Feliz 2011 ! Repleto de realizações !
" Um primeiro passo... um longo caminho... um desafio... uma oportunidade...e um pensamento..."
Mensagem de Fim de Ano 2010 - Feliz 2011 !
"Se, desde o 25 de Abril de 1974, o Estado esteve, [...] ao serviço do cidadão, a partir de finais do século passado evidencia-se que, [...] o cidadão encontra-se ao serviço dos interesses do Estado."
Mais do que viver do passado religioso e marinheiro, como o Estado Novo o fez ao longo de 48 anos, Portugal alimenta-se do futuro desde o 25 de Abril de 1974; primeiro do futuro socialista, terra sem mal e exemplo paradigmático para a Europa em 1975, e, depois, desde 1980, ano do acordo de pré-adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, da ambição de sermos exclusivamente Europa, tão normais quanto qualquer outro cidadão europeu - isto é, "técnicos" assépticos, inodoros, incolores e, de preferência, sem opinião que não a do chefe. Porém, como Eduardo Lourenço teorizou desde a década de 80, tornámo-nos europeus no exacto momento em que este continente se abandonou a um plano inclinado decadentista, expressor de uma mortalidade anunciada a prazo, para o qual o federalismo mais sabe a uma necessidade de garantia de sobrevivência de povos fracos comandados por chefes janotas e espertotes do que a uma refundação do antigo poder imperial. Recentemente, o Estado Português, imitando a Europa durante escassos trinta anos, garantia saúde, educação, reforma e esforço de empregabilidade aos portugueses pobres. Sabem-se agora os portugueses conhecedores de uma outra Europa, a hidra decadentista que lhes corta maternidades, escolas e lhes suga a reforma. Esta é hoje a real ideia de Europa na mente dos portugueses, com excepção da elite de 5000 dirigentes do Estado, que continuam a visionar a Europa como terra do ouro e do mel, ambicionando fazer carreira numa das mordomias europeias. O actual Estado português constitui-se como a expressão ideológica e económica desta nova Europa que os portugueses pobres desconheciam, na qual este, o Estado mais do que garantia de direitos cívicos, exige do cidadão o estrito cumprimento de deveres técnicos - a sua democracia, mais do que formal, goza de um estatuto meramente aparente, confundindo-se o grau de liberdade do cidadão com o nível em que se instala na hierarquia financeira. Não existe democracia quando não existe uma "consciência e uma moral comuns", isto é, valores comunitários de partilha e de solidariedade como âmago da vivência social. Diferentemente, a nossa actual democracia é composta por jogos de interesses oligárquicos, de grupos, de baronatos, de pressões políticas e financeiras, orientados por técnicos arranjistas que costuram leis fragmentárias tendo em conta, não o Bem Comum, mas o resultado do conflito institucional entre o interesse financeiro do Estado e os interesses grupais emergentes.
Se, desde o 25 de Abril de 1974, o Estado esteve, melhor ou pior, ao serviço do cidadão, a partir de finais do século passado evidencia-se que, por necessidades financeiras do Estado, o processo foi invertido: o cidadão encontra-se ao serviço dos interesses do Estado.
Miguel Real, A Morte de Portugal, Campo das Letras, 2007, pp.23-24
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Publicada por Kunzang Dorje à(s) 18:31 0 comentáriosEtiquetas: Miguel Real, Portugal
Sejamos Natal
Para além de todas as demagogias,
Para além do politicamente correcto,
Para além de todas as hipocrisias,
Celebremos, finalmente, o Espírito do Natal
Em todos os momentos
Desta nossa existência, tão efémera.
Natal é Fraternidade, Solidariedade, Paz,
Amor e Alegria na Terra
E nos Corações dos Homens.
Natal é a apologia do autenticamente Humano,
Em toda a sua essência genuína
De Bondade e de Verdade.
Natal é o enaltecimento de um Mundo
Onde não haja mais lugar para a Crueldade,
Para a Violência ou para a Agressividade.
Natal é a reunião dos Corações sensíveis
Que lutam, desesperadamente, pela União dos
Povos e das Nações.
