A lusofonia não é lusófona, mas universal
(excerto)
A lusofonia não cobre um fundo cultural comum, mas é um espaço de eclosão cultural aberto. Não há uma cultura lusófona, nem as culturas que se encontram no espaço da lusofonia estão marcadas, de forma indelével, por uma mesma intencionalidade destinal. O que se pode dizer é que o espaço lusófono se apresenta ao mundo como a possibilidade de se romper com o regime logocêntrico que marca a vigência da metafísica ocidental enquanto configuração civilizacional criadora de uniformidade e instauradora dum fechamento onto-fenomenológico da experiência humana do mundo em relação ao horizonte grácil da emergência da vida espiritual veiculadora duma cultura eco-eudemoníaca, sem a anomalia sapiensial que separa o humano do animal, a sociedade da natureza, o terrestre do celeste.
A uniformização eurocêntrica leva à destruição das culturas ancestrais que eclodiram para lá dos constrangimentos do totalitarismo da mesmidade sem um avesso de si que a interpelasse à dissolução transmutadora. E aqui cabe uma chamada de atenção para algo que tem que ser atendido com seriedade: a instrumentalização da cultura portuguesa e do pensamento português, nascido à margem da metafísica sem um impulso interno para o outro de si, para os colocar ao serviço dum gesto totalitário análogo à totalitária imposição da mundividência eurocêntrica ao resto do mundo, não só se apresenta como um erro grotesco, como atraiçoa o sentido espiritual da expansividade da vida ética e do pensamento seminal para o ainda não pensado, para o preterido pela tradição metafísica ocidental, próprio do pensamento português e assumido por autores tão importantes quanto, por exemplo, Antero de Quental, Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, José Marinho, Eudoro de Souza, ou Agostinho da Silva, para só referir estes e para não referir os que hoje seguem na sua senda .
E a Língua Portuguesa não é constringente em termos espirituais e existenciais, ou seja, não aparece como um obstáculo até mesmo à sua ultrapassagem – tem sido um útero aberto à emergência de outras vias de apropriação linguística do mundo, coisa própria de uma língua viva, capaz de dar à luz outras línguas.
Por isso, qualquer tentativa de domesticar a língua, de a contratualizar em nome de imperativos económicos e políticos, é um passo na destruição da lusofonia, do que ela tem de mais original e imperioso para o mundo, a sua não constringência em termos espirituais.
A Língua Portuguesa não conhece fronteiras, não se institui como um território mental instaurador de barbarismos. Desse centro de divergência coalescente, não se vê nem estrangeiros nem bárbaros. Ter a Língua Portuguesa como Pátria, indo para além do lugar comum pessoano que tem sido usado para tudo e para nada, é não ser mais do que cidadão do Universo, encarado como o que, a cada instante, em cada um dos existentes e a cada um engloba numa corrente de transcensão transmutadora e re-criadora. É no diverso que se dá a patência da conversão plenificante ao que a tudo excede e, nesse excesso, tudo abraça num amplexo oceânico, sem fundo e sem margens.
- Paulo Feitais, "A lusofonia não é lusófona, mas universal", Cultura ENTRE Culturas, nº1 (Lisboa, 2010), pp.20-21.
arevistaentre.blogspot.com
A lusofonia não é lusófona, mas universal
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 10:00 0 comentáriosEtiquetas: Lusofonia, Paulo Feitais, universalidade
... no bom caminho por um parto mais saudável e respeitado!
A indução do trabalho de parto e o uso de fórceps ou de ventosas podem vir a ser procedimentos excluídos do conceito de parto normal, segundo um documento em análise na Direcção-Geral da Saúde (DGS).
"Pelo direito ao parto normal" é um projeto de promoção do parto natural "sem qualquer intervenção, mas assistido por profissional de saúde", proposto por um vasto grupo de especialistas em saúde reprodutiva.
A indução do trabalho de parto (com recurso a medicamento ou ruturas de membranas), o uso de fórceps, ventosas ou anestesia geral ficam, segundo esta proposta, excluídos da classificação de parto normal, bem como o nascimento por cesariana.
Noticia retirada na íntegra de http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/10952818.html
Primeiro Guia de Assistencia ao Parto Domiciliar, Barcelona 2010
Foi publicado o 1º Guia de Assistência ao Parto Domiciliar, executado pelo Colégio Oficial de Enfermagem de Barcelona.
O trabalho foi realizado por uma equipa multidisciplinar, com bases em diversos artigos da literatura científica actual, relacionada com o Parto em Casa, na consulta das bases de dados da Biblioteca Cochrane, OMS, Medeine, CUIDEN e de guias de obstetrícia de países com tradição de partos domiciliares, como são a Holanda e a Inglaterra. Foram também consultadas para o efeito, as páginas web da OMS e da Royal College of Midwives, bem como foram realizadas diversas reuniões com uma equipa de assistência a partos domiciliares da Catalunha.
Este trabalho, pretende dar resposta à demanda social da participação da mulher e do casal na selecção do local do parto, conseguindo uma efectiva saúde perinatal, sensível aos aspectos psicológicos e culturais de cada mulher. Deste modo, é favorecida a liberdade individual e a autonomia para a realização de escolhas conscientes e informadas, respeitando as diferenças individuais, de acordo com o que é preconizado pelo movimento da Humanização do Parto e do Nascimento.
O documento visa a prossecução de 5 objectivos:
- Informar e dar a conhecer a realidade actual do parto em casa
- Respeitar o desejo de cada mulher e casal na escolha do local, da companhia e da forma de parir
- Fomentar a participação activa da mulher e do casal nas decisões relacionadas com a saúde do seu filho
- Reestabelecer a assistência pública domiciliaria do parto
- Estruturar os critérios de actuação dos profissionais que assistem o parto em casa
Documento na íntegra em http://www.coib.cat/uploadsBO/Noticia/Documents/GUIA%20PART%20CASA_LLARGA.PDF
Lançamento do número 1 da revista Cultura ENTRE Culturas e de Uma Visão Armilar do Mundo - 3ª, 27, Largo do Alecrim, 70
Car@s Amig@s
Convido-vos para o lançamento do número 1 da revista Cultura ENTRE Culturas, por Frei Bento Domingues e Miguel Real, em conjunto com a apresentação do meu último livro Uma Visão Armilar do Mundo, por Paulo Teixeira Pinto. O Dr. Fernando Nobre associa-se ao evento, falando sobre o diálogo intercultural.
O acontecimento tem lugar no IADE Chiado Center - Rua do Alecrim, 70, na 3ª feira, 27, pelas 18.30
A revista Cultura ENTRE Culturas é uma revista internacional e intercultural por mim dirigida que publica ensaio, poesia e fotografia. A direcção artística é de Luiz Reys e a edição da Âncora Editora.
Comissão de Honra: François Jullien, Hans Küng, Jean-Yves Leloup, Raimon Pannikar, Matthieu Ricard e Agostinho da Silva (In Memoriam).
Publica neste número inéditos de Vilém Flusser, François Jullien, Hans Küng, Jean-Yves Leloup, Raimon Pannikar e Agostinho da Silva.
Ensaios e textos de Paulo Borges, Maria Sarmento, Paulo Feitais, Rui Lopo, Ricardo Ventura, Carlos Silva, Isabel Santiago, Amon Pinho, Miguel Real, Romana Valente Pinho e Inês Borges.
Poesia de Francisco Soares, Duarte Braga, Rui Fernandes, Luiza Dunas, Dirk Hennrich (aforismos), Francisco Soares e Donis de Frol Guilhade.
Fotografia de Beat Presser, Ilda Castro, Rui Fernandes, Francisco Soares e Adama.
O próximo número (Outubro de 2010) será dedicado a Fernando Pessoa e ao Diálogo Ocidente-Oriente, por ocasião dos 500 anos da chegada dos portugueses a Goa.
Propósitos:
1. Contribuir para o desenvolvimento de uma consciência-experiência integrais, multidimensionais, inter e trans-disciplinares do real e do que possa haver além-aquém do que como tal se designa, enriquecendo criativamente a vida e a existência mediante a compreensiva realização das suas supremas possibilidades.
2. Explorar antigas e novas possibilidades espirituais, mentais, éticas, artísticas, científicas, educativas, ecológicas, comunicacionais, sociais, políticas e económicas, alternativas à crise e declínio do paradigma civilizacional ainda dominante e que obedeçam ao soberano critério do melhor possível para todos os seres sencientes, humanos e não-humanos.
3. Promover o conhecimento e diálogo entre culturas, civilizações, religiões e espiritualidades, bem como entre estas, o ateísmo e o agnosticismo, no espírito da mais ampla imparcialidade e
universalismo.
4. Contribuir para a harmonia e a não-violência na relação do homem consigo, com a natureza e com todos os seres sencientes, capazes de sentir dor, prazer e emoções.
5. Despertar e orientar para estes fins a cultura e a sociedade portuguesas, bem como a comunidade lusófona, valorizando e promovendo as tendências que nelas mais apontem neste sentido
....
Será para mim uma honra a vossa presença.
Saudações
Paulo Borges
Etiquetas: revista Cultura ENTRE Culturas, Uma Visão Armilar do Mundo
Marcha contra a criação do Biotério da Azambuja - Hoje, 24 de Abril, 14.30 - Saldanha
A Fundação Champalimaud pretende construir um BIOTÉRIO COM 25 MIL JAULAS PARA PRODUÇÃO DE ANIMAIS, CUJA ÚNICA FINALIDADE É A EXPERIMENTAÇÃO (em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Lisboa e em terrenos cedidos pelo município da Azambuja, Portugal).
A concretizar-se, esta “fábrica” de produção de animais será uma das maiores da Europa, cujos fins comerciais envolvem dinheiros públicos e cujo objectivo é a exportação de animais para todo o mundo, inclusive para países onde não existe qualquer legislação de protecção animal.
Vai realizar-se a 2ª Marcha contra a construção do Biotério da Azambuja, organizada pela Plataforma de Objecção ao Biotério - http://www.pob.pt.vu/
A concentração inicia-se pelas 14h30 do próximo Sábado, dia 24 de Abril, no Saldanha, em frente à Fundação Champalimaud (Atrium Saldanha) de onde sairá a marcha até à Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa.
A tua presença é fundamental e INSUBSTITUÍVEL!
VAMOS FAZER DE PORTUGAL UM MODELO DE CIÊNCIA SÉRIA E RESPONSÁVEL!
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 23:58 0 comentáriosEtiquetas: Marcha contra o Biotério da Azambuja
Viva o 25 de Abril!
Viva a Liberdade!
Viva o Zeca
Que nos fez acordar
De uma longa noite de trevas!
Viva a voz audaz de um povo,
Até então,
Calado,
Adormecido
Pelas vozes tirânicas
De um poder,
Sem dó!
Viva o 25 de Abril,
A consciência de um só grito,
Aberto,
Que nos iluminou o Futuro!
O Futuro?
Que Futuro?
O da politica demagógica?
O da falsa democracia?
O Futuro
Que já não se silencia?
O Futuro da expressão
De todas as cores?
Do rosa, do laranja,
Do vermelho, do verde
Ou do amarelo?
Viva o 25 de Abril,
O eco de pensamentos outros,
Do diálogo,
Ou da conversa fiada,
Da trama das ideologias
E da teoria da in-existência das ideologias!
Viva o 25 de Abril,
O amor e a paz,
Sempre adiadas,
Mesmo depois do ilusório apogeu
Da bem-dita guerra colonial,
Dos homens mutilados,
Dos corações de mulheres,
Despedaçados,
Das almas das crianças,
Órfãs,
Que assim nasceram
Á luz da promessa
De uma nova idade…
Isabel Rosete
Trinta e seis anos passados!
Restam-nos as memórias
Dos horrores da guerra
De uma sociedade que,
Em nome dos cravos vermelhos,
Um dia,
Ousou gritar:
Liberdade.
Liberdade:
Qual palavra de ordem
Que fez cair
Um regime
Eternamente enraizado.
Liberdade:
Qual palavra de ordem
Que arrancou,
Com todas as armas,
A tirania aos pretensos opressores
De um poder adulterado.
Liberdade:
O sinal do dizer aberto,
Há muito ocultado,
Pelo véu da falsa ordem,
Há muito camuflado,
Sob a tríade:
Deus,
Pátria
E Família.
Liberdade:
O sinal do dizer aberto,
Há muito velado,
Nos meandros da paupérrima cultura
De um Povo,
Que convinha manter calado.
Calado?
Sim, calado!
Em nome da ausência
Do Espírito Crítico,
Das mentes despertas
E do pensar astuto.
Trinta e seis anos passados!
E aqui estamos nós,
Quiçá,
Em uníssono,
A comemorar,
Com milhares de cravos vermelhos,
O grande acontecimento da Liberdade.
Liberdade?
Qual Liberdade?
Isabel Rosete
"Outro Portugal", Alhos Vedros
Acta 3, 18 de Abril de 2010
Presenças: Leonel, Diogo, Croca, Maribel, Edgar, Luís, Raminhos. A Fernanda Gil justificou antecipadamente a sua ausência por motivo de doença.
