A pedagogia Waldorf, introduzida em Portugal em1984, aposta na liberdade de desenvolvimento das crianças, valorizando nosprimeiros sete anos de vida o aspecto sensorial, em detrimento dointelectual.(27-03-2006)
Trabalhar a favor e não contra a tendência natural dascrianças para serem activas, valorizar as experiências sensoriais nosprimeiros anos de vida e viver ao ritmo das estações do ano, são algunsdos princípios da pedagogia Waldorf, ainda pouco divulgada emPortugal.De facto, apenas dois jardins-de-infância portuguesesincluem actividades como modelar cera de abelhas, costurar panoscoloridos, amassar e cozer pão, trabalhar com materiais naturais, comotroncos de madeira, conchas e cortiça, ou tratar da horta e do jardim.Estas são actividades que, segundo a corrente pedagógica Waldorf,desenvolvem os sentidos das crianças, estimulam a imaginação, a vitalidadee a alegria de viver, apostando sempre numa maior ligação e respeito pelaNatureza.Ana Abreu, fundadora do Jardim-de-Infância S. Jorge, emAlfragide, onde se encontram crianças entre os 4 meses e os 6 anos,introduziu esta pedagogia alternativa em Portugal, em 1984. Segundoexplica esta educadora, a abordagem que o método Waldorf faz nos primeirosanos de vida centra-se mais no desenvolvimento motor e sensorial dacriança, deixando para segundo plano os aspectos intelectual ecognitivo."É muito importante que as crianças brinquem livrementee que expressem aquilo que elas realmente sentem, ou seja, não a partirdas nossas agendas, mas a partir daquilo que elas necessitam desenvolver ecriar".A formação Waldorf inclui as vertentes científica,artística e estética. "A nossa prioridade é que a criança se revele comoum ser único, e portanto aquilo que lhe damos enquanto ambiente educativoé para ela se desenvolver de acordo com a sua própria vontade, com o quesente que precisa. Isso não quer dizer, no entanto, que ela não tenhalimites no seu processo de desenvolvimento", afirma.Ana Abreuprefere usar o termo "processo de desenvolvimento" a "processo educativo",porque acredita que as crianças não se educam: "Há certos parâmetros quesão comuns a todos nós, mas há outros que são completamente individuais,que não são educáveis, antes pelo contrário, são aquilo que cada criançatraz. Um aspecto individual que é único e com o qual todos nós tambémaprendemos", explica a responsável.Mais a sul, no concelho Lagos,a alemã Eva Herre fundou em 1992 o Jardim Infância Viva, em Barão de SãoJoão, que actualmente conta com 30 crianças.Além da vertenteartística, Eva Herre salienta também que a pedagogia Waldorf está muitoenraizada no respeito e na admiração pelo Mundo, incutindo nas crianças acapacidade e a responsabilidade de intervir na preservação da Natureza."Os pais que procuram o nosso jardim-de-infância desejam que os seusfilhos tenham uma formação com mais liberdade e em harmonia com aNatureza, saudável para o corpo, a alma e o espírito."Para adirectora do Jardim Infância Viva, o sistema Waldorf não é só umapedagogia, é também um método e uma atitude que tem a ver com uma formaglobal de encarar o Mundo. "É importante dar tempo e espaço suficientespara uma aprendizagem sem competição e sem pressas. A pedagogia Waldorf éum movimento mundial com uma forte abordagem multicultural, que torna ascrianças mais autónomas e responsáveis, com consciência étnica e respeitopela diversidade, procurando formas de se integrar e participar numasociedade saudável", explica.No Jardim Infância Viva, aalimentação é constituída por pratos vegetarianos e o ambiente éinternacional, mas Eva assegura que o ensino tem como base a língua e acultura portuguesas.É precisamente nesta questão que se reflecte aúnica preocupação relativamente a esta pedagogia manifestada por TeresaVasconcelos, directora do Departamento de Educação de Infância eEspecializações Educativas da Escola Superior de Educação de Lisboa. "Omodelo de Waldorf é interessante, nomeadamente porque é contracorrente eprocura uma pedagogia alternativa, mesmo ao nível da alimentação. Mas,obviamente, não será indicada para todas as crianças, porque é necessárioque as próprias famílias também se encontrem inseridas nessa lógica depensamento, seguindo um estilo de vida alternativo, com menor consumismo emaior ligação à Natureza."Teresa Vasconcelos entende também que naaplicação ao contexto português, a pedagogia de Waldorf deveriaultrapassar os aspectos específicos do país de onde é originária(Alemanha). Deveria ser "mais permeável à realidade portuguesa e às nossastradições, fazendo uma maior aculturação ao contexto português", afirma aresponsável.Fundada por Rudolf Steiner em 1919, em Estugarda, naAlemanha, inicialmente através de uma escola para os filhos dos operáriosda fábrica de cigarros Waldorf-Astória, a pedagogia de Waldorfdistinguiu-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos até hojeconsiderados revolucionários.Actualmente existem mais de 700escolas em todo o Mundo que trabalham com a pedagogia de Waldorf, sendoque em Portugal apenas os dois jardins-de-infância referidos neste artigoe uma escola de educação especial, em Seia, recorrem a estapedagogia.
