos falsos debates daí se seguem hoje em dia. Considerar a diversidade das culturas a partir das suas diferenças conduz com efeito a atribuir-lhes traços específicos e encerra cada uma delas numa unidade de princípio, a qual se constata imediatamente quanto é arriscada. Pois sabe-se que toda a cultura é plural tanto quanto é singular e que não cessa ela própria de mudar; que é simultaneamente levada a homogeneizar-se e a heterogeneizar-se, a desidentificar-se como a reidentificar-se, a confirmar-se mas também a resistir: a impor-se como cultura dominante mas, imediatamente, a suscitar contra si a dissidência. Oficial e underground: o cultural não se manifesta e não se activa senão sempre entre os dois.

É por isso que preferi, na minha oficina aberta entre a China e a Europa, tratar não de diferenças mas antes de afastamentos. Pois o afastamento promove um ponto de vista que é, já não de identificação, mas, diria, de exploração: ele considera até onde podem desdobrar-se diversos possíveis e que ramificações são discerníveis no pensamento. [...]"

- François Jullien, Les transformations silencieuses. Chantiers, I, Paris, Bernaerd Grasset, 2009, pp.36-37.

Um novo paradigma: ENTRE. A hora não é de promover identidades, ou seja, muros culturais, mas sim de desvendar as pontes, as relações, de que é feita a tessitura do humano e que se ocultam na aparência de fronteiras essenciais.

arevistaentre.blogspot.com

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Nem diferença, nem identidade: um novo paradigma - ENTRE



"Erra-se, creio, ao encarar a diversidade das culturas sob o ângulo da diferença. Pois a diferença reenvia à identidade como ao seu contrário e, por consequência, à reivindicação identitária - vê-se suficientemente quantos falsos debates daí se seguem hoje em dia. Considerar a diversidade das culturas a partir das suas diferenças conduz com efeito a atribuir-lhes traços específicos e encerra cada uma delas numa unidade de princípio, a qual se constata imediatamente quanto é arriscada. Pois sabe-se que toda a cultura é plural tanto quanto é singular e que não cessa ela própria de mudar; que é simultaneamente levada a homogeneizar-se e a heterogeneizar-se, a desidentificar-se como a reidentificar-se, a confirmar-se mas também a resistir: a impor-se como cultura dominante mas, imediatamente, a suscitar contra si a dissidência. Oficial e underground: o cultural não se manifesta e não se activa senão sempre entre os dois.

É por isso que preferi, na minha oficina aberta entre a China e a Europa, tratar não de diferenças mas antes de afastamentos. Pois o afastamento promove um ponto de vista que é, já não de identificação, mas, diria, de exploração: ele considera até onde podem desdobrar-se diversos possíveis e que ramificações são discerníveis no pensamento. [...]"

- François Jullien, Les transformations silencieuses. Chantiers, I, Paris, Bernaerd Grasset, 2009, pp.36-37.

Um novo paradigma: ENTRE. A hora não é de promover identidades, ou seja, muros culturais, mas sim de desvendar as pontes, as relações, de que é feita a tessitura do humano e que se ocultam na aparência de fronteiras essenciais.

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