Ainda antes da leitura da acta da reunião passada o Raminhos informou que os livros que se pretendem juntar serão enviados para Timor e não para Cabo Verde, como inicialmente tinha sido pensado. Agendou-se o dia 15 de Maio como a data limite para a recolha dos livros para se proceder depois ao seu envio, ainda antes do final do ano lectivo.
De acordo com a reflexão feita na reunião anterior e com a identificação de algumas questões de interesse local, passou-se à definição de uma estratégia que permita passar à acção. Assim, os problemas identificados serão alvo de organização de sessões de reflexão e debate na Escola Aberta Agostinho da Silva e de, eventuais, publicações no Blogue/Revista “Estudo Geral”, de forma a, numa primeira fase, sensibilizar os participantes, para depois, numa fase posterior, se passarem a acções mais concretas.
Os problemas assinalados foram distribuídos pelos presentes da seguinte forma:
- Desarborização, desflorestação, zonas verdes – Manuel João Croca
- Património Histórico, Museologia – Luís Santos
- Planeamento urbano, degradação/recuperação dos núcleos urbanos – Maribel
- Animais Abandonados, campanha de adopção – Edgar Cantante
- Recolha de livros – Joaquim Raminhos
- Actividade teatral, acções espontâneas – Leonel Limão
- Actividade teatral e artística, zonas ribeirinhas – Diogo Correia
A próxima reunião foi agendada para dia 23 de Maio, às 15 horas, na Praia da Gorda.
Pelo MOP, Alhos Vedros
Luís Santos
"...uma boa definição de homem"
"[…] uma boa definição de homem, para além de suas limitações físicas, seria a de que é um ser de embrionária liberdade, cujo dever, cujo destino e cuja justificação é o da liberdade plena; plena para ele, plena para os outros, plena para os animais, plena para ervas, plena talvez até para seixo e montanha"
- Agostinho da Silva, “Nota a Cinco Fascículos” [1970], in Textos e Ensaios Filosóficos II, pp. 262-263.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 00:53 0 comentáriosEtiquetas: Agostinho da Silva, homem
Quem Quer Arroz Transgénico?
Por um um Outro Portugal, livre de transgénicos.
QUEM QUER ARROZ TRANSGÉNICO?
Manifesta! Hoje, 17 Abril, sábado, às 15h
Praça do Rossio, Lisboa
Aliados, Porto
No dia 17 de Abril vamos fazer homenagem ao arroz doce tradicional e pedir ao Ministro da Agricultura que vote contra a aprovação do arroz transgénico para Portugal e a União Europeia.
A introdução do arroz transgénico na agricultura é a sentença de morte de um alimento essencial, com 8.000 variedades conhecidas e parte integrante do espólio agrícola de Portugal. Mas apesar da resistência dos consumidores e de metade dos Estados-membros, a Comissão Europeia do Durão Barroso está muito empenhada em acalmar a impaciência de megacorporações como a Bayer e a Monsanto e dar as boas-vindas aos alimentos mutantes na Europa.
Ninguém pediu para comer transgénicos. Ninguém precisava de os comer. Quem beneficia a curto prazo com os transgénicos são uma dúzia de gigantes químicos e outra dúzia de produtores de aditivos para fastfood e rações para gado. Quem perde a médio prazo? Todos!
Os transgénicos ameaçam a nossa saúde, o meio ambiente e as economias locais. Contaminam outros cultivos, erodem o solo e destroem a agricultura familiar, agravando a fome no mundo. Como a coexistência com outras formas de produção não é possível, quem diz 'sim' a transgénicos terá de dizer adeus à biodiversidade.
Junte a sua voz à de milhões de consumidores e agricultores que um pouco por todo o mundo assinalam no 17 de Abril o dia internacional da luta contra os transgénicos e as patentes sobre a vida. Venha aos Aliados no Porto ou ao Rossio em Lisboa às 15h, para saborear um arroz doce biológico e animar a Manifesta!, mostrando que o nosso arroz é mais importante que as patentes e os lucros da Bayer.
Mais informações sobre arroz transgénico em www.stopogm.net
sábado, 17 de abril de 2010
Publicada por João Lopes Aguiar à(s) 03:39 0 comentáriosEtiquetas: Agricultura, biotecnologia, Ecologia, lisboa, manifestação, ogm, porto, transgénicos
Serge Latouche, porta-voz da filosofia do decrescimento
"Seja como for, nós não pretendemos impedir que uma sociedade, resolutamente decidida a se suicidar, o faça. Nós apenas esperamos que ela o faça sabendo o que está fazendo. A construção de uma sociedade de decrescimento é uma proposta. Não se trata aqui de impô-la a uma população que, em sua esmagadora maioria, não a deseja..."
Serge Latouche
Podem ler a entrevista completa aqui. Ou um resumo no Outro.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Publicada por Serafina à(s) 21:17 0 comentáriosEtiquetas: economia
O acessor e o coveiro
Diário da República nº 255 de 6 de Novembro:
EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J.
Para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 EUR (700 contos).
Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na
"... Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."
EXEMPLO 2
No aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO,
cujo vencimento anda à roda de 450 EUR (90 contos) mensais.
Método de selecção:
Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos.
A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
4. - Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
5. - Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais.
6. - Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
7. - No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.
P.S. Recebi via mail, achei curioso e publico. Tive preguiça de ir confirmar a veracidade dos dados.
Dulce Alves
Propostas do grupo Economia e Energia
I.
Portugal, pela suas características naturais, pela capacidade inovadora que ao longo da sua história tem revelado, pela excelência dos seus recursos humanos e pelo trabalho que tem vindo a iniciar nos últimos anos, apresenta todas as condições para se assumir como um dos líderes no desenvolvimento de energias renováveis, criando um nicho de desenvolvimento económico assente nos sectores com elas relacionados.
Uma aposta clara no desenvolvimento de energias alternativas (solar, eólica, marmotriz, geotérmica, magnética, etc.) às assentes em combustíveis fósseis, com uma ambição internacional, permitiria a criação de emprego especializado e altamente qualificado, a criação de riqueza, o desenvolvimento da educação e da investigação, a redução da dependência energética, uma melhoria da nossa balança de transacções com o exterior e a liderança no campo do saber. Esta aposta deverá passar pelo apoio a projectos de investigação, desenvolvimento e investimento provenientes dos diversos agentes. O apoio necessário não se esgota em questões de financiamento, mas deverá incluir também apoio técnico, de orientação e de incentivo ao empreendedorismo.
Deverão ainda ser fortemente apoiadas as iniciativas individuais ou comunitárias que contribuam para a redução do consumo energético ou para a auto-suficiência neste campo.
II.
A implantação de energias alternativas no nosso país deverá ser criteriosa. A sua utilização indiscriminada poderá ter efeitos contrários aos desejados, pelo que deverão existir regras bem definidas para a sua implementação. O recurso à energia eólica, por exemplo, deverá ter em conta os locais ambientalmente mais sensíveis, face ao impacto que os equipamentos a ela associados apresentam na paisagem, na flora e na fauna locais (alteração de corredores de migração de aves, impacto dos grandes caminhos de acesso aos parques, consequências ao nível da flora que, em alguns casos, só existe nos cimos das serras, etc.). Assim, deverá ser claramente previsto em lei a proibição da criação de campos eólicos em parques naturais e áreas protegidas, sem qualquer excepção.
A energia nuclear proveniente da “fusão a quente” deverá ser taxativamente recusada. Para além do risco de acidentes graves, mantêm-se as questões relacionadas com os resíduos. Enquanto a sua eliminação não for possível, todas as soluções encontradas serão insatisfatórias, uma vez que apenas adiam o problema, não o resolvendo.
III.
A crescente confusão entre os conceitos de desenvolvimento económico e de crescimento económico que está presente nos discursos oficiais, na comunicação social e na opinião pública em geral é um reflexo de alguns dos valores que predominam na sociedade actual.
O crescimento económico é medido a partir da produção comercializável, sendo que a sua avaliação é feita com base nos agregados da contabilidade nacional, como o Produto Interno Bruto (PIB) ou o Rendimento Nacional. Mas este indicadores pouco ou nada nos dizem sobre o desenvolvimento económico, cuja avaliação inclui as mudanças das estruturas mentais e dos hábitos sociais, a distribuição da riqueza produzida, a justiça do sistema fiscal, a qualidade da educação, a igualdade de oportunidades, etc.
No entanto, o crescimento económico tem sido, frequentemente, o único barómetro utilizado pelos responsáveis políticos – com eco na comunicação social - para medir o bem-estar e a “saúde” de um território.
De facto, quando se analisa a economia do país ou de uma das suas regiões, os indicadores que sobressaem e aos quais é dada maior relevância são indicadores que se debruçam, quase exclusivamente em critérios de crescimento económico, de criação de riqueza ou relacionados com a produtividade. Esses indicadores são centrados exclusivamente no homem e desligados do meio em que ele se insere.
Estando inseridos num ecossistema dinâmico, se por via da nossa capacidade racional não percebermos a falácia que constitui a lógica dominante subordinada ao crescimento económico a todo o custo, estaremos condenados a aprender por via de mecanismos naturais as consequências de perturbarmos em demasiado o estado de equilíbrio natural.
Assim, como instrumentos para definição de políticas económicas propomos o estudo, adopção e utilização de indicadores alternativos que sejam verdadeiros barómetros para aferir do bem-estar real das populações, numa perspectiva holística, devendo ser divulgados com a mesma importância que normalmente é atribuída aos indicadores tradicionais.
Como exemplo, propomos a adopção do FIB - Felicidade Interna Bruta. Este indicador, adoptado pelo Butão, não se encontra em contraposição ao PIB: este é parte integrante do primeiro, uma vez que o crescimento económico também promove o bem-estar. No entanto, também não pretende valorizar exclusivamente a capacidade produtiva da população. Para o seu cálculo são tidos em conta elementos como o bem-estar psicológico (sendo utilizados indicadores como níveis de stress, actividades espirituais, auto-avaliação da saúde, …), a utilização do tempo, a saúde, a educação, a diversidade cultural, a avaliação do sistema governativo, a diversidade ecológica, etc.).
IV.
Face às limitações do crescimento económico, ao esgotamento dos combustíveis fósseis, ao êxodo das populações e à necessidade de dinamização das economias locais, consideramos que o desenvolvimento rural deverá passar, em grande medida, por políticas que promovam a resiliência.
Nesse sentido, propomos o desenvolvimento e apoio a estruturas que permitam às comunidades locais e regionais ter capacidade para lidar com choques económicos e energéticos externos, mantendo as suas características intrínsecas, o que implica garantir condições de auto-suficiência.
O desenvolvimento local deverá também passar pela relocalização, dinamizando políticas e iniciativas que permitam às diversas regiões e/ou comunidades libertarem-se de uma dependência excessiva da economia global, investindo os seus próprios recursos para produzir uma parcela significativa dos bens e serviços que consomem: água, alimentação, materiais de construção, tecidos, madeira, energia, etc..
Em última análise, com a crescente indisponibilidade de combustíveis fósseis, a nossa capacidade de transportar mercadorias irá, necessariamente, diminuir, tornando o processo inevitável. Assim, devemos começar já a construir as infra-estruturas que permitam o fornecimento local.
Como política de desenvolvimento regional, consideramos importante o apoio a iniciativas que promovam a utilização de moedas locais e/ou regionais: mecanismos de troca que garantam que uma grande parte do consumo seja feito localmente, produzindo riqueza que se redistribuirá ao nível da comunidade/região e reforçando a cooperação económica e social entre os habitantes.
Defendemos que deverá ser dada particular atenção a estas iniciativas nas regiões que sofrem problemas de interioridade e que a sua gestão seja feita por organismos que agreguem todos os agentes económicos regionais.
V.
Uma rede de transportes eficiente assume uma importância vital na economia de qualquer país. Portugal não é excepção. Nas últimas décadas, o país realizou um enorme investimento na construção de uma rede viária, privilegiando o transporte rodoviário.
Apesar das vantagens que uma rede de estradas apresenta para a circulação de pessoas e bens, uma política de transportes potenciadora de bem-estar não se pode esgotar aí. É necessário actuar em áreas como a rede ferroviária nacional e o incentivo à utilização de meios colectivos e alternativos de transporte.
A ferrovia possui uma grande capacidade de transporte, apresenta uma velocidade elevada, realiza o seu tráfego em vias exclusivas e tem um custo operacional baixo em relação ao peso total transportado. Para além disso, é seguro, energeticamente eficiente e é uma alternativa válida a outros meios de transporte mais poluentes, podendo dar uma grande contribuição para a redução do número de automóveis em circulação.
Assim, Portugal deveria realizar uma aposta séria na recuperação, modernização e expansão da sua ferrovia, tornando-a um elemento fundamental da sua política de transportes e de desenvolvimento da economia local e regional.
Tem-se assistido também, nos últimos anos, à criação de uma série de infra-estruturas destinadas ao passeio pedestre e de bicicleta, muitas vezes aproveitando vias-férreas desactivadas. São iniciativas que merecem elogio e que deverão continuar a ser incentivadas.