Natal é a rejeição da Discriminação,
Dos horrores da Guerra,
Da mutilação dos Corpos e das Almas.
Natal é a consciência da Miséria Humana,
O compromisso da sua superação,
O enaltecimento da Justiça e de todas as Uniões.
Natal é o triunfo do Bem e do Belo,
A glória de todos os Renascimentos,
A comemoração da Dignidade Humana.
Natal é a benção do sempre Novo,
O louvor de todo o acto de Criação,
De Renovação e de Regeneração.
Sejamos Natal,
Hoje, sempre,
Para sempre.
Isabel Rosete
Sugestão de leitura:
http://isabelrosetevozes.blogspot.com/
Saudações poéticas,
IR
Pré-conteito(s) II
O turbilhão intelectual
Dos mente-captos,
Promovem;
Os maquiavélicos desígnios
Dos tiranos,
Alimentam,
Sob o corrosivo dogmatismo,
Que as fímbrias do fanatismo
Enaltece
E o espírito crítico
Adormece.
Isabel Rosete
--
Pré-conceito(s) III
Em seu nome matam-se
Os Povos inocentes,
Destrói-se a Diversidade,
Aniquila-se a Autonomia,
Esmaga-se a Igualdade,
Extermina-se a singular
Especificidade das gentes,
Imperativamente caladas,
Cobardemente açoitadas,
Lançadas nas valetas
Da Vida perdida,
Nos limiares da Morte
Das almas petrificadas.
Isabel Rosete
---
Pré-conceitos(s) IV
Deflagradores da essência humana
Movem-se
Neste Mundo de Pó e Miséria.
Insultos degenerativos,
Atentados hiperbólicos
A todas as formas de inteligência;
Traços da pobreza mental
Dos que olham,
Mas não vêm;
Pedaços do ruído de-formado
Dos que ouvem,
Mas não escutam;
Fios da cegueira opaca,
Dos que caminham
Em linha recta;
Manifestações da podridão
Do Mundo
Que não se apressa;
Degenerações contaminadas,
Que o Universo
Mobilizam;
Calcanhar(es) de Aquiles
De todas as revoluções,
Cegamente amputadas
Pelas ideologias unilaterais,
Que as divergências
Proíbem;
Amantes da hipocrisia,
Da falsa moral,
Do aparente puritanismo;
Parceiros da demagogia,
Camuflada,
Dos homens do Poder;
Pares da propaganda
Enganosa
Dos falsos revolucionários,
Que a Humanidade ilusoriamente
Encantam e não enobrecem.
Isabel Rosete
---
Nota: Como podem reparar, estes pensamentos têm uma grande dose de inspiração em Saramago. Foram escritos, aliás, em 07/03/08, aquando da minha leitura dessa sua obra magistral, a maior do autor, assim o considero na minha modesta classificação, intitulada "Ensaio sobre a Cegueira".
Podem ler-se, embora sobre outra versão, em "Vozes do Pensamento".
Um abraço para todos,
Isaabel Rosete
1 de Dezembro - Dia da Interindependência
Nunca houve nações independentes. Todas foram, são e serão interdependentes, ou, quando muito "interindependentes", como gostava de dizer, de nós todos, Raimon Pannikar.
Todavia, nesta interindependência, há que assumir a responsabilidade de a gerir, orientando-a na melhor direcção possível para todos. Sem uma ideia e um projecto não existe uma comunidade, uma nação, um povo. Mas essa ideia, esse projecto, devem ser hoje trans-nacionais, gerando um novo sentimento de comunidade: para além das diferenças nacionais, culturais e linguísticas, a comunidade daqueles que visam um mundo melhor para todos os interindependentes e se decidem a realizá-lo desde já nas suas vidas, sem esperar pelo Estado, sempre ocupado com o que menos importa.
É este o projecto de um Outro Portugal, dimensionado à escala planetária, que se especialize no universal, no abraço ao mundo e a todos os seres vivos.
É este o Portugal que urge fundar, por sobre as ruínas do velho Portugal e do velho mundo que agonizam.