in «Educare.PT», 24/03/2006
Fonte: http://www.esenviseu.net/Principal/Noticias/Noticias.asp?CodID=264 Maisinformações:http://www.google.pt/search?num=50&hl=pt-PT&newwindow=1&q=%22pedagogia+Waldorf%22&meta=lr%3Dlang_pt
PEDAGOGIA WALDORF - o que é?
PEDAGOGIA WALDORF - o que é?
Trabalhar a favor e não contra a tendência natural dascrianças para serem activas, valorizar as experiências sensoriais nosprimeiros anos de vida e viver ao ritmo das estações do ano, são algunsdos princípios da pedagogia Waldorf, ainda pouco divulgada emPortugal.De facto, apenas dois jardins-de-infância portuguesesincluem actividades como modelar cera de abelhas, costurar panoscoloridos, amassar e cozer pão, trabalhar com materiais naturais, comotroncos de madeira, conchas e cortiça, ou tratar da horta e do jardim.Estas são actividades que, segundo a corrente pedagógica Waldorf,desenvolvem os sentidos das crianças, estimulam a imaginação, a vitalidadee a alegria de viver, apostando sempre numa maior ligação e respeito pelaNatureza.Ana Abreu, fundadora do Jardim-de-Infância S. Jorge, emAlfragide, onde se encontram crianças entre os 4 meses e os 6 anos,introduziu esta pedagogia alternativa em Portugal, em 1984. Segundoexplica esta educadora, a abordagem que o método Waldorf faz nos primeirosanos de vida centra-se mais no desenvolvimento motor e sensorial dacriança, deixando para segundo plano os aspectos intelectual ecognitivo."É muito importante que as crianças brinquem livrementee que expressem aquilo que elas realmente sentem, ou seja, não a partirdas nossas agendas, mas a partir daquilo que elas necessitam desenvolver ecriar".A formação Waldorf inclui as vertentes científica,artística e estética. "A nossa prioridade é que a criança se revele comoum ser único, e portanto aquilo que lhe damos enquanto ambiente educativoé para ela se desenvolver de acordo com a sua própria vontade, com o quesente que precisa. Isso não quer dizer, no entanto, que ela não tenhalimites no seu processo de desenvolvimento", afirma.Ana Abreuprefere usar o termo "processo de desenvolvimento" a "processo educativo",porque acredita que as crianças não se educam: "Há certos parâmetros quesão comuns a todos nós, mas há outros que são completamente individuais,que não são educáveis, antes pelo contrário, são aquilo que cada criançatraz. Um aspecto individual que é único e com o qual todos nós tambémaprendemos", explica a responsável.Mais a sul, no concelho Lagos,a alemã Eva Herre fundou em 1992 o Jardim Infância Viva, em Barão de SãoJoão, que actualmente conta com 30 crianças.Além da vertenteartística, Eva Herre salienta também que a pedagogia Waldorf está muitoenraizada no respeito e na admiração pelo Mundo, incutindo nas crianças acapacidade e a responsabilidade de intervir na preservação da Natureza."Os pais que procuram o nosso jardim-de-infância desejam que os seusfilhos tenham uma formação com mais liberdade e em harmonia com aNatureza, saudável para o corpo, a alma e o espírito."Para adirectora do Jardim Infância Viva, o sistema Waldorf não é só umapedagogia, é também um método e uma atitude que tem a ver com uma formaglobal de encarar o Mundo. "É importante dar tempo e espaço suficientespara uma aprendizagem sem competição e sem pressas. A pedagogia Waldorf éum movimento mundial com uma forte abordagem multicultural, que torna ascrianças mais autónomas e responsáveis, com consciência étnica e respeitopela diversidade, procurando formas de se integrar e participar numasociedade saudável", explica.No Jardim Infância Viva, aalimentação é constituída por pratos vegetarianos e o ambiente éinternacional, mas Eva assegura que o ensino tem como base a língua e acultura portuguesas.