No entanto, essas vias são normalmente localizadas em áreas periféricas aos centros urbanos. É necessário incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte nas cidades. Um passo fundamental para que tal aconteça é a criação de vias exclusivas para a sua circulação dentro das zonas urbanas, bem como a sua ligação às zonas rurais.
O reforço dos meios de transporte colectivos deverá ser um elemento indispensável de uma política energética e ambiental eficiente. Eles deverão estar disponíveis para todos os potenciais utilizadores, a preços acessíveis (o custo acrescido será, decerto, compensado com a poupança nos gastos de saúde) e inseridos em redes flexíveis e com horários realistas face às necessidades das populações em geral.
Neste âmbito, não nos poderemos limitar a olhar apenas para a rede urbana. É urgente repensar e desenvolver os transportes colectivos que ligam as cidades às áreas rurais, sendo esta questão ainda mais urgente no interior do país.
Por outro lado, todos os transportes colectivos, bem como as viaturas do Estado, deverão, obrigatoriamente, ser eco-eficientes.
VI.
Nos últimos anos, tem crescido de forma exponencial a oferta turística no nosso país. No entanto, os factores de atractividade que Portugal apresenta e que se propõe explorar são consecutiva e dramaticamente alterados, degradando-se a oferta inicialmente proposta. Um triste exemplo é o Algarve turístico, cuja exploração assente num turismo de massas matou a qualidade da oferta inicial, não trazendo necessariamente uma melhoria nas condições de vida das populações locais, tendo em conta os princípios do desenvolvimento sustentável e da preservação da cultura e natureza.
Entendemos que o turismo deverá ser encarado como uma consequência do desenvolvimento social, cultural e natural e não uma causa directa e primordial, nunca podendo colocar em causa a sustentabilidade dos recursos nacionais.
A promoção do turismo em Portugal deverá ser sustentada primordialmente pelo interesse regional, criando valor acrescentado baseado nas especificidades de cada região, procurando manter nas comunidades locais a riqueza por ele gerada.
VII.
O potencial universalista de Portugal, dada a diáspora planetária da sua história, cultura e língua deverá também estar presente nas relações económicas internacionais, desde que se abandonem lógicas de colonialismo, exploração e domínio.
A ligação privilegiada de Portugal aos países de língua oficial portuguesa deveria ter reflexos em relações económicas potenciadoras de benefícios mútuos assentes em valores humanos e justos.
Neste contexto, propõe-se a criação de um espaço comunitário partilhado pelos países de língua oficial portuguesa com uma circulação de bens, pessoas e conhecimento facilitada.
VIII.
Entendemos que as relações económicas externas de Portugal não poderão deixar de ter em conta violações sistemáticas de direitos humanos.
Assim, no contexto do comércio internacional, consideramos ser imprescindível a existência de uma política nacional (que envolva todos os agentes económicos e não apenas o Estado) que introduza, nas operações de importação, critérios de respeito pelos direitos humanos e pelo ambiente por países terceiros, bem como garantias de que na origem dos produtos ou serviços não estão presentes situações de exploração de mão-de-obra infantil.
IX.
Todas as mudanças profundas nos sistemas sociais, económicos e culturais só são possíveis quando acompanhadas por uma educação e formação capazes e abrangentes, que inclua o incentivo à inovação e iniciativa.
No campo económico, propomos que, desde cedo, se incluam nos currículos escolares matérias relacionadas com o empreendedorismo, de forma a educar pessoas capazes de ter iniciativa e de mobilizar recursos (incluindo os humanos) para alcançar objectivos decorrentes de uma ideia. Deverá ser disponibilizada formação aos responsáveis educativos para serem capazes de desenvolverem estas ideias segundo a perspectiva do campo de estudos de cada um.
No ensino universitário, a lógica de especialização actualmente vigente, bem como o desaparecimento dos currículos dos cursos de Economia de disciplinas como a Sociologia, a História, a Filosofia, entre outras, tem contribuído para a criação de profissionais sem uma visão holística da sociedade.
Propõe-se, assim, a adopção nos cursos universitários de Economia de disciplinas obrigatórias que permitam compreender a sociedade em que nos inserimos, a sua evolução e os diversos factores que a influenciam, fornecendo uma visão abrangente dos problemas e das possíveis soluções.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Publicada por Carlos Ramos à(s) 19:14 2 comentáriosEtiquetas: ambiente, desenvolvimento rural, Desenvolvimento Sustentável, economia, economia local, Energia, estímulo ao desenvolvimento local
Movimento "Outro Portugal", Alhos Vedros
No dia 7 de Março, e ainda na sequência da apresentação do Manifesto "Refundar Portugal" pelo Professor Paulo Borges na Escola Aberta Agostinho da Silva, em Alhos Vedros, foi promovida uma jornada de reflexão sobre questões locais. Ficou agendado um novo encontro para o dia 18 de Abril às 17 horas.
Estiveram presentes: Célia Martins, Diogo Correia, Edgar Cantante, Fernanda Gil, Joaquim Raminhos, Leonel Limão, Luís Santos e Manuel João Croca.
Aqui fica a síntese dos assuntos abordados:
1- A Fernanda Gil começou por fazer referência à sua participação na organização da Feira Medieval que decorrerá em Alhos Vedros nos dias 3, 4 e 5 de Junho. Foi levantada a possibilidade do nosso Grupo participar nalguma actividade relacionada com esse evento.
2- O Luís Santos apresentou o Blogue/Revista Estudo Geral e dada a riqueza da História Local da região pensou-se em iniciar a elaboração de um dossier sobre património histórico que poderá ser publicado na Revista. Relembrou também a inexistência na região de um núcleo museológico.
3- O Manuel João Croca, secundado por todos os outros, identificou um conjunto de problemas de que a região padece, como sejam, o abate intensivo de árvores, a desflorestação, a degradação das zonas naturais junto à margem do rio e a crescente degradação urbana do centro histórico de Alhos Vedros. Propôs ainda que se tentasse recuperar a organização do Festival Lusófono Musidanças.
4- O Edgar Cantante, em concordância, com algumas das questões assinaladas, falou das más condições a que os animais abandonados estão sujeitos e das dificuldades com que luta a direcção da respectiva Associação. Nesse sentido propôs que o Grupo pudesse ajudar nalgum sentido, nomeadamente, na organização de uma possível campanha para adopção desses animais. Falou-se também num eventual contacto com a União Zoófila da Moita.
5- A Célia Martins, acentuou também alguns problemas relacionados com o património natural, como é o caso do Cais de Desmantelamento dos Barcos (dito Cais Novo). Informou também sobre a operação “Limpar Portugal” que vai mobilizando todo o país e que na região envolve algumas centenas de pessoas.
6- O Digo Correia desenvolveu também algumas ideias sobre as zonas naturais, nomeadamente sobre o Cais de Desmantelamento dos Barcos e o impedimento que as pessoas vão sentindo de acederem ao rio, por motivos vários. Uma situação que merecerá ser reparada.
7- O Leonel Limão falou da possibilidade de se organizarem manifestações espontâneas que de alguma forma pudessem dar visibilidade a algumas questões merecedoras de serem assinaladas.
8- O Joaquim Raminhos concordou com a possibilidade de se fazer um encontro com a Associação dos Animais Abandonados e com a realização da referida campanha de adopção. No âmbito das relações lusófonas propôs o envio de livros para Cabo Verde, em parceria com a Associação de Amizade Cabo Verde/Portugal. Assinalou também a proximidade do Dia da Árvore e da Floresta e que seria bom participarmos nos eventos que decorrerão na região.
Público - Mudando a sala de aula, podem mudar-se comportamentos
O mobiliário de madeira foi substituído por fórmica, os quadros tradicionais estão a dar lugar a outros interactivos, mas, no essencial, a sala de aula é hoje igual ao que era há 100 anos ou mais: um professor com uma mesa, junto a um quadro, de frente para 20 ou 30 alunos, que estão sentados em carteiras alinhadas em filas. Como não existem espaços neutros, há uma mensagem nesta forma de organização - uma hierarquia vertical, em que o professor é o agente e os estudantes o elemento passivo. Estão ali para ouvir, de preferência sentados direitos.
Na prática, já há muito que nada é assim: há quem deite as cadeiras para o chão, quem se levante e passeie pela sala, acabando todos na rua com uma falta disciplinar, ou quem se deixe ficar sentado, mas alheado. Há outras formas de viver a sala de aula, mas, no essencial, esta transformou-se num pesadelo para os professores e numa "seca" para os alunos. Entre os que chegam ao ensino superior, "já são muito poucos aqueles que conseguem ser estimulados", constata Diogo Teixeira, director do Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos (IPA), em Lisboa. Terá que ser assim?
Diogo Teixeira, o coreógrafo João Fiadeiro e o designer José Luís Azevedo estão convictos de que é possível mudar este estado de coisas e que para tal não são precisos mais meios do que aqueles que os professores e alunos já têm à mão. Basta querer fazer. Esse é o desafio que estão a lançar aos docentes do ensino básico e secundário. O primeiro passo aconteceu na segunda-feira, com o workshopReinventar a sala de aula.
Foram enviados convites às escolas da Grande Lisboa, onde se afirmava, entre outros pressupostos, que a sala de aula, tal como está agora, "é um espaço antinatural". Inscreveram-se 50 professores, participaram 30, que era a lotação máxima. Fiadeiro e Azevedo são também professores, mas no ensino superior. Com os docentes que estão antes deles não pretendem "discutir conteúdos ou pedagogias", mas sim propor "novas abordagens à forma como se pode lidar com o espaço de uma sala de aula", já que têm como certo que intervir aqui é também mexer no modo como professores e alunos se comportam e se relacionam.
Admitem que há uma espécie de "clima de guerra" instalado nas escolas, mas não acreditam que este se resolva com mais medidas disciplinares. Fiadeiro diz que esta é uma resposta provocada pelo "medo".
José Luís Azevedo chama a atenção para o facto de quase terem deixado de existir pontes entre professores e alunos. Para as reconstruir, defendem ambos que os docentes têm de envolver mais os estudantes na tomada de decisões, a começar, por exemplo, pelo modo como se pode transformar uma sala de aula.
Coisas simples; soluções móveis. Por exemplo, juntando as mesas de forma a organizá-las em quadrados, ou num grande rectângulo, e sentando os alunos em volta. Esta não é só uma disposição que favorece mais a participação e aproxima o professor, como pode ser também uma forma de mudar comportamentos.
Azevedo chama a atenção de que, com esta organização, sabota-se uma hierarquia "clássica" entre os alunos: os mais barulhentos nos lugares de trás, os mais disciplinados e atentos nos da frente. No Inverno, a proximidade dos corpos ajuda também a tornar as salas menos frias. O sentimento de conforto é um redutor de agressividade, lembra o designer, que sobe a uma cadeira e cola um filtro amarelo por cima da luz de néon branca. O ambiente mudou. Mais quente, mais acolhedor, mais calmo.
E por que não alargar a participação, dando aos alunos que geralmente não vão ao quadro a possibilidade de escreverem na parede que está mesmo por detrás deles? Basta pintá-la com uma tinta, agora lançada no mercado, que transforma qualquer parede num quadro de ardósia, onde se pode escrever a giz e apagar depois.
"A cantina da nossa escola é tão deprimente. Se pedíssemos a um grupo de estudantes que a transformasse, talvez conseguíssemos que muitos mais fossem lá almoçar", diz a psicóloga de uma escola, que acrescenta logo de seguida: "Mas os professores nem tempo têm para pensar."
João Fiadeiro fala de "pensamento criativo". Para que uma acção resulte, é necessário identificar quais são os constrangimentos de base, a "falta de tempo" será um deles, mas não para baixar os braços. Ideias de partida: "Parar para pensar"; encarar os problemas como "uma oportunidade"; recusar o lamento habitual do "não há meios", já que "é sempre possível trabalhar com aquilo que já se tem".
É o contraponto à escola futurista apresentada de manhã por António Câmara, professor da Universidade Nova de Lisboa e fundador da empresa YDreams. A realidade virtual não pode ficar à porta da sala de aula, diz o inventor.
Os docentes têm dificuldades com as novas tecnologias? Deixem que sejam os alunos a explicar como este mundo, que é o deles, funciona, aconselha Azevedo. É preciso voltar a "aprender, fazendo", conclui Diogo Teixeira.
Mas sobretudo, diz também António Câmara, é preciso não esquecer que um professor pode ainda ser a pessoa que tem o poder de mudar a vida de um jovem.
Apoio do MOP à Marcha-Protesto contra todos os maus-tratos aos animais
Por se enquadrar no espírito e preocupações do nosso Manifesto, o Movimento Outro Portugal apoia a Marcha-Protesto contra todos os maus-tratos aos animais que tem lugar no próximo Sábado, 10 de Abril, pelas 14h, no Campo Pequeno, em direcção à Assembleia da República.
É a altura de promovermos em Portugal uma Cultura da solidariedade com todas as espécies de seres sencientes, condição para uma humanidade mais digna. Precisamos de Outro Portugal e Outra Cultura, que nos eleve como seres humanos responsáveis pelo bem do mundo e dos seres.