Valete, Fratres!
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Publicada por Paulo Borges à(s) 11:15 0 comentáriosEtiquetas: Outro Portugal, universalismo
Mensagem de Fim de Ano 2010 - Feliz 2011 !
" Um primeiro passo... um longo caminho... um desafio... uma oportunidade...e um pensamento..."
"Se, desde o 25 de Abril de 1974, o Estado esteve, [...] ao serviço do cidadão, a partir de finais do século passado evidencia-se que, [...] o cidadão encontra-se ao serviço dos interesses do Estado."
Mais do que viver do passado religioso e marinheiro, como o Estado Novo o fez ao longo de 48 anos, Portugal alimenta-se do futuro desde o 25 de Abril de 1974; primeiro do futuro socialista, terra sem mal e exemplo paradigmático para a Europa em 1975, e, depois, desde 1980, ano do acordo de pré-adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, da ambição de sermos exclusivamente Europa, tão normais quanto qualquer outro cidadão europeu - isto é, "técnicos" assépticos, inodoros, incolores e, de preferência, sem opinião que não a do chefe. Porém, como Eduardo Lourenço teorizou desde a década de 80, tornámo-nos europeus no exacto momento em que este continente se abandonou a um plano inclinado decadentista, expressor de uma mortalidade anunciada a prazo, para o qual o federalismo mais sabe a uma necessidade de garantia de sobrevivência de povos fracos comandados por chefes janotas e espertotes do que a uma refundação do antigo poder imperial. Recentemente, o Estado Português, imitando a Europa durante escassos trinta anos, garantia saúde, educação, reforma e esforço de empregabilidade aos portugueses pobres. Sabem-se agora os portugueses conhecedores de uma outra Europa, a hidra decadentista que lhes corta maternidades, escolas e lhes suga a reforma. Esta é hoje a real ideia de Europa na mente dos portugueses, com excepção da elite de 5000 dirigentes do Estado, que continuam a visionar a Europa como terra do ouro e do mel, ambicionando fazer carreira numa das mordomias europeias. O actual Estado português constitui-se como a expressão ideológica e económica desta nova Europa que os portugueses pobres desconheciam, na qual este, o Estado mais do que garantia de direitos cívicos, exige do cidadão o estrito cumprimento de deveres técnicos - a sua democracia, mais do que formal, goza de um estatuto meramente aparente, confundindo-se o grau de liberdade do cidadão com o nível em que se instala na hierarquia financeira. Não existe democracia quando não existe uma "consciência e uma moral comuns", isto é, valores comunitários de partilha e de solidariedade como âmago da vivência social. Diferentemente, a nossa actual democracia é composta por jogos de interesses oligárquicos, de grupos, de baronatos, de pressões políticas e financeiras, orientados por técnicos arranjistas que costuram leis fragmentárias tendo em conta, não o Bem Comum, mas o resultado do conflito institucional entre o interesse financeiro do Estado e os interesses grupais emergentes.
Se, desde o 25 de Abril de 1974, o Estado esteve, melhor ou pior, ao serviço do cidadão, a partir de finais do século passado evidencia-se que, por necessidades financeiras do Estado, o processo foi invertido: o cidadão encontra-se ao serviço dos interesses do Estado.
Miguel Real, A Morte de Portugal, Campo das Letras, 2007, pp.23-24
Para além de todas as demagogias,
Para além do politicamente correcto,
Para além de todas as hipocrisias,
Celebremos, finalmente, o Espírito do Natal
Em todos os momentos
Desta nossa existência, tão efémera.
Natal é Fraternidade, Solidariedade, Paz,
Amor e Alegria na Terra
E nos Corações dos Homens.
Natal é a apologia do autenticamente Humano,
Em toda a sua essência genuína
De Bondade e de Verdade.
Natal é o enaltecimento de um Mundo
Onde não haja mais lugar para a Crueldade,
Para a Violência ou para a Agressividade.
Natal é a reunião dos Corações sensíveis
Que lutam, desesperadamente, pela União dos
Povos e das Nações.