É precisamente nesta questão que se reflecte aúnica preocupação relativamente a esta pedagogia manifestada por TeresaVasconcelos, directora do Departamento de Educação de Infância eEspecializações Educativas da Escola Superior de Educação de Lisboa. "Omodelo de Waldorf é interessante, nomeadamente porque é contracorrente eprocura uma pedagogia alternativa, mesmo ao nível da alimentação. Mas,obviamente, não será indicada para todas as crianças, porque é necessárioque as próprias famílias também se encontrem inseridas nessa lógica depensamento, seguindo um estilo de vida alternativo, com menor consumismo emaior ligação à Natureza."Teresa Vasconcelos entende também que naaplicação ao contexto português, a pedagogia de Waldorf deveriaultrapassar os aspectos específicos do país de onde é originária(Alemanha). Deveria ser "mais permeável à realidade portuguesa e às nossastradições, fazendo uma maior aculturação ao contexto português", afirma aresponsável.Fundada por Rudolf Steiner em 1919, em Estugarda, naAlemanha, inicialmente através de uma escola para os filhos dos operáriosda fábrica de cigarros Waldorf-Astória, a pedagogia de Waldorfdistinguiu-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos até hojeconsiderados revolucionários.Actualmente existem mais de 700escolas em todo o Mundo que trabalham com a pedagogia de Waldorf, sendoque em Portugal apenas os dois jardins-de-infância referidos neste artigoe uma escola de educação especial, em Seia, recorrem a estapedagogia.
in «Educare.PT», 24/03/2006
Fonte: http://www.esenviseu.net/Principal/Noticias/Noticias.asp?CodID=264 Maisinformações:http://www.google.pt/search?num=50&hl=pt-PT&newwindow=1&q=%22pedagogia+Waldorf%22&meta=lr%3Dlang_pt
2 comentários:
- Cristina Castro disse...
-
Obrigada Dulce! Acredito muito nesta forma de ensino/aprendizagem!
- 4 de janeiro de 2010 às 14:01
- Anónimo disse...
-
Também eu acredito muito nesta pedagogia!
... pena que, neste momento, seja só para alguns e que, por isso, seja um "artigo de luxo"....
Também achei interessante o comentário da
directora do Departamento de Educação de Infância e Especializações Educativas da Escola Superior de Educação de Lisboa: "...não será indicada para todas as crianças, porque é necessário que as próprias famílias também se encontrem inseridas nessa lógica de pensamento, seguindo um estilo de vida alternativo, com menor consumismo e maior ligação à Natureza"
... será que não seria legítimo o Ministério da Educação repensar as políticas educativas, no sentido de determinar aquilo que é mais urgente estimular na formação de crianças?...
...será que ser "menos consumista e mais ligado à natureza" é uma excentricidade ou uma necessidade de sobrevivencia para o ser humano?