Pela Comissão Coordenadora do MOP
Paulo Borges
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 19:19 0 comentáriosEtiquetas: Marcha-Protesto contra os maus-tratos aos animais
A Permaculture Food Forest
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Publicada por Mandrake à(s) 18:13 0 comentáriosEtiquetas: Agricultura
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
DimasMelloBraga — 12 de junho de 2008 — REPORTAGEM TV PROFESSOR - SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Alunos do PROFESSOR DIMAS DE MELLO BRAGA0 presente projeto propõe a continuidade na formação da horta e pomar nos espaços improdutivos da escola,a transformação dos quintais e terrenos ociosos da comunidade em áreas de produção de alimentos. Abriu debate sobre questões ambientais atuais como Biodiversidade e Sustentabilidade. Pretende-se expor os passos para a formação de hortas e pomares bem como, a conscientização com relação ao lixo, desperdício,reciclagem, preservação dos mananciais e o consumo sustentável... Durante a execução do projeto no qual a participação dos alunos acontece em horário normal econtra turno,são construídas situações práticas para que os mesmos vivenciassem e interiorizassem a conscientização ecológica através do paisagismo pedagógico (horta, pomar de frutas nativas e tradicionais; jardinagem, terrário, minhocário, compostagem, plantas medicinais, arborização do bairro, etc...). Durante o ano letivo são realizados passeios ao Centro de Estudos de Solos da UFPR, ao Museu do Lixo, aterro sanitário da Caximba,áreas de invasão,mananciais e etc...Todos os passeios são registrados através de fotografias e relatórios escritos...É importante deixar claro que além de transformar terrenos ociosos e cheios de lixo em fonte de alimentação para as famílias carentes da comunidade; estamos conseguindo mudar o preconceito intelectual de que trabalhar com terra é apenas força braçal. Atualmente o projeto PIÁ NA ROÇA é carro chefe do projeto pedagógico da escola: Cidadania. Outro ponto importantíssimo desse projeto professor e sua equipe de alunos que vão às casas e terrenos da comunidade,limpam e prepararam a terra para as hortas (Prof. Itinerante).Os alunos estão aprendendo que trabalhar numa horta é produzir alimentos para uma vida mais saudável,que fazer compostagem é reaproveitar restos de alimentos para adubar hortas,jardins e evitar o desperdício, que os restos das próprias hortaliças servem para o composto e as sementes são guardadas para posterior plantio,que eles cuidarão da terra,das outras pessoas e de si mesmos,que fazer uma horta em sua casa é uma atitude para uma vida com mais qualidade,ecologicamente sustentável,economicamente viável e culturalmente aceita.Com isso são valorizados em suas famílias como agentes produtores de alimentos e capazes de compartilhar em casa o que estão aprendendo na escola, além de conteúdos, atitudes como liderança, solidariedade, companheirismo, hábitos de higiene, alimentação saudável, senso crítico ao consumismo e ao desperdício. A horta da escola tornou-se um laboratório(sementeiro)onde as mudas são transplantadas para a idéia principal do"Piá na Roça,ou seja:- Uma horta em cada quintal da comunidade. (Lembra da horta da vovó!?).Tornou-se hábito a visita e participação diária dos pais na escola,trocando experiências para que possam produzir sua própria horta,promovendo a melhoria da qualidade de suas vidas,com alimentos naturalmente saudáveis, ambientalmente corretos,socialmente justo e deliciosamente puros.
ABSURDAMENTE APAIXONADO PELAS COISAS QUE FAÇO!
VER FOTOS DE OUTROS PROJETOS E PERFIL NO ORKUT
Categoria:
Educação
Palavras-chave:
TROCANDO iDÉIAS
Proposta para reuniões de Encarregados de Educação nas escolas! Se professores e pais concordarem ensinem aos filhos/alunos !
Plantandoapaz — 30 de setembro de 2008 — Projeto do Colégio Estadual Dr. Luíz Rogério de Souza. ESte Colégio está localizado no Suburbio Ferrooviário da cidade de Salvador, Ba.
O NOme do projeto é "Plantando a paz" e tem por objetivo aproveitar áreas não utilizadas de escolas como terrenos baldios e converte-las em algo que seja útil para os alunos.
Nesta escol auma área onde havia apenas mato e lixo, os alunos, professores e funcionários fizeram um multirão e transformaram esta área em uma Horta que agora fornece merenda para os alunos e também cursos de jardinagem.
Depois deste projeto a motivação dos alunos aumentou muito bem com caíram os níveis de reprovação e evasão escolar.
Blog do Colégio Dr. Luíz Rogério de Souza: http://wf.pires.zip.net/
As lágrimas de Boris, o Touro
Para os que ainda duvidam e que por aqui passem. Não posso fazer isto muitas vezes (para divulgar, tenho de ver).
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Publicada por Serafina à(s) 23:58 0 comentáriosEtiquetas: Senciência dos Animais
Uma questão de cultura (ainda a tauromaquia)
A cultura é o mecanismo que nos permite, enquanto espécie, evoluir para lá do lento e aleatório processo da evolução natural. A cultura é também aquilo que, a cada momento, gera o ambiente civilizacional no qual uma determinada comunidade opera. Nessa medida, estando nós globalmente na era da sociedade da informação, muitos grupos humanos continuam a viver na Idade Média ou nos primeiros tempos da modernidade. Basta pensar nos campos de refugiados, nas áreas de grande pobreza e carências de toda a espécie ou nos que vivem sob regimes de base tribal ou assentes no despotismo. E até há quem - caso de algumas remotas tribos da Amazónia -, se mantenha no muito longínquo neolítico.
Mas estes desfasamentos não sucedem só em agrupamentos humanos que, por qualquer motivo, foram marginalizados do processo histórico. No interior da era coabitam outras eras. No tempo presente coexistem tempos passados. Certos rituais, tradições e comportamentos primitivos, apesar de claramente anacrónicos, persistem nas nossas sociedades desenvolvidas. É o caso exemplar das touradas.
Só na aparência se trata de um tema polémico. Na verdade, não há nenhuma polémica, nem nada digno de debate. O assunto é claro e evidente para toda a gente. Trata-se de um ritual retrógrado que não faz qualquer sentido, nem tem nenhuma justificação, na sociedade contemporânea. Recorde-se que já D. Maria II, em meados do século XIX, decretou a sua proibição por considerar "que as corridas de touros são um divertimento bárbaro impróprio de Nações civilizadas". Pelo menos há dois séculos que as touradas são um sinal de atraso e incivilização.
Todas as pseudo discussões sobre a preservação dos touros, se estes sentem dor ou não, a importância económica da atividade, a defesa da tradição, etc., nada acrescentam ao essencial e cristalino. A tourada é um espetáculo selvagem e criminoso. Ponto final parágrafo.
Muitas outras tradições têm sido abandonadas por serem indignas da condição do homem atual. Caminhamos para o reconhecimento dos direitos dos animais. Caminhamos para uma maior consciência da partilha do planeta com outras formas de vida. Caminhamos até para um sentido de cooperação e não de exploração e extermínio das outras espécies e da própria natureza. Os anacronismos que ainda persistem combatem-se com leis civilizadoras assentes, precisamente, na evolução e consenso cultural. Ou seja, a cultura, em sentido lato e específico nas suas várias vertentes humanizadoras, tem nestes assuntos um papel decisivo. É através dela que se promove o esclarecimento, a educação e uma visão mais avançada sobre o tempo em que nos foi dado viver. A cultura não é isenta, nem irresponsável. Estamos todos implicados.
Ora essa responsabilidade não pode deixar de estar presente a nível governativo. Do Ministério da Cultura espera-se um claro empenhamento na modernização geral do País e dos cidadãos. A par do desenvolvimento das novas tecnologias e novas aptidões, com grande incidência nos planos tecnológicos e nos programas dos Ministérios da Ciência e da Economia, seria de esperar uma participação não menos ativa do Ministério da Cultura na qualificação civilizacional dos portugueses. Ora, infelizmente, não é isso que se passa. Portugal não tem tido nenhuma sorte com os sucessivos ministros da cultura.
Ao incluir uma secção especializada dedicada à tauromaquia no recém criado e pomposo Conselho Nacional da Cultura, a Ministra Gabriela Canavilhas mostra, desgraçadamente, que ainda não é desta que temos à frente do ministério alguém que já viva no século XXI. Em vez de contribuir para a evolução positiva do País, com este gesto incongruente a ministra envia sinais de atavismo e tradicionalismo que só podem reforçar ainda mais o nosso atraso.
Não cabe exigir demissões. Esta gente passa e só deixa um rasto de irrelevância. Mas fica claro que continuamos a nada poder esperar de um ministério que devia dar o exemplo e ajudar a melhorar o nível cultural dos portugueses. A cultura, a verdadeira, continuará a ser desenvolvida noutros lugares.
- Leonel Moura, Jornal de Negócios Online, 26 de Março de 2010
sábado, 3 de abril de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 12:06 0 comentáriosEtiquetas: Leonel Moura, tauromaquia
Do espaço ao tempo
O construtor limpa o suor à pedra. Quase concluída está a catedral, imenso é o cansaço, mas também o alívio.
O mestre chama todos os aprendizes para que o salário lhes seja pago.
Ainda não foi consagrado o templo. Reúnem-se sob a grande nave central e o som das vozes e o do dinheiro rolando pela laje ecoa por todo o espaço.
Uma das cabeças ergue-se, depois de contar as moedas. Algo o chama, um silencioso olhar. Ao cimo das escadas que conduzem ao piso de cima, um estranho ser, uma criança, mas de inusitadas vestes, observa-o como se o visse do futuro.
Uma voz se ouve, mais atrás, em aflição.
A professora chama e vem buscar a menina que se separou do grupo para assistir a inesperada reunião.
- Estava ali um grupo de homens vestido como nós já vimos no outro dia no filme e recebiam moedas de um senhor muito importante.
- Como sabes que era importante?
- Pelo vestir. E era ele que distribuía as moedas. Mas não eram iguais às nossas...
- Como?
- As moedas que recebiam os operários. Já acabaram a construção.
- Esta menina não anda a viver demasiado as ficções?
A menina é arrastada para trás, o grupo dos aprendizes dispersa. Do trabalho ao recreio...
Ela ainda acena num gesto de despedida àquele jovem operário que é tão, mas tão parecido com o seu colega Miguel, apenas uns anos mais velho.
Quando, passados uns anos voltar àquela catedral, procurará inutilmente o grupo dos operários, se ainda se recordar de os ter visto. Talvez já não se lembre de nada. Afinal era uma criança de imaginação transbordante. Mas um sentimento de respeito e amor tomará conta das suas células. Inexplicavelmente.
E comentará com Miguel, o perplexo amado, ao passarem por um grupo de meninos, e vendo uma criança, relutante, puxada por um braço, acenando para trás, em direcção a alguém que não consegue divisar: :
- É tão importante trazer as crianças a estes espaços onde um dia estivemos...
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Publicada por aluzdascasas à(s) 22:26 0 comentáriosEtiquetas: o rosto do outro
A lusofonia não é lusófona, mas universal
(excerto)
A lusofonia não cobre um fundo cultural comum, mas é um espaço de eclosão cultural aberto. Não há uma cultura lusófona, nem as culturas que se encontram no espaço da lusofonia estão marcadas, de forma indelével, por uma mesma intencionalidade destinal. O que se pode dizer é que o espaço lusófono se apresenta ao mundo como a possibilidade de se romper com o regime logocêntrico que marca a vigência da metafísica ocidental enquanto configuração civilizacional criadora de uniformidade e instauradora dum fechamento onto-fenomenológico da experiência humana do mundo em relação ao horizonte grácil da emergência da vida espiritual veiculadora duma cultura eco-eudemoníaca, sem a anomalia sapiensial que separa o humano do animal, a sociedade da natureza, o terrestre do celeste.
A uniformização eurocêntrica leva à destruição das culturas ancestrais que eclodiram para lá dos constrangimentos do totalitarismo da mesmidade sem um avesso de si que a interpelasse à dissolução transmutadora. E aqui cabe uma chamada de atenção para algo que tem que ser atendido com seriedade: a instrumentalização da cultura portuguesa e do pensamento português, nascido à margem da metafísica sem um impulso interno para o outro de si, para os colocar ao serviço dum gesto totalitário análogo à totalitária imposição da mundividência eurocêntrica ao resto do mundo, não só se apresenta como um erro grotesco, como atraiçoa o sentido espiritual da expansividade da vida ética e do pensamento seminal para o ainda não pensado, para o preterido pela tradição metafísica ocidental, próprio do pensamento português e assumido por autores tão importantes quanto, por exemplo, Antero de Quental, Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, José Marinho, Eudoro de Souza, ou Agostinho da Silva, para só referir estes e para não referir os que hoje seguem na sua senda .
E a Língua Portuguesa não é constringente em termos espirituais e existenciais, ou seja, não aparece como um obstáculo até mesmo à sua ultrapassagem – tem sido um útero aberto à emergência de outras vias de apropriação linguística do mundo, coisa própria de uma língua viva, capaz de dar à luz outras línguas.
