DESTAK - Economia 01 02 2010
FELICIDADE E BEM ESTAR NAS CONTAS DO PROGRESSO
Os adeptos da FIB defendem que sem a felicidade os cálculos não estão correctos; os cépticos apontam o dedo à subjectividade, difícil de contornar. Todos concordam que é tempo de pensar em novas fórmulas.
Carla Marina Mendes cmendes@destak.pt
Já todos, até mesmo os que desconhecem o significado da palavra, ouviram falar do PIB, o mesmo é dizer, o Produto Interno Bruto. Ele há o nominal, o real, o per capita, o específico... Resumindo, uma série de contas transformadas em sigla, que povoam o vocabulário dos economistas e salpicam os discursos dos políticos, não mais significando que a soma de tudo aquilo que é produzido num país - bens e serviços -, num determinado período de tempo. É um dos indicadores mais usados, sobretudo para medir a actividade económica e riqueza de uma determinada região, mas são cada vez mais os que lhe detectam falhas, ressaltando que a felicidade e o bem-estar, ignorados nestas contas, deviam fazer parte integrante da fórmula, já que são tão ou mais importantes do que as questões económicas para determinar a riqueza de uma sociedade.
Adeptos de diferentes cores
Nicolas Sarkozy, o presidente francês, tem sido um dos grandes adeptos da inclusão de critérios associados à felicidade nas contas do PIB, apostado que está em que as organizações internacionais façam com que a noção de bem-estar se torne parte integrante dos indicadores económicos. «O Produto Interno Bruto é mal utilizado» disse, ao mesmo tempo que pediu aos países para abandonarem o que diz ser a «religião dos índices».
Por isso, criou uma comissão com pesos pesados da economia, como o Nobel Jospeh Stiglitz, que após um longo trabalho chegou à conclusão que devem ser criados novos indicadores que, entre outras coisas, deveriam pôr em evidência as desigualdades sociais e valorizar a noção de bem-estar em detrimento da actividade económica simples.
Por exemplo, avançou o jornal Le Monde, no caso de uma catástrofe natural, o PIB sofre um aumento, graças aos gastos com a reconstrução das zonas atingidas. No entanto, fora das contas fica o custo humano.
Por isso, criou uma comissão com pesos pesados da economia, como o Nobel Jospeh Stiglitz, que após um longo trabalho chegou à conclusão que devem ser criados novos indicadores que, entre outras coisas, deveriam pôr em evidência as desigualdades sociais e valorizar a noção de bem-estar em detrimento da actividade económica simples.
Por exemplo, avançou o jornal Le Monde, no caso de uma catástrofe natural, o PIB sofre um aumento, graças aos gastos com a reconstrução das zonas atingidas. No entanto, fora das contas fica o custo humano.
O que fazer à subjectividade
«O PIB é uma medida da produção de um país que obviamente tem muitos defeitos se usado como medida de bem-estar», confirmou ao Destak o economista João César das Neves. Até porque, acrescenta ainda o especialista, «produzir mais criando poluição, engarrafamentos, confusão, crimes, produtos inúteis, etc pode ser um aumento de PIB e redução de bem-estar». Por isso, já há muito que se tenta encontrar uma alternativa e, diz César das Neves, «algumas até são interessantes». No entanto, há um problema difícil de contornar: «a dificuldade em calcular e obter algo com sentido.
Esses indicadores levantam grandes problemas de cálculo, subjectividade, comparabilidade, etc. Por isso é que o PIB, apesar de tudo, continua ser usado, porque aí sabemos o que estamos a medir».
Esses indicadores levantam grandes problemas de cálculo, subjectividade, comparabilidade, etc. Por isso é que o PIB, apesar de tudo, continua ser usado, porque aí sabemos o que estamos a medir».
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Um pioneiro chamado Butão
Chama-se Butão, situa-se entre a Índia e a China e foi nele que, em 1972, o rei Jigme Singye Wangchuck decidiu criar uma forma de medir a felicidade dos seus cerca de 700 mil súbditos, o que acabou por dar origem à Felicidade Interna Bruta (FIB). A ideia aqui subjacente e que acabou por correr Mundo, chamando a atenção de muitos governantes e teóricos, é a de que o fluxo monetário não deveria ser a única forma de medir o progresso das nações. Pelo contrário, o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade só é possível com os avanços nos dois níveis: o material e o espiritual. «A felicidade interna baseia-se em dois princípios budistas», confirmou o lama reencarnado Mynak Trulku. Ao todo, são quatro os pilares que norteiam o FIB do Butão: desenvolvimento sócio-económico equitativo; preservação e promoção da cultura; conservação do meio ambiente e um bom governo. Depois de anos de estudo, foi criado um questionário que os cidadãos respondem a cada dois anos, dividido em nove grandes áreas: bem-estar psicológico, uso do tempo, vitalidade da comunidade, cultura, saúde, educação, ambiente, nível de vida e governo. E é a partir dos resultados aqui obtidos que se traçam e definem estratégias.
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FIB - Felicidade Interna Bruta
Bem-estar psicológico - É bem sabido que nem só do físico vive o homem. A parte mental é determinante e deveria, diz quem sabe, integrar as contas da riqueza de um País.
Saúde - Sem ela, toda a riqueza do Mundo pouco ou nada significa. A medição dos hábitos de sono, alimentares, entre outros, é um dos pilares da FIB.
Educação - Os estudos e o nível de educação são já indicadores usados para medir o progresso de uma sociedade e que servem de pilares para a FIB.
Cultura - O desenvolvimento das capacidades artísticas e a participação em actividades culturais são dois elementos que fazem parte deste indicador.
Nível de vida - Aqui, entra a parte económica, com a avaliação dos níveis de endividamento, dos rendimentos e das despesas, algo que faz parte integrante das contas do PIB.
Governação - Os líder da nação e a forma como governam não ficam de fora do escrutínio. Avaliados são também, entre outros, o funciomanento da Justiça e os níveis de segurança.
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Os mais e menos felizes
São vários os rankings e tops, que elegem os mais e menos felizes do Planeta. Num deles, realizado pela New Economics Foundation, a Costa Rica destaca-se no primeiro lugar, conquistando o título de país mais feliz do Mundo. Portugal aperece num tímido 98.º lugar, ainda assim à frente, por exemplo, dos EUA.
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