... vou ficar a pensar nisto! - 6 de janeiro de 2010 às 16:56
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Manifesto
Aqui se apresenta a proposta de um cidadão português que, no decurso da sua docência universitária, obra publicada e intervenção cultural, tem seguido com interesse e preocupação os rumos recentes de Portugal e do mundo. Convicto de que urge refundar Portugal, eis uma lista de prioridades para o país e o mundo melhor a que temos direito e que todos temos o dever de construir. Agradecem-se os contributos críticos, de modo a que a proposta se aperfeiçoe e complete e sirva de plataforma para a discussão pública e a intervenção cultural e cívica que visa, pelos meios que se verificarem ser os mais oportunos.
I – Portugal é uma nação que, pela diáspora planetária da sua história e cultura, pela situação geográfica e pela língua, com 240 milhões de falantes em toda a comunidade lusófona, tem a potencialidade de ser uma nação cosmopolita, uma nação de todo o mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações. Este perfil vocaciona-nos para o cultivo dos valores mais universalistas, promovendo o diálogo com todas as culturas mundiais. Os valores mais universalistas são aqueles que promovam o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, visando não apenas o bem da espécie humana, mas também a preservação da natureza e do bem-estar de todas as formas de vida animal, como condição da própria qualidade e dignidade da vida humana.
II – O nosso potencial universalista tem sido sistematicamente ignorado pelas nossas orientações governativas, desde a época dos Descobrimentos até hoje. Se no passado predominou a pretensão de dilatar a Fé e o Império, hoje predomina a sujeição da nação aos novos senhores do mundo, as grandes esferas de interesses político-económicos. Portugal está ao serviço da globalização de um paradigma de desenvolvimento económico-tecnológico que explora desenfreadamente os recursos naturais e instrumentaliza homens e animais, donde resulta um enorme sofrimento, um fosso crescente entre homens, classes, povos e nações, a redução da biodiversidade e o arrastar do planeta para uma crise sem precedentes.
III – A assunção do nosso potencial universalista implica uma reforma das mentalidades, com plena expressão ética, cultural, social, política e económica. Nesse sentido se propõem as seguintes medidas urgentes, que visam implementar entre nós um novo paradigma, convergente com as melhores aspirações humanas e com os grandes desafios deste início do século XXI:
1 – Portugal deve dar prioridade absoluta a um desenvolvimento económico sustentado, que salvaguarde a harmonia ecológica e o bem-estar da população humana e animal. A Constituição da República Portuguesa deve consagrar a senciência dos animais – a sua capacidade de sentir dor e prazer - e o seu direito à vida e ao bem-estar. Portugal deve aprender com a legislação das nações europeias mais evoluídas neste domínio, adaptando-a à realidade nacional.
2 – Portugal deve ensaiar modelos de desenvolvimento alternativos, que preservem e promovam a diversidade cultural, biológica e ecoregional. Há que promover a sustentabilidade económica do país, desenvolvendo as economias locais. Devem-se substituir quanto possível as energias não-renováveis (petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear), por energias renováveis e alternativas (solar, eólica, hidráulica, marmotriz, etc.), superando o paradigma, a vulnerabilidade e as dependências de uma economia baseada no petróleo e nos hidrocarbonetos. Deve-se particularmente explorar as potencialidades energéticas dos nossos mais de 900 km de costa.
3 - Devem-se ensaiar formas de organização económica cujo objectivo fundamental não seja apenas o lucro financeiro. Deve-se assegurar o predomínio da ética e da política sobre a economia, de modo a que a produção e distribuição da riqueza vise o bem comum do ecossistema e dos seres vivos, a satisfação das necessidades básicas dos homens e a melhoria geral da sua qualidade de vida, bem como o acesso de todos à educação e à cultura.
4 - Deve-se investir num programa pedagógico de redução das necessidades artificiais que permita oferecer alternativas ao produtivismo e consumismo, fazendo do trabalho e do desenvolvimento económico não um fim em si, com o inevitável dano da harmonia ecológica, da biodiversidade e do bem-estar de homens e animais, mas um mero meio para a fruição de um crescente tempo livre de modo mais gratificante e criativo. Deve-se fiscalizar mais rigorosamente o crédito ao consumo, de forma a evitar o crescente endividamento das famílias.