Por isso, qualquer tentativa de domesticar a língua, de a contratualizar em nome de imperativos económicos e políticos, é um passo na destruição da lusofonia, do que ela tem de mais original e imperioso para o mundo, a sua não constringência em termos espirituais.
A Língua Portuguesa não conhece fronteiras, não se institui como um território mental instaurador de barbarismos. Desse centro de divergência coalescente, não se vê nem estrangeiros nem bárbaros. Ter a Língua Portuguesa como Pátria, indo para além do lugar comum pessoano que tem sido usado para tudo e para nada, é não ser mais do que cidadão do Universo, encarado como o que, a cada instante, em cada um dos existentes e a cada um engloba numa corrente de transcensão transmutadora e re-criadora. É no diverso que se dá a patência da conversão plenificante ao que a tudo excede e, nesse excesso, tudo abraça num amplexo oceânico, sem fundo e sem margens.
- Paulo Feitais, "A lusofonia não é lusófona, mas universal", Cultura ENTRE Culturas, nº1 (Lisboa, 2010), pp.20-21.
arevistaentre.blogspot.com
... no bom caminho por um parto mais saudável e respeitado!
"Pelo direito ao parto normal" é um projeto de promoção do parto natural "sem qualquer intervenção, mas assistido por profissional de saúde", proposto por um vasto grupo de especialistas em saúde reprodutiva.
A indução do trabalho de parto (com recurso a medicamento ou ruturas de membranas), o uso de fórceps, ventosas ou anestesia geral ficam, segundo esta proposta, excluídos da classificação de parto normal, bem como o nascimento por cesariana.
Noticia retirada na íntegra de http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/10952818.html
Primeiro Guia de Assistencia ao Parto Domiciliar, Barcelona 2010
O trabalho foi realizado por uma equipa multidisciplinar, com bases em diversos artigos da literatura científica actual, relacionada com o Parto em Casa, na consulta das bases de dados da Biblioteca Cochrane, OMS, Medeine, CUIDEN e de guias de obstetrícia de países com tradição de partos domiciliares, como são a Holanda e a Inglaterra. Foram também consultadas para o efeito, as páginas web da OMS e da Royal College of Midwives, bem como foram realizadas diversas reuniões com uma equipa de assistência a partos domiciliares da Catalunha.
Este trabalho, pretende dar resposta à demanda social da participação da mulher e do casal na selecção do local do parto, conseguindo uma efectiva saúde perinatal, sensível aos aspectos psicológicos e culturais de cada mulher. Deste modo, é favorecida a liberdade individual e a autonomia para a realização de escolhas conscientes e informadas, respeitando as diferenças individuais, de acordo com o que é preconizado pelo movimento da Humanização do Parto e do Nascimento.
O documento visa a prossecução de 5 objectivos:
- Informar e dar a conhecer a realidade actual do parto em casa
- Respeitar o desejo de cada mulher e casal na escolha do local, da companhia e da forma de parir
- Fomentar a participação activa da mulher e do casal nas decisões relacionadas com a saúde do seu filho
- Reestabelecer a assistência pública domiciliaria do parto
- Estruturar os critérios de actuação dos profissionais que assistem o parto em casa
Documento na íntegra em http://www.coib.cat/uploadsBO/Noticia/Documents/GUIA%20PART%20CASA_LLARGA.PDF
Lançamento do número 1 da revista Cultura ENTRE Culturas e de Uma Visão Armilar do Mundo - 3ª, 27, Largo do Alecrim, 70
Car@s Amig@s
Convido-vos para o lançamento do número 1 da revista Cultura ENTRE Culturas, por Frei Bento Domingues e Miguel Real, em conjunto com a apresentação do meu último livro Uma Visão Armilar do Mundo, por Paulo Teixeira Pinto. O Dr. Fernando Nobre associa-se ao evento, falando sobre o diálogo intercultural.
O acontecimento tem lugar no IADE Chiado Center - Rua do Alecrim, 70, na 3ª feira, 27, pelas 18.30
A revista Cultura ENTRE Culturas é uma revista internacional e intercultural por mim dirigida que publica ensaio, poesia e fotografia. A direcção artística é de Luiz Reys e a edição da Âncora Editora.
Comissão de Honra: François Jullien, Hans Küng, Jean-Yves Leloup, Raimon Pannikar, Matthieu Ricard e Agostinho da Silva (In Memoriam).
Publica neste número inéditos de Vilém Flusser, François Jullien, Hans Küng, Jean-Yves Leloup, Raimon Pannikar e Agostinho da Silva.
Ensaios e textos de Paulo Borges, Maria Sarmento, Paulo Feitais, Rui Lopo, Ricardo Ventura, Carlos Silva, Isabel Santiago, Amon Pinho, Miguel Real, Romana Valente Pinho e Inês Borges.
Poesia de Francisco Soares, Duarte Braga, Rui Fernandes, Luiza Dunas, Dirk Hennrich (aforismos), Francisco Soares e Donis de Frol Guilhade.
Fotografia de Beat Presser, Ilda Castro, Rui Fernandes, Francisco Soares e Adama.
O próximo número (Outubro de 2010) será dedicado a Fernando Pessoa e ao Diálogo Ocidente-Oriente, por ocasião dos 500 anos da chegada dos portugueses a Goa.
Propósitos:
1. Contribuir para o desenvolvimento de uma consciência-experiência integrais, multidimensionais, inter e trans-disciplinares do real e do que possa haver além-aquém do que como tal se designa, enriquecendo criativamente a vida e a existência mediante a compreensiva realização das suas supremas possibilidades.
2. Explorar antigas e novas possibilidades espirituais, mentais, éticas, artísticas, científicas, educativas, ecológicas, comunicacionais, sociais, políticas e económicas, alternativas à crise e declínio do paradigma civilizacional ainda dominante e que obedeçam ao soberano critério do melhor possível para todos os seres sencientes, humanos e não-humanos.
3. Promover o conhecimento e diálogo entre culturas, civilizações, religiões e espiritualidades, bem como entre estas, o ateísmo e o agnosticismo, no espírito da mais ampla imparcialidade e
universalismo.
4. Contribuir para a harmonia e a não-violência na relação do homem consigo, com a natureza e com todos os seres sencientes, capazes de sentir dor, prazer e emoções.
5. Despertar e orientar para estes fins a cultura e a sociedade portuguesas, bem como a comunidade lusófona, valorizando e promovendo as tendências que nelas mais apontem neste sentido
....
Será para mim uma honra a vossa presença.
Saudações
Paulo Borges
Marcha contra a criação do Biotério da Azambuja - Hoje, 24 de Abril, 14.30 - Saldanha
A concretizar-se, esta “fábrica” de produção de animais será uma das maiores da Europa, cujos fins comerciais envolvem dinheiros públicos e cujo objectivo é a exportação de animais para todo o mundo, inclusive para países onde não existe qualquer legislação de protecção animal.
Vai realizar-se a 2ª Marcha contra a construção do Biotério da Azambuja, organizada pela Plataforma de Objecção ao Biotério - http://www.pob.pt.vu/
A concentração inicia-se pelas 14h30 do próximo Sábado, dia 24 de Abril, no Saldanha, em frente à Fundação Champalimaud (Atrium Saldanha) de onde sairá a marcha até à Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa.
A tua presença é fundamental e INSUBSTITUÍVEL!
VAMOS FAZER DE PORTUGAL UM MODELO DE CIÊNCIA SÉRIA E RESPONSÁVEL!
Viva o 25 de Abril!
Viva a Liberdade!
Viva o Zeca
Que nos fez acordar
De uma longa noite de trevas!
Viva a voz audaz de um povo,
Até então,
Calado,
Adormecido
Pelas vozes tirânicas
De um poder,
Sem dó!
Viva o 25 de Abril,
A consciência de um só grito,
Aberto,
Que nos iluminou o Futuro!
O Futuro?
Que Futuro?
O da politica demagógica?
O da falsa democracia?
O Futuro
Que já não se silencia?
O Futuro da expressão
De todas as cores?
Do rosa, do laranja,
Do vermelho, do verde
Ou do amarelo?
Viva o 25 de Abril,
O eco de pensamentos outros,
Do diálogo,
Ou da conversa fiada,
Da trama das ideologias
E da teoria da in-existência das ideologias!
Viva o 25 de Abril,
O amor e a paz,
Sempre adiadas,
Mesmo depois do ilusório apogeu
Da bem-dita guerra colonial,
Dos homens mutilados,
Dos corações de mulheres,
Despedaçados,
Das almas das crianças,
Órfãs,
Que assim nasceram
Á luz da promessa
De uma nova idade…
Isabel Rosete
Trinta e seis anos passados!
Restam-nos as memórias
Dos horrores da guerra
De uma sociedade que,
Em nome dos cravos vermelhos,
Um dia,
Ousou gritar:
Liberdade.
Liberdade:
Qual palavra de ordem
Que fez cair
Um regime
Eternamente enraizado.
Liberdade:
Qual palavra de ordem
Que arrancou,
Com todas as armas,
A tirania aos pretensos opressores
De um poder adulterado.
Liberdade:
O sinal do dizer aberto,
Há muito ocultado,
Pelo véu da falsa ordem,
Há muito camuflado,
Sob a tríade:
Deus,
Pátria
E Família.
Liberdade:
O sinal do dizer aberto,
Há muito velado,
Nos meandros da paupérrima cultura
De um Povo,
Que convinha manter calado.
Calado?
Sim, calado!
Em nome da ausência
Do Espírito Crítico,
Das mentes despertas
E do pensar astuto.
Trinta e seis anos passados!
E aqui estamos nós,
Quiçá,
Em uníssono,
A comemorar,
Com milhares de cravos vermelhos,
O grande acontecimento da Liberdade.
Liberdade?
Qual Liberdade?
Isabel Rosete
"Outro Portugal", Alhos Vedros
Presenças: Leonel, Diogo, Croca, Maribel, Edgar, Luís, Raminhos. A Fernanda Gil justificou antecipadamente a sua ausência por motivo de doença.
Ainda antes da leitura da acta da reunião passada o Raminhos informou que os livros que se pretendem juntar serão enviados para Timor e não para Cabo Verde, como inicialmente tinha sido pensado. Agendou-se o dia 15 de Maio como a data limite para a recolha dos livros para se proceder depois ao seu envio, ainda antes do final do ano lectivo.
De acordo com a reflexão feita na reunião anterior e com a identificação de algumas questões de interesse local, passou-se à definição de uma estratégia que permita passar à acção. Assim, os problemas identificados serão alvo de organização de sessões de reflexão e debate na Escola Aberta Agostinho da Silva e de, eventuais, publicações no Blogue/Revista “Estudo Geral”, de forma a, numa primeira fase, sensibilizar os participantes, para depois, numa fase posterior, se passarem a acções mais concretas.
Os problemas assinalados foram distribuídos pelos presentes da seguinte forma:
- Desarborização, desflorestação, zonas verdes – Manuel João Croca
- Património Histórico, Museologia – Luís Santos
- Planeamento urbano, degradação/recuperação dos núcleos urbanos – Maribel
- Animais Abandonados, campanha de adopção – Edgar Cantante
- Recolha de livros – Joaquim Raminhos
- Actividade teatral, acções espontâneas – Leonel Limão
- Actividade teatral e artística, zonas ribeirinhas – Diogo Correia
A próxima reunião foi agendada para dia 23 de Maio, às 15 horas, na Praia da Gorda.
Pelo MOP, Alhos Vedros
Luís Santos
"...uma boa definição de homem"
- Agostinho da Silva, “Nota a Cinco Fascículos” [1970], in Textos e Ensaios Filosóficos II, pp. 262-263.
Quem Quer Arroz Transgénico?
QUEM QUER ARROZ TRANSGÉNICO?
Manifesta! Hoje, 17 Abril, sábado, às 15h
Praça do Rossio, Lisboa
Aliados, Porto
No dia 17 de Abril vamos fazer homenagem ao arroz doce tradicional e pedir ao Ministro da Agricultura que vote contra a aprovação do arroz transgénico para Portugal e a União Europeia.
A introdução do arroz transgénico na agricultura é a sentença de morte de um alimento essencial, com 8.000 variedades conhecidas e parte integrante do espólio agrícola de Portugal. Mas apesar da resistência dos consumidores e de metade dos Estados-membros, a Comissão Europeia do Durão Barroso está muito empenhada em acalmar a impaciência de megacorporações como a Bayer e a Monsanto e dar as boas-vindas aos alimentos mutantes na Europa.
Ninguém pediu para comer transgénicos. Ninguém precisava de os comer. Quem beneficia a curto prazo com os transgénicos são uma dúzia de gigantes químicos e outra dúzia de produtores de aditivos para fastfood e rações para gado. Quem perde a médio prazo? Todos!
Os transgénicos ameaçam a nossa saúde, o meio ambiente e as economias locais. Contaminam outros cultivos, erodem o solo e destroem a agricultura familiar, agravando a fome no mundo. Como a coexistência com outras formas de produção não é possível, quem diz 'sim' a transgénicos terá de dizer adeus à biodiversidade.