Natal é a rejeição da Discriminação,
Dos horrores da Guerra,
Da mutilação dos Corpos e das Almas.
Natal é a consciência da Miséria Humana,
O compromisso da sua superação,
O enaltecimento da Justiça e de todas as Uniões.
Natal é o triunfo do Bem e do Belo,
A glória de todos os Renascimentos,
A comemoração da Dignidade Humana.
Natal é a benção do sempre Novo,
O louvor de todo o acto de Criação,
De Renovação e de Regeneração.
Sejamos Natal,
Hoje, sempre,
Para sempre.
Isabel Rosete
O turbilhão intelectual
Dos mente-captos,
Promovem;
Os maquiavélicos desígnios
Dos tiranos,
Alimentam,
Sob o corrosivo dogmatismo,
Que as fímbrias do fanatismo
Enaltece
E o espírito crítico
Adormece.
Isabel Rosete
--
Pré-conceito(s) III
Em seu nome matam-se
Os Povos inocentes,
Destrói-se a Diversidade,
Aniquila-se a Autonomia,
Esmaga-se a Igualdade,
Extermina-se a singular
Especificidade das gentes,
Imperativamente caladas,
Cobardemente açoitadas,
Lançadas nas valetas
Da Vida perdida,
Nos limiares da Morte
Das almas petrificadas.
Isabel Rosete
---
Pré-conceitos(s) IV
Deflagradores da essência humana
Movem-se
Neste Mundo de Pó e Miséria.
Insultos degenerativos,
Atentados hiperbólicos
A todas as formas de inteligência;
Traços da pobreza mental
Dos que olham,
Mas não vêm;
Pedaços do ruído de-formado
Dos que ouvem,
Mas não escutam;
Fios da cegueira opaca,
Dos que caminham
Em linha recta;
Manifestações da podridão
Do Mundo
Que não se apressa;
Degenerações contaminadas,
Que o Universo
Mobilizam;
Calcanhar(es) de Aquiles
De todas as revoluções,
Cegamente amputadas
Pelas ideologias unilaterais,
Que as divergências
Proíbem;
Amantes da hipocrisia,
Da falsa moral,
Do aparente puritanismo;
Parceiros da demagogia,
Camuflada,
Dos homens do Poder;
Pares da propaganda
Enganosa
Dos falsos revolucionários,
Que a Humanidade ilusoriamente
Encantam e não enobrecem.
Isabel Rosete
---
Nota: Como podem reparar, estes pensamentos têm uma grande dose de inspiração em Saramago. Foram escritos, aliás, em 07/03/08, aquando da minha leitura dessa sua obra magistral, a maior do autor, assim o considero na minha modesta classificação, intitulada "Ensaio sobre a Cegueira".
Podem ler-se, embora sobre outra versão, em "Vozes do Pensamento".
Um abraço para todos,
Isaabel Rosete
1 de Dezembro - Dia da Interindependência
Nunca houve nações independentes. Todas foram, são e serão interdependentes, ou, quando muito "interindependentes", como gostava de dizer, de nós todos, Raimon Pannikar.
Todavia, nesta interindependência, há que assumir a responsabilidade de a gerir, orientando-a na melhor direcção possível para todos. Sem uma ideia e um projecto não existe uma comunidade, uma nação, um povo. Mas essa ideia, esse projecto, devem ser hoje trans-nacionais, gerando um novo sentimento de comunidade: para além das diferenças nacionais, culturais e linguísticas, a comunidade daqueles que visam um mundo melhor para todos os interindependentes e se decidem a realizá-lo desde já nas suas vidas, sem esperar pelo Estado, sempre ocupado com o que menos importa.
É este o projecto de um Outro Portugal, dimensionado à escala planetária, que se especialize no universal, no abraço ao mundo e a todos os seres vivos.
É este o Portugal que urge fundar, por sobre as ruínas do velho Portugal e do velho mundo que agonizam.
Valete, Fratres!