5 – Há que criar um serviço público de saúde eficiente e acessível a todos, que inclua a possibilidade de optar por medicinas e terapias alternativas, de qualidade e eficácia comprovada, como a homeopatia, a acupunctura, a osteopatia, o shiatsu, o yoga, a meditação, etc. Estas opções, bem como os medicamentos naturais e alternativos, devem ser igualmente comparticipadas pelo Estado.
6 – Importa informar e sensibilizar a população para os efeitos nocivos de vários hábitos alimentares - nomeadamente o consumo excessivo de carne - , para o meio ambiente, a saúde pública e o bem-estar de homens e animais. Sendo uma das principais causas do aquecimento global, do esgotamento dos recursos naturais e do sofrimento dos animais, há que restringir e criar alternativas à agropecuária intensiva. Deve-se divulgar a possibilidade de se viver saudavelmente com uma alimentação não-carnívora, vegetariana ou vegan e devem-se reduzir os impostos sobre os produtos de origem natural e biológica.
7 - Portugal, a par do desenvolvimento económico sustentado, deve investir sobretudo nos domínios da saúde, da educação e da cultura, não só tecnológica, mas filosófica, literária, artística e científica. O Orçamento do Estado deve reflectir isso, reduzindo os gastos com a Defesa, o Exército e as obras públicas de fachada. Urge moralizar e reduzir os salários e reformas de presidentes, ministros, deputados e detentores de cargos na administração pública e privada, a par do aumento dos impostos sobre os grandes rendimentos.
8 - Redignificar, com exigência, os professores e todos os profissionais ligados à educação e à cultura. A educação e a cultura não devem estar dependentes de critérios economicistas e das flutuações do mercado de emprego. Os vários níveis de ensino visarão a formação integral da pessoa, não a sacrificando a uma mera funcionalização profissional. A par disto, há que sensibilizar as famílias para não abandonarem as crianças em frente dos computadores e dos maus programas de televisão. A televisão pública deve melhorar o seu nível, investindo mais em programas de informação e formação.
Nos vários níveis de ensino deve ser introduzida uma disciplina que sensibilize para o respeito pela natureza, a vida humana e a vida animal, bem como outra que informe sobre a diversidade de paradigmas culturais, morais e religiosos coexistentes nas sociedades contemporâneas. Nos mesmos níveis de ensino deve estar presente a cultura portuguesa e lusófona, bem como as várias culturas planetárias. Um português culto e bem formado deve ter uma consciência lusófona e universal, não apenas europeia-ocidental.
A meditação, com benefícios científicamente reconhecidos - quanto ao equilíbrio e saúde psicofisiológicos, ao aumento da concentração e da memória, à melhoria na aprendizagem, à maior eficiência no trabalho e à harmonia nas relações humanas - , deve ser facultada em todos os níveis dos currículos escolares, em termos puramente laicos, sem qualquer componente religiosa.
9 - Portugal deve assumir-se na primeira linha da defesa dos direitos humanos e dos seres vivos em todos os pontos do planeta em que sejam violados, sem obedecer a pressões políticas ou económicas internacionais. Portugal deve ser um lugar de bom acolhimento para todos os emigrantes e estrangeiros que o procurem para trabalhar e viver.
10 – Portugal deve aprofundar as relações culturais, económicas e políticas com as nações de língua portuguesa, incluindo a região da Galiza, Goa, Damão, Diu, Macau e os outros lugares da nossa diáspora onde se fala o português, sensibilizando a comunidade lusófona para as causas universais, ambientais, humanitárias e animais.
11 - Portugal deve promover a Lusofonia e os valores universalistas da cultura portuguesa e lusófona no mundo, dando o seu melhor exemplo e contributo para converter a sociedade planetária na possível comunidade ético-cultural e ecuménica visada entre nós por Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. Portugal deve assumir-se como um espaço multicultural e de convivência com a diversidade, um espaço privilegiado para o tão actual desafio do diálogo intercultural e inter-religioso, alargado ao diálogo entre crentes e descrentes. Deve precaver-se contudo de tentações neo-imperialistas e de qualquer nacionalismo lusófono ou lusocêntrico. A Lusofonia não deve abafar outras línguas e culturas que existam no seu espaço.