Junte a sua voz à de milhões de consumidores e agricultores que um pouco por todo o mundo assinalam no 17 de Abril o dia internacional da luta contra os transgénicos e as patentes sobre a vida. Venha aos Aliados no Porto ou ao Rossio em Lisboa às 15h, para saborear um arroz doce biológico e animar a Manifesta!, mostrando que o nosso arroz é mais importante que as patentes e os lucros da Bayer.
Mais informações sobre arroz transgénico em www.stopogm.net
Serge Latouche, porta-voz da filosofia do decrescimento
"Seja como for, nós não pretendemos impedir que uma sociedade, resolutamente decidida a se suicidar, o faça. Nós apenas esperamos que ela o faça sabendo o que está fazendo. A construção de uma sociedade de decrescimento é uma proposta. Não se trata aqui de impô-la a uma população que, em sua esmagadora maioria, não a deseja..."
Serge Latouche
Podem ler a entrevista completa aqui. Ou um resumo no Outro.
O acessor e o coveiro
EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J.
Para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 EUR (700 contos).
Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na
"... Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."
EXEMPLO 2
No aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO,
cujo vencimento anda à roda de 450 EUR (90 contos) mensais.
Método de selecção:
Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos.
A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
4. - Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.
5. - Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais.
6. - Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
7. - No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.
P.S. Recebi via mail, achei curioso e publico. Tive preguiça de ir confirmar a veracidade dos dados.
Dulce Alves
Propostas do grupo Economia e Energia
Portugal, pela suas características naturais, pela capacidade inovadora que ao longo da sua história tem revelado, pela excelência dos seus recursos humanos e pelo trabalho que tem vindo a iniciar nos últimos anos, apresenta todas as condições para se assumir como um dos líderes no desenvolvimento de energias renováveis, criando um nicho de desenvolvimento económico assente nos sectores com elas relacionados.
Uma aposta clara no desenvolvimento de energias alternativas (solar, eólica, marmotriz, geotérmica, magnética, etc.) às assentes em combustíveis fósseis, com uma ambição internacional, permitiria a criação de emprego especializado e altamente qualificado, a criação de riqueza, o desenvolvimento da educação e da investigação, a redução da dependência energética, uma melhoria da nossa balança de transacções com o exterior e a liderança no campo do saber. Esta aposta deverá passar pelo apoio a projectos de investigação, desenvolvimento e investimento provenientes dos diversos agentes. O apoio necessário não se esgota em questões de financiamento, mas deverá incluir também apoio técnico, de orientação e de incentivo ao empreendedorismo.
Deverão ainda ser fortemente apoiadas as iniciativas individuais ou comunitárias que contribuam para a redução do consumo energético ou para a auto-suficiência neste campo.
II.
A implantação de energias alternativas no nosso país deverá ser criteriosa. A sua utilização indiscriminada poderá ter efeitos contrários aos desejados, pelo que deverão existir regras bem definidas para a sua implementação. O recurso à energia eólica, por exemplo, deverá ter em conta os locais ambientalmente mais sensíveis, face ao impacto que os equipamentos a ela associados apresentam na paisagem, na flora e na fauna locais (alteração de corredores de migração de aves, impacto dos grandes caminhos de acesso aos parques, consequências ao nível da flora que, em alguns casos, só existe nos cimos das serras, etc.). Assim, deverá ser claramente previsto em lei a proibição da criação de campos eólicos em parques naturais e áreas protegidas, sem qualquer excepção.
A energia nuclear proveniente da “fusão a quente” deverá ser taxativamente recusada. Para além do risco de acidentes graves, mantêm-se as questões relacionadas com os resíduos. Enquanto a sua eliminação não for possível, todas as soluções encontradas serão insatisfatórias, uma vez que apenas adiam o problema, não o resolvendo.
III.
A crescente confusão entre os conceitos de desenvolvimento económico e de crescimento económico que está presente nos discursos oficiais, na comunicação social e na opinião pública em geral é um reflexo de alguns dos valores que predominam na sociedade actual.
O crescimento económico é medido a partir da produção comercializável, sendo que a sua avaliação é feita com base nos agregados da contabilidade nacional, como o Produto Interno Bruto (PIB) ou o Rendimento Nacional. Mas este indicadores pouco ou nada nos dizem sobre o desenvolvimento económico, cuja avaliação inclui as mudanças das estruturas mentais e dos hábitos sociais, a distribuição da riqueza produzida, a justiça do sistema fiscal, a qualidade da educação, a igualdade de oportunidades, etc.
No entanto, o crescimento económico tem sido, frequentemente, o único barómetro utilizado pelos responsáveis políticos – com eco na comunicação social - para medir o bem-estar e a “saúde” de um território.
De facto, quando se analisa a economia do país ou de uma das suas regiões, os indicadores que sobressaem e aos quais é dada maior relevância são indicadores que se debruçam, quase exclusivamente em critérios de crescimento económico, de criação de riqueza ou relacionados com a produtividade. Esses indicadores são centrados exclusivamente no homem e desligados do meio em que ele se insere.
Estando inseridos num ecossistema dinâmico, se por via da nossa capacidade racional não percebermos a falácia que constitui a lógica dominante subordinada ao crescimento económico a todo o custo, estaremos condenados a aprender por via de mecanismos naturais as consequências de perturbarmos em demasiado o estado de equilíbrio natural.
Assim, como instrumentos para definição de políticas económicas propomos o estudo, adopção e utilização de indicadores alternativos que sejam verdadeiros barómetros para aferir do bem-estar real das populações, numa perspectiva holística, devendo ser divulgados com a mesma importância que normalmente é atribuída aos indicadores tradicionais.
Como exemplo, propomos a adopção do FIB - Felicidade Interna Bruta. Este indicador, adoptado pelo Butão, não se encontra em contraposição ao PIB: este é parte integrante do primeiro, uma vez que o crescimento económico também promove o bem-estar. No entanto, também não pretende valorizar exclusivamente a capacidade produtiva da população. Para o seu cálculo são tidos em conta elementos como o bem-estar psicológico (sendo utilizados indicadores como níveis de stress, actividades espirituais, auto-avaliação da saúde, …), a utilização do tempo, a saúde, a educação, a diversidade cultural, a avaliação do sistema governativo, a diversidade ecológica, etc.).
IV.
Face às limitações do crescimento económico, ao esgotamento dos combustíveis fósseis, ao êxodo das populações e à necessidade de dinamização das economias locais, consideramos que o desenvolvimento rural deverá passar, em grande medida, por políticas que promovam a resiliência.
Nesse sentido, propomos o desenvolvimento e apoio a estruturas que permitam às comunidades locais e regionais ter capacidade para lidar com choques económicos e energéticos externos, mantendo as suas características intrínsecas, o que implica garantir condições de auto-suficiência.
O desenvolvimento local deverá também passar pela relocalização, dinamizando políticas e iniciativas que permitam às diversas regiões e/ou comunidades libertarem-se de uma dependência excessiva da economia global, investindo os seus próprios recursos para produzir uma parcela significativa dos bens e serviços que consomem: água, alimentação, materiais de construção, tecidos, madeira, energia, etc..
Em última análise, com a crescente indisponibilidade de combustíveis fósseis, a nossa capacidade de transportar mercadorias irá, necessariamente, diminuir, tornando o processo inevitável. Assim, devemos começar já a construir as infra-estruturas que permitam o fornecimento local.
Como política de desenvolvimento regional, consideramos importante o apoio a iniciativas que promovam a utilização de moedas locais e/ou regionais: mecanismos de troca que garantam que uma grande parte do consumo seja feito localmente, produzindo riqueza que se redistribuirá ao nível da comunidade/região e reforçando a cooperação económica e social entre os habitantes.
Defendemos que deverá ser dada particular atenção a estas iniciativas nas regiões que sofrem problemas de interioridade e que a sua gestão seja feita por organismos que agreguem todos os agentes económicos regionais.
V.
Uma rede de transportes eficiente assume uma importância vital na economia de qualquer país. Portugal não é excepção. Nas últimas décadas, o país realizou um enorme investimento na construção de uma rede viária, privilegiando o transporte rodoviário.
Apesar das vantagens que uma rede de estradas apresenta para a circulação de pessoas e bens, uma política de transportes potenciadora de bem-estar não se pode esgotar aí. É necessário actuar em áreas como a rede ferroviária nacional e o incentivo à utilização de meios colectivos e alternativos de transporte.
A ferrovia possui uma grande capacidade de transporte, apresenta uma velocidade elevada, realiza o seu tráfego em vias exclusivas e tem um custo operacional baixo em relação ao peso total transportado. Para além disso, é seguro, energeticamente eficiente e é uma alternativa válida a outros meios de transporte mais poluentes, podendo dar uma grande contribuição para a redução do número de automóveis em circulação.
Assim, Portugal deveria realizar uma aposta séria na recuperação, modernização e expansão da sua ferrovia, tornando-a um elemento fundamental da sua política de transportes e de desenvolvimento da economia local e regional.
Tem-se assistido também, nos últimos anos, à criação de uma série de infra-estruturas destinadas ao passeio pedestre e de bicicleta, muitas vezes aproveitando vias-férreas desactivadas. São iniciativas que merecem elogio e que deverão continuar a ser incentivadas.
No entanto, essas vias são normalmente localizadas em áreas periféricas aos centros urbanos. É necessário incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte nas cidades. Um passo fundamental para que tal aconteça é a criação de vias exclusivas para a sua circulação dentro das zonas urbanas, bem como a sua ligação às zonas rurais.
O reforço dos meios de transporte colectivos deverá ser um elemento indispensável de uma política energética e ambiental eficiente. Eles deverão estar disponíveis para todos os potenciais utilizadores, a preços acessíveis (o custo acrescido será, decerto, compensado com a poupança nos gastos de saúde) e inseridos em redes flexíveis e com horários realistas face às necessidades das populações em geral.
Neste âmbito, não nos poderemos limitar a olhar apenas para a rede urbana. É urgente repensar e desenvolver os transportes colectivos que ligam as cidades às áreas rurais, sendo esta questão ainda mais urgente no interior do país.
Por outro lado, todos os transportes colectivos, bem como as viaturas do Estado, deverão, obrigatoriamente, ser eco-eficientes.
VI.
Nos últimos anos, tem crescido de forma exponencial a oferta turística no nosso país. No entanto, os factores de atractividade que Portugal apresenta e que se propõe explorar são consecutiva e dramaticamente alterados, degradando-se a oferta inicialmente proposta. Um triste exemplo é o Algarve turístico, cuja exploração assente num turismo de massas matou a qualidade da oferta inicial, não trazendo necessariamente uma melhoria nas condições de vida das populações locais, tendo em conta os princípios do desenvolvimento sustentável e da preservação da cultura e natureza.
Entendemos que o turismo deverá ser encarado como uma consequência do desenvolvimento social, cultural e natural e não uma causa directa e primordial, nunca podendo colocar em causa a sustentabilidade dos recursos nacionais.
A promoção do turismo em Portugal deverá ser sustentada primordialmente pelo interesse regional, criando valor acrescentado baseado nas especificidades de cada região, procurando manter nas comunidades locais a riqueza por ele gerada.
VII.
O potencial universalista de Portugal, dada a diáspora planetária da sua história, cultura e língua deverá também estar presente nas relações económicas internacionais, desde que se abandonem lógicas de colonialismo, exploração e domínio.
A ligação privilegiada de Portugal aos países de língua oficial portuguesa deveria ter reflexos em relações económicas potenciadoras de benefícios mútuos assentes em valores humanos e justos.
Neste contexto, propõe-se a criação de um espaço comunitário partilhado pelos países de língua oficial portuguesa com uma circulação de bens, pessoas e conhecimento facilitada.
VIII.
Entendemos que as relações económicas externas de Portugal não poderão deixar de ter em conta violações sistemáticas de direitos humanos.
Assim, no contexto do comércio internacional, consideramos ser imprescindível a existência de uma política nacional (que envolva todos os agentes económicos e não apenas o Estado) que introduza, nas operações de importação, critérios de respeito pelos direitos humanos e pelo ambiente por países terceiros, bem como garantias de que na origem dos produtos ou serviços não estão presentes situações de exploração de mão-de-obra infantil.
IX.
Todas as mudanças profundas nos sistemas sociais, económicos e culturais só são possíveis quando acompanhadas por uma educação e formação capazes e abrangentes, que inclua o incentivo à inovação e iniciativa.
No campo económico, propomos que, desde cedo, se incluam nos currículos escolares matérias relacionadas com o empreendedorismo, de forma a educar pessoas capazes de ter iniciativa e de mobilizar recursos (incluindo os humanos) para alcançar objectivos decorrentes de uma ideia. Deverá ser disponibilizada formação aos responsáveis educativos para serem capazes de desenvolverem estas ideias segundo a perspectiva do campo de estudos de cada um.