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Manifesto
Aqui se apresenta a proposta de um cidadão português que, no decurso da sua docência universitária, obra publicada e intervenção cultural, tem seguido com interesse e preocupação os rumos recentes de Portugal e do mundo. Convicto de que urge refundar Portugal, eis uma lista de prioridades para o país e o mundo melhor a que temos direito e que todos temos o dever de construir. Agradecem-se os contributos críticos, de modo a que a proposta se aperfeiçoe e complete e sirva de plataforma para a discussão pública e a intervenção cultural e cívica que visa, pelos meios que se verificarem ser os mais oportunos.
I – Portugal é uma nação que, pela diáspora planetária da sua história e cultura, pela situação geográfica e pela língua, com 240 milhões de falantes em toda a comunidade lusófona, tem a potencialidade de ser uma nação cosmopolita, uma nação de todo o mundo, que estabeleça pontes, mediações e diálogos entre todos os povos, culturas e civilizações. Este perfil vocaciona-nos para o cultivo dos valores mais universalistas, promovendo o diálogo com todas as culturas mundiais. Os valores mais universalistas são aqueles que promovam o melhor possível para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, visando não apenas o bem da espécie humana, mas também a preservação da natureza e do bem-estar de todas as formas de vida animal, como condição da própria qualidade e dignidade da vida humana.
II – O nosso potencial universalista tem sido sistematicamente ignorado pelas nossas orientações governativas, desde a época dos Descobrimentos até hoje. Se no passado predominou a pretensão de dilatar a Fé e o Império, hoje predomina a sujeição da nação aos novos senhores do mundo, as grandes esferas de interesses político-económicos. Portugal está ao serviço da globalização de um paradigma de desenvolvimento económico-tecnológico que explora desenfreadamente os recursos naturais e instrumentaliza homens e animais, donde resulta um enorme sofrimento, um fosso crescente entre homens, classes, povos e nações, a redução da biodiversidade e o arrastar do planeta para uma crise sem precedentes.
III – A assunção do nosso potencial universalista implica uma reforma das mentalidades, com plena expressão ética, cultural, social, política e económica. Nesse sentido se propõem as seguintes medidas urgentes, que visam implementar entre nós um novo paradigma, convergente com as melhores aspirações humanas e com os grandes desafios deste início do século XXI:
1 – Portugal deve dar prioridade absoluta a um desenvolvimento económico sustentado, que salvaguarde a harmonia ecológica e o bem-estar da população humana e animal. A Constituição da República Portuguesa deve consagrar a senciência dos animais – a sua capacidade de sentir dor e prazer - e o seu direito à vida e ao bem-estar. Portugal deve aprender com a legislação das nações europeias mais evoluídas neste domínio, adaptando-a à realidade nacional.
2 – Portugal deve ensaiar modelos de desenvolvimento alternativos, que preservem e promovam a diversidade cultural, biológica e ecoregional. Há que promover a sustentabilidade económica do país, desenvolvendo as economias locais. Devem-se substituir quanto possível as energias não-renováveis (petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear), por energias renováveis e alternativas (solar, eólica, hidráulica, marmotriz, etc.), superando o paradigma, a vulnerabilidade e as dependências de uma economia baseada no petróleo e nos hidrocarbonetos. Deve-se particularmente explorar as potencialidades energéticas dos nossos mais de 900 km de costa.
3 - Devem-se ensaiar formas de organização económica cujo objectivo fundamental não seja apenas o lucro financeiro. Deve-se assegurar o predomínio da ética e da política sobre a economia, de modo a que a produção e distribuição da riqueza vise o bem comum do ecossistema e dos seres vivos, a satisfação das necessidades básicas dos homens e a melhoria geral da sua qualidade de vida, bem como o acesso de todos à educação e à cultura.
4 - Deve-se investir num programa pedagógico de redução das necessidades artificiais que permita oferecer alternativas ao produtivismo e consumismo, fazendo do trabalho e do desenvolvimento económico não um fim em si, com o inevitável dano da harmonia ecológica, da biodiversidade e do bem-estar de homens e animais, mas um mero meio para a fruição de um crescente tempo livre de modo mais gratificante e criativo. Deve-se fiscalizar mais rigorosamente o crédito ao consumo, de forma a evitar o crescente endividamento das famílias.