12 - Verifica-se haver em Portugal e na Europa em geral uma grave crise de representação eleitoral, patente na elevada abstenção e descrédito dos políticos, dos partidos e da política, os quais, segundo a opinião geral, apenas promovem o acesso ao poder de indivíduos e grupos que sacrificam o bem comum a interesses pessoais e particulares, com destaque para os das grandes forças económicas. As eleições são assim sistematicamente ganhas por representantes de minorias, relativamente à totalidade dos cidadãos eleitores, que governam isolados da maioria real das populações, que os consideram com alheamento, desconfiança e desprezo, tornando-se vítimas passivas das suas políticas. O actual sistema eleitoral também não promove a melhor justiça representativa, não facilitando a representação de uma maior diversidade de forças políticas e limitando-a às organizações partidárias, o que contribui para a instrumentalização do aparelho de Estado, dos lugares de decisão político-económica e da comunicação social pelos grandes partidos.
Esta é uma situação que compromete seriamente a democracia e que a história ensina anteceder todas as tentativas de soluções ditatoriais. Há que regenerar a democracia em Portugal, reformando o estado e o sistema eleitoral segundo modelos que fomentem a mais ampla participação e intervenção política da sociedade civil, facilitando a representação de novas forças políticas e possibilitando que cidadãos independentes concorram às eleições. Deve-se recuperar a tradição municipalista portuguesa e promover uma regionalização e descentralização administrativa equilibradas, assegurando mecanismos de prevenção e controlo dos despotismos locais.
Há que colocar a política ao serviço da ética e da cultura e mobilizar a população para a intervenção cívica e política em torno dos desafios fundamentais do nosso tempo, com destaque para a protecção da natureza, o bem-estar dos seres vivos e uma nova consciência planetária. Há que mobilizar os cidadãos indiferentes e descrentes da vida política, a enorme percentagem de abstencionistas e todos aqueles que se limitam a votar, para a responsabilidade de reflectirem, discutirem e criarem o melhor destino a dar à nação. Há que, dentro dos quadros democráticos e legais, promover formas alternativas de intervenção cultural, social e cívica, que permitam antecipar tanto quanto possível a realidade desejada, sem depender dos poderes instituídos.
Convicto de que estas medidas permitirão que Portugal recupere o pioneirismo e criatividade que o caracterizou no impulso dos Descobrimentos, mas agora sem escravizar e explorar outros povos, apelo a que todos dêem o vosso contributo para a discussão, aperfeiçoamento e divulgação deste Manifesto. De todos nós depende que ele se constitua na plataforma de um movimento cívico e cultural de reflexão e acção, que nos arranque ao comodismo e passividade em que estamos instalados.
Por um Outro Portugal!
Contribuidores
- Ana Moreira
- Ana Rodrigues
- Bernardo Almeida
- Dr Carlos Gonçalves
- Duarte D. Braga
- Duarte
- Estudo Geral
- Fernando Emídio
- Gil
- Helena Caetano
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2 comentários:
Obrigada Dulce! Acredito muito nesta forma de ensino/aprendizagem!
Também eu acredito muito nesta pedagogia!
... pena que, neste momento, seja só para alguns e que, por isso, seja um "artigo de luxo"....
Também achei interessante o comentário da
directora do Departamento de Educação de Infância e Especializações Educativas da Escola Superior de Educação de Lisboa: "...não será indicada para todas as crianças, porque é necessário que as próprias famílias também se encontrem inseridas nessa lógica de pensamento, seguindo um estilo de vida alternativo, com menor consumismo e maior ligação à Natureza"
... será que não seria legítimo o Ministério da Educação repensar as políticas educativas, no sentido de determinar aquilo que é mais urgente estimular na formação de crianças?...
...será que ser "menos consumista e mais ligado à natureza" é uma excentricidade ou uma necessidade de sobrevivencia para o ser humano?
... vou ficar a pensar nisto!
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