No ensino universitário, a lógica de especialização actualmente vigente, bem como o desaparecimento dos currículos dos cursos de Economia de disciplinas como a Sociologia, a História, a Filosofia, entre outras, tem contribuído para a criação de profissionais sem uma visão holística da sociedade.
Propõe-se, assim, a adopção nos cursos universitários de Economia de disciplinas obrigatórias que permitam compreender a sociedade em que nos inserimos, a sua evolução e os diversos factores que a influenciam, fornecendo uma visão abrangente dos problemas e das possíveis soluções.
"as vozes que o chão me diz", de João Negreiros
Movimento "Outro Portugal", Alhos Vedros
Estiveram presentes: Célia Martins, Diogo Correia, Edgar Cantante, Fernanda Gil, Joaquim Raminhos, Leonel Limão, Luís Santos e Manuel João Croca.
Aqui fica a síntese dos assuntos abordados:
1- A Fernanda Gil começou por fazer referência à sua participação na organização da Feira Medieval que decorrerá em Alhos Vedros nos dias 3, 4 e 5 de Junho. Foi levantada a possibilidade do nosso Grupo participar nalguma actividade relacionada com esse evento.
2- O Luís Santos apresentou o Blogue/Revista Estudo Geral e dada a riqueza da História Local da região pensou-se em iniciar a elaboração de um dossier sobre património histórico que poderá ser publicado na Revista. Relembrou também a inexistência na região de um núcleo museológico.
3- O Manuel João Croca, secundado por todos os outros, identificou um conjunto de problemas de que a região padece, como sejam, o abate intensivo de árvores, a desflorestação, a degradação das zonas naturais junto à margem do rio e a crescente degradação urbana do centro histórico de Alhos Vedros. Propôs ainda que se tentasse recuperar a organização do Festival Lusófono Musidanças.
4- O Edgar Cantante, em concordância, com algumas das questões assinaladas, falou das más condições a que os animais abandonados estão sujeitos e das dificuldades com que luta a direcção da respectiva Associação. Nesse sentido propôs que o Grupo pudesse ajudar nalgum sentido, nomeadamente, na organização de uma possível campanha para adopção desses animais. Falou-se também num eventual contacto com a União Zoófila da Moita.
5- A Célia Martins, acentuou também alguns problemas relacionados com o património natural, como é o caso do Cais de Desmantelamento dos Barcos (dito Cais Novo). Informou também sobre a operação “Limpar Portugal” que vai mobilizando todo o país e que na região envolve algumas centenas de pessoas.
6- O Digo Correia desenvolveu também algumas ideias sobre as zonas naturais, nomeadamente sobre o Cais de Desmantelamento dos Barcos e o impedimento que as pessoas vão sentindo de acederem ao rio, por motivos vários. Uma situação que merecerá ser reparada.
7- O Leonel Limão falou da possibilidade de se organizarem manifestações espontâneas que de alguma forma pudessem dar visibilidade a algumas questões merecedoras de serem assinaladas.
8- O Joaquim Raminhos concordou com a possibilidade de se fazer um encontro com a Associação dos Animais Abandonados e com a realização da referida campanha de adopção. No âmbito das relações lusófonas propôs o envio de livros para Cabo Verde, em parceria com a Associação de Amizade Cabo Verde/Portugal. Assinalou também a proximidade do Dia da Árvore e da Floresta e que seria bom participarmos nos eventos que decorrerão na região.
Público - Mudando a sala de aula, podem mudar-se comportamentos
Na prática, já há muito que nada é assim: há quem deite as cadeiras para o chão, quem se levante e passeie pela sala, acabando todos na rua com uma falta disciplinar, ou quem se deixe ficar sentado, mas alheado. Há outras formas de viver a sala de aula, mas, no essencial, esta transformou-se num pesadelo para os professores e numa "seca" para os alunos. Entre os que chegam ao ensino superior, "já são muito poucos aqueles que conseguem ser estimulados", constata Diogo Teixeira, director do Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos (IPA), em Lisboa. Terá que ser assim?
Diogo Teixeira, o coreógrafo João Fiadeiro e o designer José Luís Azevedo estão convictos de que é possível mudar este estado de coisas e que para tal não são precisos mais meios do que aqueles que os professores e alunos já têm à mão. Basta querer fazer. Esse é o desafio que estão a lançar aos docentes do ensino básico e secundário. O primeiro passo aconteceu na segunda-feira, com o workshopReinventar a sala de aula.
Foram enviados convites às escolas da Grande Lisboa, onde se afirmava, entre outros pressupostos, que a sala de aula, tal como está agora, "é um espaço antinatural". Inscreveram-se 50 professores, participaram 30, que era a lotação máxima. Fiadeiro e Azevedo são também professores, mas no ensino superior. Com os docentes que estão antes deles não pretendem "discutir conteúdos ou pedagogias", mas sim propor "novas abordagens à forma como se pode lidar com o espaço de uma sala de aula", já que têm como certo que intervir aqui é também mexer no modo como professores e alunos se comportam e se relacionam.
Admitem que há uma espécie de "clima de guerra" instalado nas escolas, mas não acreditam que este se resolva com mais medidas disciplinares. Fiadeiro diz que esta é uma resposta provocada pelo "medo".
José Luís Azevedo chama a atenção para o facto de quase terem deixado de existir pontes entre professores e alunos. Para as reconstruir, defendem ambos que os docentes têm de envolver mais os estudantes na tomada de decisões, a começar, por exemplo, pelo modo como se pode transformar uma sala de aula.
Coisas simples; soluções móveis. Por exemplo, juntando as mesas de forma a organizá-las em quadrados, ou num grande rectângulo, e sentando os alunos em volta. Esta não é só uma disposição que favorece mais a participação e aproxima o professor, como pode ser também uma forma de mudar comportamentos.
Azevedo chama a atenção de que, com esta organização, sabota-se uma hierarquia "clássica" entre os alunos: os mais barulhentos nos lugares de trás, os mais disciplinados e atentos nos da frente. No Inverno, a proximidade dos corpos ajuda também a tornar as salas menos frias. O sentimento de conforto é um redutor de agressividade, lembra o designer, que sobe a uma cadeira e cola um filtro amarelo por cima da luz de néon branca. O ambiente mudou. Mais quente, mais acolhedor, mais calmo.
E por que não alargar a participação, dando aos alunos que geralmente não vão ao quadro a possibilidade de escreverem na parede que está mesmo por detrás deles? Basta pintá-la com uma tinta, agora lançada no mercado, que transforma qualquer parede num quadro de ardósia, onde se pode escrever a giz e apagar depois.
"A cantina da nossa escola é tão deprimente. Se pedíssemos a um grupo de estudantes que a transformasse, talvez conseguíssemos que muitos mais fossem lá almoçar", diz a psicóloga de uma escola, que acrescenta logo de seguida: "Mas os professores nem tempo têm para pensar."
João Fiadeiro fala de "pensamento criativo". Para que uma acção resulte, é necessário identificar quais são os constrangimentos de base, a "falta de tempo" será um deles, mas não para baixar os braços. Ideias de partida: "Parar para pensar"; encarar os problemas como "uma oportunidade"; recusar o lamento habitual do "não há meios", já que "é sempre possível trabalhar com aquilo que já se tem".
É o contraponto à escola futurista apresentada de manhã por António Câmara, professor da Universidade Nova de Lisboa e fundador da empresa YDreams. A realidade virtual não pode ficar à porta da sala de aula, diz o inventor.
Os docentes têm dificuldades com as novas tecnologias? Deixem que sejam os alunos a explicar como este mundo, que é o deles, funciona, aconselha Azevedo. É preciso voltar a "aprender, fazendo", conclui Diogo Teixeira.
Mas sobretudo, diz também António Câmara, é preciso não esquecer que um professor pode ainda ser a pessoa que tem o poder de mudar a vida de um jovem.
Apoio do MOP à Marcha-Protesto contra todos os maus-tratos aos animais
É a altura de promovermos em Portugal uma Cultura da solidariedade com todas as espécies de seres sencientes, condição para uma humanidade mais digna. Precisamos de Outro Portugal e Outra Cultura, que nos eleve como seres humanos responsáveis pelo bem do mundo e dos seres.
Pela Comissão Coordenadora do MOP
Paulo Borges
A Permaculture Food Forest
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ABSURDAMENTE APAIXONADO PELAS COISAS QUE FAÇO!
VER FOTOS DE OUTROS PROJETOS E PERFIL NO ORKUT
Categoria:
Educação
Palavras-chave:
TROCANDO iDÉIAS
Proposta para reuniões de Encarregados de Educação nas escolas! Se professores e pais concordarem ensinem aos filhos/alunos !
O NOme do projeto é "Plantando a paz" e tem por objetivo aproveitar áreas não utilizadas de escolas como terrenos baldios e converte-las em algo que seja útil para os alunos.
Nesta escol auma área onde havia apenas mato e lixo, os alunos, professores e funcionários fizeram um multirão e transformaram esta área em uma Horta que agora fornece merenda para os alunos e também cursos de jardinagem.
Depois deste projeto a motivação dos alunos aumentou muito bem com caíram os níveis de reprovação e evasão escolar.
Blog do Colégio Dr. Luíz Rogério de Souza: http://wf.pires.zip.net/
As lágrimas de Boris, o Touro
Uma questão de cultura (ainda a tauromaquia)
Mas estes desfasamentos não sucedem só em agrupamentos humanos que, por qualquer motivo, foram marginalizados do processo histórico. No interior da era coabitam outras eras. No tempo presente coexistem tempos passados. Certos rituais, tradições e comportamentos primitivos, apesar de claramente anacrónicos, persistem nas nossas sociedades desenvolvidas. É o caso exemplar das touradas.
Só na aparência se trata de um tema polémico. Na verdade, não há nenhuma polémica, nem nada digno de debate. O assunto é claro e evidente para toda a gente. Trata-se de um ritual retrógrado que não faz qualquer sentido, nem tem nenhuma justificação, na sociedade contemporânea. Recorde-se que já D. Maria II, em meados do século XIX, decretou a sua proibição por considerar "que as corridas de touros são um divertimento bárbaro impróprio de Nações civilizadas". Pelo menos há dois séculos que as touradas são um sinal de atraso e incivilização.
Todas as pseudo discussões sobre a preservação dos touros, se estes sentem dor ou não, a importância económica da atividade, a defesa da tradição, etc., nada acrescentam ao essencial e cristalino. A tourada é um espetáculo selvagem e criminoso. Ponto final parágrafo.
Muitas outras tradições têm sido abandonadas por serem indignas da condição do homem atual. Caminhamos para o reconhecimento dos direitos dos animais. Caminhamos para uma maior consciência da partilha do planeta com outras formas de vida. Caminhamos até para um sentido de cooperação e não de exploração e extermínio das outras espécies e da própria natureza. Os anacronismos que ainda persistem combatem-se com leis civilizadoras assentes, precisamente, na evolução e consenso cultural. Ou seja, a cultura, em sentido lato e específico nas suas várias vertentes humanizadoras, tem nestes assuntos um papel decisivo. É através dela que se promove o esclarecimento, a educação e uma visão mais avançada sobre o tempo em que nos foi dado viver. A cultura não é isenta, nem irresponsável. Estamos todos implicados.
Ora essa responsabilidade não pode deixar de estar presente a nível governativo. Do Ministério da Cultura espera-se um claro empenhamento na modernização geral do País e dos cidadãos. A par do desenvolvimento das novas tecnologias e novas aptidões, com grande incidência nos planos tecnológicos e nos programas dos Ministérios da Ciência e da Economia, seria de esperar uma participação não menos ativa do Ministério da Cultura na qualificação civilizacional dos portugueses. Ora, infelizmente, não é isso que se passa. Portugal não tem tido nenhuma sorte com os sucessivos ministros da cultura.
Ao incluir uma secção especializada dedicada à tauromaquia no recém criado e pomposo Conselho Nacional da Cultura, a Ministra Gabriela Canavilhas mostra, desgraçadamente, que ainda não é desta que temos à frente do ministério alguém que já viva no século XXI. Em vez de contribuir para a evolução positiva do País, com este gesto incongruente a ministra envia sinais de atavismo e tradicionalismo que só podem reforçar ainda mais o nosso atraso.
Não cabe exigir demissões. Esta gente passa e só deixa um rasto de irrelevância. Mas fica claro que continuamos a nada poder esperar de um ministério que devia dar o exemplo e ajudar a melhorar o nível cultural dos portugueses. A cultura, a verdadeira, continuará a ser desenvolvida noutros lugares.
- Leonel Moura, Jornal de Negócios Online, 26 de Março de 2010
Do espaço ao tempo
O construtor limpa o suor à pedra. Quase concluída está a catedral, imenso é o cansaço, mas também o alívio.
O mestre chama todos os aprendizes para que o salário lhes seja pago.
Ainda não foi consagrado o templo. Reúnem-se sob a grande nave central e o som das vozes e o do dinheiro rolando pela laje ecoa por todo o espaço.
Uma das cabeças ergue-se, depois de contar as moedas. Algo o chama, um silencioso olhar. Ao cimo das escadas que conduzem ao piso de cima, um estranho ser, uma criança, mas de inusitadas vestes, observa-o como se o visse do futuro.