5 – Há que criar um serviço público de saúde eficiente e acessível a todos, que inclua a possibilidade de optar por medicinas e terapias alternativas, de qualidade e eficácia comprovada, como a homeopatia, a acupunctura, a osteopatia, o shiatsu, o yoga, a meditação, etc. Estas opções, bem como os medicamentos naturais e alternativos, devem ser igualmente comparticipadas pelo Estado.
6 – Importa informar e sensibilizar a população para os efeitos nocivos de vários hábitos alimentares - nomeadamente o consumo excessivo de carne - , para o meio ambiente, a saúde pública e o bem-estar de homens e animais. Sendo uma das principais causas do aquecimento global, do esgotamento dos recursos naturais e do sofrimento dos animais, há que restringir e criar alternativas à agropecuária intensiva. Deve-se divulgar a possibilidade de se viver saudavelmente com uma alimentação não-carnívora, vegetariana ou vegan e devem-se reduzir os impostos sobre os produtos de origem natural e biológica.
7 - Portugal, a par do desenvolvimento económico sustentado, deve investir sobretudo nos domínios da saúde, da educação e da cultura, não só tecnológica, mas filosófica, literária, artística e científica. O Orçamento do Estado deve reflectir isso, reduzindo os gastos com a Defesa, o Exército e as obras públicas de fachada. Urge moralizar e reduzir os salários e reformas de presidentes, ministros, deputados e detentores de cargos na administração pública e privada, a par do aumento dos impostos sobre os grandes rendimentos.
8 - Redignificar, com exigência, os professores e todos os profissionais ligados à educação e à cultura. A educação e a cultura não devem estar dependentes de critérios economicistas e das flutuações do mercado de emprego. Os vários níveis de ensino visarão a formação integral da pessoa, não a sacrificando a uma mera funcionalização profissional. A par disto, há que sensibilizar as famílias para não abandonarem as crianças em frente dos computadores e dos maus programas de televisão. A televisão pública deve melhorar o seu nível, investindo mais em programas de informação e formação.
Nos vários níveis de ensino deve ser introduzida uma disciplina que sensibilize para o respeito pela natureza, a vida humana e a vida animal, bem como outra que informe sobre a diversidade de paradigmas culturais, morais e religiosos coexistentes nas sociedades contemporâneas. Nos mesmos níveis de ensino deve estar presente a cultura portuguesa e lusófona, bem como as várias culturas planetárias. Um português culto e bem formado deve ter uma consciência lusófona e universal, não apenas europeia-ocidental.
A meditação, com benefícios científicamente reconhecidos - quanto ao equilíbrio e saúde psicofisiológicos, ao aumento da concentração e da memória, à melhoria na aprendizagem, à maior eficiência no trabalho e à harmonia nas relações humanas - , deve ser facultada em todos os níveis dos currículos escolares, em termos puramente laicos, sem qualquer componente religiosa.
9 - Portugal deve assumir-se na primeira linha da defesa dos direitos humanos e dos seres vivos em todos os pontos do planeta em que sejam violados, sem obedecer a pressões políticas ou económicas internacionais. Portugal deve ser um lugar de bom acolhimento para todos os emigrantes e estrangeiros que o procurem para trabalhar e viver.
10 – Portugal deve aprofundar as relações culturais, económicas e políticas com as nações de língua portuguesa, incluindo a região da Galiza, Goa, Damão, Diu, Macau e os outros lugares da nossa diáspora onde se fala o português, sensibilizando a comunidade lusófona para as causas universais, ambientais, humanitárias e animais.