Uma voz se ouve, mais atrás, em aflição.
A professora chama e vem buscar a menina que se separou do grupo para assistir a inesperada reunião.
- Estava ali um grupo de homens vestido como nós já vimos no outro dia no filme e recebiam moedas de um senhor muito importante.
- Como sabes que era importante?
- Pelo vestir. E era ele que distribuía as moedas. Mas não eram iguais às nossas...
- Como?
- As moedas que recebiam os operários. Já acabaram a construção.
- Esta menina não anda a viver demasiado as ficções?
A menina é arrastada para trás, o grupo dos aprendizes dispersa. Do trabalho ao recreio...
Ela ainda acena num gesto de despedida àquele jovem operário que é tão, mas tão parecido com o seu colega Miguel, apenas uns anos mais velho.
Quando, passados uns anos voltar àquela catedral, procurará inutilmente o grupo dos operários, se ainda se recordar de os ter visto. Talvez já não se lembre de nada. Afinal era uma criança de imaginação transbordante. Mas um sentimento de respeito e amor tomará conta das suas células. Inexplicavelmente.
E comentará com Miguel, o perplexo amado, ao passarem por um grupo de meninos, e vendo uma criança, relutante, puxada por um braço, acenando para trás, em direcção a alguém que não consegue divisar: :
- É tão importante trazer as crianças a estes espaços onde um dia estivemos...
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Manifesto
Aqui se apresenta a proposta de um cidadão português que, no decurso da sua docência universitária, obra publicada e intervenção cultural, tem seguido com interesse e preocupação os rumos recentes de Portugal e do mundo. Convicto de que urge refundar Portugal, eis uma lista de prioridades para o país e o mundo melhor a que temos direito e que todos temos o dever de construir. Agradecem-se os contributos críticos, de modo a que a proposta se aperfeiçoe e complete e sirva de plataforma para a discussão pública e a intervenção cultural e cívica que visa, pelos meios que se verificarem ser os mais oportunos.
I – Portugal é uma nação que, pela diáspora planetária da sua história e cultura, pela situação geográfica e pela língua, com 240 milhões de falantes em toda a comunidade lusófona, tem a potencialidade de ser uma nação cosmopolita, uma nação de todo o mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações. Este perfil vocaciona-nos para o cultivo dos valores mais universalistas, promovendo o diálogo com todas as culturas mundiais. Os valores mais universalistas são aqueles que promovam o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, visando não apenas o bem da espécie humana, mas também a preservação da natureza e do bem-estar de todas as formas de vida animal, como condição da própria qualidade e dignidade da vida humana.
II – O nosso potencial universalista tem sido sistematicamente ignorado pelas nossas orientações governativas, desde a época dos Descobrimentos até hoje. Se no passado predominou a pretensão de dilatar a Fé e o Império, hoje predomina a sujeição da nação aos novos senhores do mundo, as grandes esferas de interesses político-económicos. Portugal está ao serviço da globalização de um paradigma de desenvolvimento económico-tecnológico que explora desenfreadamente os recursos naturais e instrumentaliza homens e animais, donde resulta um enorme sofrimento, um fosso crescente entre homens, classes, povos e nações, a redução da biodiversidade e o arrastar do planeta para uma crise sem precedentes.
III – A assunção do nosso potencial universalista implica uma reforma das mentalidades, com plena expressão ética, cultural, social, política e económica. Nesse sentido se propõem as seguintes medidas urgentes, que visam implementar entre nós um novo paradigma, convergente com as melhores aspirações humanas e com os grandes desafios deste início do século XXI:
1 – Portugal deve dar prioridade absoluta a um desenvolvimento económico sustentado, que salvaguarde a harmonia ecológica e o bem-estar da população humana e animal. A Constituição da República Portuguesa deve consagrar a senciência dos animais – a sua capacidade de sentir dor e prazer - e o seu direito à vida e ao bem-estar. Portugal deve aprender com a legislação das nações europeias mais evoluídas neste domínio, adaptando-a à realidade nacional.
2 – Portugal deve ensaiar modelos de desenvolvimento alternativos, que preservem e promovam a diversidade cultural, biológica e ecoregional. Há que promover a sustentabilidade económica do país, desenvolvendo as economias locais. Devem-se substituir quanto possível as energias não-renováveis (petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear), por energias renováveis e alternativas (solar, eólica, hidráulica, marmotriz, etc.), superando o paradigma, a vulnerabilidade e as dependências de uma economia baseada no petróleo e nos hidrocarbonetos. Deve-se particularmente explorar as potencialidades energéticas dos nossos mais de 900 km de costa.
3 - Devem-se ensaiar formas de organização económica cujo objectivo fundamental não seja apenas o lucro financeiro. Deve-se assegurar o predomínio da ética e da política sobre a economia, de modo a que a produção e distribuição da riqueza vise o bem comum do ecossistema e dos seres vivos, a satisfação das necessidades básicas dos homens e a melhoria geral da sua qualidade de vida, bem como o acesso de todos à educação e à cultura.
4 - Deve-se investir num programa pedagógico de redução das necessidades artificiais que permita oferecer alternativas ao produtivismo e consumismo, fazendo do trabalho e do desenvolvimento económico não um fim em si, com o inevitável dano da harmonia ecológica, da biodiversidade e do bem-estar de homens e animais, mas um mero meio para a fruição de um crescente tempo livre de modo mais gratificante e criativo. Deve-se fiscalizar mais rigorosamente o crédito ao consumo, de forma a evitar o crescente endividamento das famílias.
5 – Há que criar um serviço público de saúde eficiente e acessível a todos, que inclua a possibilidade de optar por medicinas e terapias alternativas, de qualidade e eficácia comprovada, como a homeopatia, a acupunctura, a osteopatia, o shiatsu, o yoga, a meditação, etc. Estas opções, bem como os medicamentos naturais e alternativos, devem ser igualmente comparticipadas pelo Estado.
6 – Importa informar e sensibilizar a população para os efeitos nocivos de vários hábitos alimentares - nomeadamente o consumo excessivo de carne - , para o meio ambiente, a saúde pública e o bem-estar de homens e animais. Sendo uma das principais causas do aquecimento global, do esgotamento dos recursos naturais e do sofrimento dos animais, há que restringir e criar alternativas à agropecuária intensiva. Deve-se divulgar a possibilidade de se viver saudavelmente com uma alimentação não-carnívora, vegetariana ou vegan e devem-se reduzir os impostos sobre os produtos de origem natural e biológica.
7 - Portugal, a par do desenvolvimento económico sustentado, deve investir sobretudo nos domínios da saúde, da educação e da cultura, não só tecnológica, mas filosófica, literária, artística e científica. O Orçamento do Estado deve reflectir isso, reduzindo os gastos com a Defesa, o Exército e as obras públicas de fachada. Urge moralizar e reduzir os salários e reformas de presidentes, ministros, deputados e detentores de cargos na administração pública e privada, a par do aumento dos impostos sobre os grandes rendimentos.
8 - Redignificar, com exigência, os professores e todos os profissionais ligados à educação e à cultura. A educação e a cultura não devem estar dependentes de critérios economicistas e das flutuações do mercado de emprego. Os vários níveis de ensino visarão a formação integral da pessoa, não a sacrificando a uma mera funcionalização profissional. A par disto, há que sensibilizar as famílias para não abandonarem as crianças em frente dos computadores e dos maus programas de televisão. A televisão pública deve melhorar o seu nível, investindo mais em programas de informação e formação.
Nos vários níveis de ensino deve ser introduzida uma disciplina que sensibilize para o respeito pela natureza, a vida humana e a vida animal, bem como outra que informe sobre a diversidade de paradigmas culturais, morais e religiosos coexistentes nas sociedades contemporâneas. Nos mesmos níveis de ensino deve estar presente a cultura portuguesa e lusófona, bem como as várias culturas planetárias. Um português culto e bem formado deve ter uma consciência lusófona e universal, não apenas europeia-ocidental.
A meditação, com benefícios científicamente reconhecidos - quanto ao equilíbrio e saúde psicofisiológicos, ao aumento da concentração e da memória, à melhoria na aprendizagem, à maior eficiência no trabalho e à harmonia nas relações humanas - , deve ser facultada em todos os níveis dos currículos escolares, em termos puramente laicos, sem qualquer componente religiosa.
9 - Portugal deve assumir-se na primeira linha da defesa dos direitos humanos e dos seres vivos em todos os pontos do planeta em que sejam violados, sem obedecer a pressões políticas ou económicas internacionais. Portugal deve ser um lugar de bom acolhimento para todos os emigrantes e estrangeiros que o procurem para trabalhar e viver.
10 – Portugal deve aprofundar as relações culturais, económicas e políticas com as nações de língua portuguesa, incluindo a região da Galiza, Goa, Damão, Diu, Macau e os outros lugares da nossa diáspora onde se fala o português, sensibilizando a comunidade lusófona para as causas universais, ambientais, humanitárias e animais.
11 - Portugal deve promover a Lusofonia e os valores universalistas da cultura portuguesa e lusófona no mundo, dando o seu melhor exemplo e contributo para converter a sociedade planetária na possível comunidade ético-cultural e ecuménica visada entre nós por Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. Portugal deve assumir-se como um espaço multicultural e de convivência com a diversidade, um espaço privilegiado para o tão actual desafio do diálogo intercultural e inter-religioso, alargado ao diálogo entre crentes e descrentes. Deve precaver-se contudo de tentações neo-imperialistas e de qualquer nacionalismo lusófono ou lusocêntrico. A Lusofonia não deve abafar outras línguas e culturas que existam no seu espaço.
12 - Verifica-se haver em Portugal e na Europa em geral uma grave crise de representação eleitoral, patente na elevada abstenção e descrédito dos políticos, dos partidos e da política, os quais, segundo a opinião geral, apenas promovem o acesso ao poder de indivíduos e grupos que sacrificam o bem comum a interesses pessoais e particulares, com destaque para os das grandes forças económicas. As eleições são assim sistematicamente ganhas por representantes de minorias, relativamente à totalidade dos cidadãos eleitores, que governam isolados da maioria real das populações, que os consideram com alheamento, desconfiança e desprezo, tornando-se vítimas passivas das suas políticas. O actual sistema eleitoral também não promove a melhor justiça representativa, não facilitando a representação de uma maior diversidade de forças políticas e limitando-a às organizações partidárias, o que contribui para a instrumentalização do aparelho de Estado, dos lugares de decisão político-económica e da comunicação social pelos grandes partidos.
Esta é uma situação que compromete seriamente a democracia e que a história ensina anteceder todas as tentativas de soluções ditatoriais. Há que regenerar a democracia em Portugal, reformando o estado e o sistema eleitoral segundo modelos que fomentem a mais ampla participação e intervenção política da sociedade civil, facilitando a representação de novas forças políticas e possibilitando que cidadãos independentes concorram às eleições. Deve-se recuperar a tradição municipalista portuguesa e promover uma regionalização e descentralização administrativa equilibradas, assegurando mecanismos de prevenção e controlo dos despotismos locais.
Há que colocar a política ao serviço da ética e da cultura e mobilizar a população para a intervenção cívica e política em torno dos desafios fundamentais do nosso tempo, com destaque para a protecção da natureza, o bem-estar dos seres vivos e uma nova consciência planetária. Há que mobilizar os cidadãos indiferentes e descrentes da vida política, a enorme percentagem de abstencionistas e todos aqueles que se limitam a votar, para a responsabilidade de reflectirem, discutirem e criarem o melhor destino a dar à nação. Há que, dentro dos quadros democráticos e legais, promover formas alternativas de intervenção cultural, social e cívica, que permitam antecipar tanto quanto possível a realidade desejada, sem depender dos poderes instituídos.
Convicto de que estas medidas permitirão que Portugal recupere o pioneirismo e criatividade que o caracterizou no impulso dos Descobrimentos, mas agora sem escravizar e explorar outros povos, apelo a que todos dêem o vosso contributo para a discussão, aperfeiçoamento e divulgação deste Manifesto. De todos nós depende que ele se constitua na plataforma de um movimento cívico e cultural de reflexão e acção, que nos arranque ao comodismo e passividade em que estamos instalados.
Por um Outro Portugal!
Contribuidores
- Ana Moreira
- Ana Rodrigues
- Bernardo Almeida
- Dr Carlos Gonçalves
- Duarte D. Braga
- Duarte
- Estudo Geral
- Fernando Emídio
- Gil
- Glimpse
- Helena Caetano
- Isabel Rosete
- Isabel Santiago
- João Beato
- João Lopes Aguiar
- José Magalhães
- Luís Miguel Dantas
- Luis Resina
- Luis Resina
- MJC
- Margarida
- Maria de Lourdes Teixeira Puga Alvarez
- Maribel Sobreira
- Maurícia Teles da Silva
- Minda
- Moysés
- P.F. Antunes
- Paulo Borges
- Pedro Miguel Estrela
- Pedro Paz
- Pedro Sena
- Rui Matoso
- Rute Pinheiro
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