11 - Portugal deve promover a Lusofonia e os valores universalistas da cultura portuguesa e lusófona no mundo, dando o seu melhor exemplo e contributo para converter a sociedade planetária na possível comunidade ético-cultural e ecuménica visada entre nós por Luís de Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. Portugal deve assumir-se como um espaço multicultural e de convivência com a diversidade, um espaço privilegiado para o tão actual desafio do diálogo intercultural e inter-religioso, alargado ao diálogo entre crentes e descrentes. Deve precaver-se contudo de tentações neo-imperialistas e de qualquer nacionalismo lusófono ou lusocêntrico. A Lusofonia não deve abafar outras línguas e culturas que existam no seu espaço.
12 - Verifica-se haver em Portugal e na Europa em geral uma grave crise de representação eleitoral, patente na elevada abstenção e descrédito dos políticos, dos partidos e da política, os quais, segundo a opinião geral, apenas promovem o acesso ao poder de indivíduos e grupos que sacrificam o bem comum a interesses pessoais e particulares, com destaque para os das grandes forças económicas. As eleições são assim sistematicamente ganhas por representantes de minorias, relativamente à totalidade dos cidadãos eleitores, que governam isolados da maioria real das populações, que os consideram com alheamento, desconfiança e desprezo, tornando-se vítimas passivas das suas políticas. O actual sistema eleitoral também não promove a melhor justiça representativa, não facilitando a representação de uma maior diversidade de forças políticas e limitando-a às organizações partidárias, o que contribui para a instrumentalização do aparelho de Estado, dos lugares de decisão político-económica e da comunicação social pelos grandes partidos.
Esta é uma situação que compromete seriamente a democracia e que a história ensina anteceder todas as tentativas de soluções ditatoriais. Há que regenerar a democracia em Portugal, reformando o estado e o sistema eleitoral segundo modelos que fomentem a mais ampla participação e intervenção política da sociedade civil, facilitando a representação de novas forças políticas e possibilitando que cidadãos independentes concorram às eleições. Deve-se recuperar a tradição municipalista portuguesa e promover uma regionalização e descentralização administrativa equilibradas, assegurando mecanismos de prevenção e controlo dos despotismos locais.
Há que colocar a política ao serviço da ética e da cultura e mobilizar a população para a intervenção cívica e política em torno dos desafios fundamentais do nosso tempo, com destaque para a protecção da natureza, o bem-estar dos seres vivos e uma nova consciência planetária. Há que mobilizar os cidadãos indiferentes e descrentes da vida política, a enorme percentagem de abstencionistas e todos aqueles que se limitam a votar, para a responsabilidade de reflectirem, discutirem e criarem o melhor destino a dar à nação. Há que, dentro dos quadros democráticos e legais, promover formas alternativas de intervenção cultural, social e cívica, que permitam antecipar tanto quanto possível a realidade desejada, sem depender dos poderes instituídos.
Convicto de que estas medidas permitirão que Portugal recupere o pioneirismo e criatividade que o caracterizou no impulso dos Descobrimentos, mas agora sem escravizar e explorar outros povos, apelo a que todos dêem o vosso contributo para a discussão, aperfeiçoamento e divulgação deste Manifesto. De todos nós depende que ele se constitua na plataforma de um movimento cívico e cultural de reflexão e acção, que nos arranque ao comodismo e passividade em que estamos instalados.
Por um Outro Portugal!
Contribuidores
- Ana Moreira
- Ana Rodrigues
- Bernardo Almeida
- Dr Carlos Gonçalves
- Duarte D. Braga
- Duarte
- Estudo Geral
- Fernando Emídio
- Gil
- Glimpse
- Helena Caetano
- Isabel Rosete
- Isabel Santiago
- João Beato
- João Lopes Aguiar
- José Magalhães
- Luís Miguel Dantas
- Luis Resina
- Luis Resina
- MJC
- Margarida
- Maria de Lourdes Teixeira Puga Alvarez
- Maribel Sobreira
- Maurícia Teles da Silva
- Minda
- Moysés
- P.F. Antunes
- Paulo Borges
- Pedro Miguel Estrela
- Pedro Paz
- Pedro Sena
- Rui Matoso
- Rute Pinheiro
- Sérgio Mago
- aluzdascasas
- ana
- castus
- ethel
- jads
- lurdes
- maria alvarez
- paula